google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
O André Dantas escreveu sobre a resolução do CONAMA, dos espertos fazedores de leis de nossa pobre Nação, que dá o pontapé final na absoluta inviabilização do uso do carro particular na cidade de São Paulo. O ótimo texto dele está aqui.
Essa inviabilização, entendam bem, é da liberdade de ir e vir em qualquer dia, hora e por qualquer caminho que o cidadão deseje, já aniquilada em parte pelo decreto do rodízio municipal de placas, uma pequena ditadura com a qual convivemos há muitos anos.
Há muito tempo venho observando tudo que me cerca, e as crescentes dificuldades em ser cidadão honesto e que faz tudo dentro dos ditos "conformes": condominio pago em dia, taxas e impostos sem problemas, carros com manutenção decente, filho em escola particular, compras pagas quase sempre à vista, limitando muito o que temos em casa, já que parcelas e financiamentos, além de discursos de gerentes de bancos, me dão arrepios.
Contra essa minha corrente, minoritária eu sei, está a maioria que troca seus bens a qualquer momento e por qualquer motivo. Carros mais novos, com novas cores e emblemas mais coloridos, a "vantagem" do motor flexível em combustível, a televisão de plasma, de LCD, de LED, o celular que fala, escuta, fotografa, filma, manda e-mail, faz o almoço, etc. e um sem número de etceteras.
Voltamos à inspeção veicular de emissões de poluentes.
Os números mostrados pelo André dizem muita coisa, e o advento do carro velho que anda de qualquer jeito já pode ser verificado há muitos anos na periferia da capital paulista. Há uma migração de carros usados que vão ficando baratos, para os bairros e cidades da Grande São Paulo. Um exemplo que tenho bem claro é Ferraz de Vasconcellos, local onde visitava frequentemente. Há cerca de 10 anos, contei num trecho de 8 km entre a casa de um familiar e a rodovia Ayrton Senna, mais de 60 Fuscas, carro que já era minoria em São Paulo. As lojas de usados eram um espetáculo a parte, com todos os modelos que usávamos na década de 80 e 90 à disposição, em vários estados de conservação.
O Plano Macabro.
Pela observação e conversa com pessoas de vários níveis econômicos e culturais, eu enxergo um plano dos governos (municipais, estaduais e federais), obviamente não divulgado, que tem os seguintes tópicos :
1- pão e circo ao povo, para que se alimente e se divirta o máximo possível, e não tenha vontade de se informar nem de estudar.
2- sem informação, permanece-se ignorante, e gera-se descendentes igualmente marginalizados na informação, e sem gosto para o estudo.
3- facilidade para financiamentos de qualquer produto, e temos os planos de dezenas de meses para se comprar um carro novo. Os governos lucram em todas as extremidades dessa cadeia de produção e vendas de carros, passando pelos licenciamentos, inspeções, seguros, multas e tudo mais. Sabe-se que o carro novo é o maior desejo imediato da mairoria das pessoas.
4- facilidade para se conseguir a Carteira Nacional de Habilitação sem saber dirigir, como todos aqui sabemos.
5- insegurança total para a população, através de polícias pequenas em tamanho e equipamento, o que gera mais lucros através de contratação de serviços de segurança para casa, para a rua em que se mora, para o local de trabalho, seguro para casa, para carros, para tudo que se imaginar. Mais lucros para os governos, já que todos esses serviços recolhem impostos.
6- falta de fiscalização completa de preços de serviços como estacionamento, oficinas e similares onde o dono do estabelecimento fatura o quanto quer, sem que ninguém controle ou limite o valor a ser pago.
7- propaganda massiva de aparência de carros, sem fundos de verdade ou explicações técnicas. Faz-se de tudo para despertar a ansiedade da compra baseada em botõezinhos e acessórios muitas vezes inúteis, além de posição de dirigir elevada, e nada é dito sobre qualidade de peças de desgaste, procedência de pneus, amortecedores, ou outros componentes que fazem a alma e a qualidade de um carro.
8- somado a todas essas desgraças, as já comentadas multas e impostos, além dos rastreadores obrigatórios por lei, que no futuro, deverão medir a sua velocidade média em trechos, acabando de vez com o gosto e necessidade de uma maior velocidade do que a imposta pela sinalização. Seja por prazer, ou por motivo de saúde.
O quadro que temos é de cidades grandes cada vez mais entulhadas de carros novos, que pouco poluem, dirigidos por pessoas que mal sabem andar a pé, de motos barulhentas e irresponsavelmente conduzidas, de caminhões fumacentos que não tem caminhos melhores do que cortar essas cidades, de ônibus que entram em espaços onde cabe apenas um carro, de corredores de ônibus que atravancam o deslocamento dos carros, e por aí vai o quadro de infelicidades.
E o povo, se diverte com o circo e come o pão, com seu carro novo na garagem para o vizinho invejar e seu carnezinho na gaveta para pagar.
O panorama do futuro é macabro para quem gosta de carro.
Ou você entra para o rebanho escravo, ou será pregado na cruz dos fiéis ao entusiasmo automotivo.
Que a luz se faça.
JJ
Foto: Tiago Queiroz/AE

A foto acima, publicada no jornal O Estado de S. Paulo, é de novembro do ano passado. Nas últimas semanas de dezembro o litro do álcool deu outra disparada e agora beira os R$ 2,00.
Duvido muito que esse último aumento tenha algo a ver com entressafra, com chuvas ou com a disparada do preço do açúcar no mercado internacional. Duvido de qualquer fator que não a ganância: em época de festas, quase todo mundo pega o carro para viajar e os donos de postos resolveram garantir seus panetones em cima do consumidor.
É a velha Lei de Gérson, já que ainda é possível encontrar álcool a preços decentes em alguns postos confiáveis da capital. Como ninguém trabalha para ter prejuízo, não resta outra alternativa senão concluir que alguns postos quiseram mesmo ganhar um extra.
Os consumidores donos de carros flex, também adeptos da Lei de Gérson, com certeza nem perceberam que o álcool deixou de ser vantajoso frente à gasolina aqui em São Paulo. Para eles, basta tomar ciência e completar o tanque de seus onívoros com gasolina na volta do feriado. Na próxima semana tudo se normaliza e logo terão a falsa impressão de que tudo vai bem nesse país.
Para os donos de carros movidos apenas a álcool (como eu), resta apenas aceitar o fato de que somos uma espécie em extinção. Ainda que nossos carros sejam mais eficientes, a indústria caminha sem volta para a produção de "onívoros" com taxa de compressão baixa demais para o máximo aproveitamento do álcool.
Afinal de contas, o que importa é levar vantagem.

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Post bem mixuruca para ser o primeiro do ano!
Fonte: CREA/RS


Em silêncio, quase sem ninguém perceber, foi aprovada em outubro a resolução 418/09 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambeinte), extendendo a obrigatoriedade da inspeção veicular para todo território nacional, com amplo apoio da Prefeitura de São Paulo.
Em 2009, a Prefeitura de São Paulo tornou obrigatória a inspeção veicular somente para a frota metropolitana fabricada de 2003 em diante e de qualquer combustível -- no ano anterior já começara com os veículos a diesel --, através da lei municipal 14.717/08. Na mesma lei era estipulado o reembolso da taxa de inspeção.
Agora, sob as condições da obrigatoriedade da vistoria em nível nacional, dos custos do subsídio e da extensão da obrigatoriedade à toda frota, o prefeito Gilberto Kassab não só pode determinar o fim da devolução da taxa, dentro da prerrogativa já estabelecida dentro da a lei municipal 14.717/08, como estabeleceu um aumento no preço da taxa acima da inflação no período para as inspeções em 2010.
Colocando os devidos pontos nos "is", 2009 foi um ano de experiência.
Se, como tanto foi comentado na época, a Prefeitura tivesse determinado que os carros mais velhos fossem vistoriados, carros estes muito mais propensos a serem reprovados, de menor valor de revenda e com proprietários com menor poder aquisitivo, o índice de adesão seria significativamente menor.
Se não houvesse a devolução da taxa, a adesão seria ainda menor, e o risco da medida se tornar inócua seria enorme.
Para os donos dos carros seminovos o risco de reprovação era baixo e não representava mais uma conta a pagar, já que ele seria reembolsado.
Mas, apesar dos avisos dos problemas com o licenciamento em 2010 para quem não fizesse a inspeção em 2009, 22% da frota-alvo não fez a vistoria. Entre as motos, a grande maioria até 150 cm³, o índice é muito maior: 72% até o dia 30 de novembro.
E pagar para depois ser restituído era evidentemente uma armadilha. Se o prefeito tivesse determinado a gratuidade do serviço, seria diícil cobrar por ele agora. Do jeito como foi feito, basta agora suspender a devolução para instituir mais uma mordida no bolso do cidadão de São Paulo.
2009 foi um ano de calibração do sistema. A coisa fica séria a partir do ano que entra em menos de 24 horas.
Não é suficiente?
Pois já foi anunciado que o Big Brother das câmeras leitoras de placas usadas para multas automáticas de trânsito serão usadas também para multar aqueles que não fizerem a vistoria dentro do prazo.
É bom que se tenha em mente que o Brasil será sede de uma Copa do Mundo daqui a 4 anos e meio, e de uma Olimpíada em 6 anos e meio. Por obrigações assumidas, governos federal, estaduais e municipais investirão bilhões em obras para reestrutrar várias cidades importantes, e a fome arrecadatória estará mais voraz do que nunca.
São Paulo, além das obras em estádios e hotelaria, a locomoção pela cidade deverá ser facilitada. Porém, ao invés de investir em uma extensa reforma viária, será mais fácil solucionar o problema na base da canetada.
Assuntos esquecidos pelo público como a ampliação do rodízio municipal e pedágio urbano continuam mais vivos do que nunca na pauta dos políticos.
Agregue a isto a leitura automática de placas e a obrigatoriedade de ostentar um transponder para identificação automática de veículos, e teremos um sistema de arrecadação de multas em massa.
As medidas gradativamente estão inviabilizando o automóvel dentro de São Paulo.
Mas há um risco muito grande nesta estratégia.

Fonte: Pesquisa de imagens na internet

Entre os automóveis houve a não adesão à inspeção de 22% da frota mais nova e 78% da frota de motocicletas (que poluem muito mais que os automóveis).
Estas percentagens significativas, em sua maioria, são daqueles que não acreditaram na medida e deixaram seus veículos à margem da legalidade. Outros, porque modificaram seus carros a uma condição técnica e financeira irreversível para atender os requsitos exigidos durante a inspeção.
Isto considerando que são os veículos mais novos e com o reembolso da taxa, significa que algo entre 1 veículo a cada 4 da cidade de São Paulo não será licenciado.
Com as condições agora impostas, sem o reembolso da taxa e sobre a frota mais velha, estes números deverão piorar ainda mais. Talvez para 1 a cada 3.
Se tais números se realizarem, a medida pode se mostrar inválida.
Não há local suficiente para o estacionamento da terça parte da frota que seja apreendida. Se os veículos não forem apreendidos, circularão acumulando mais e mais multas, até que o valor seja inviável para pagamento diante do valor do automóvel.
Com a carteira de habilitação estourada em pontos e o veículo acumulando mais dívidas em multas do que seu valor, não haverá mais barreiras para que o motorista se mantenha sob a lei. Ao invés de um pesado sistema arrecadatório, teremos uma sistemática desobediência civil.
Este cenário abrirá a possibilidade real para uma ideia hipotética sobre a qual escrevo há 10 anos, a que chamei de "Chevelho".

Fonte: Pesquisa de imagens na internet

O "Chevelho" é aquele carro velho (não me refiro ao antigo, bem preservado), de baixíssimo valor de compra (há várias opções abaixo dos R$ 5.000,00), mas que pode ser posto para rodar diariamente sem grandes investimentos, e que deixará de pagar IPVA, seguro obrigatório, licenciamento, inspeção, multas, e quaisquer outros custos, além de não ter de respeitar rodízios e afim de não chamar a atenção de ladrões e assaltantes.
Esta prática pode se tornar vantajosa para muitos motoristas, já que o risco de ter o carro apreendido é mínimo, e mesmo que ele seja, o prejuízo diante do montante de multas será compensador.
Para evitar os pontos na carteira, há brechas legais que os despachantes conhecem muito bem para aplicar aos "Chevelhos".
Porém o prejuízo que o "Chevelho" trás para a cidade é líquido e certo.
Como ficou patente no México, lá se compram carros velhos dos Estados Unidos com dinheiro trocado, estes "Chevelhos" são os que quebram nas ruas e o dono simplesmente o abandona ali mesmo, pois consertá-lo sai mais caro que comprar outro. Também são os carros que mais poluem, os que mais causam acidentes e os que as autoridades mais tem problemas de fiscalizar, já que o preço deles é tão baixo que não compensa para o motorista legalizar sua propriedade. Estes carros se encontram no limbo que a própria lei criou.
Este é o possível caos que nossas autoridades podem estar preparando para o ano novo.
Ao Prefeito Kassab desejo um ano novo tão cheio de surpresas e de sorte quanto ele e seu secretariado está nos presenteando no momento.
E, dentro do possível, um Feliz Ano Novo aos demais leitores.