Em Buenos Airoes, o magnífico obelisco da Av. 9 de Julio, a mais larga do mundo
Neste domingo fui a Buenos Aires, mais um grupo de jornalistas, atendendo um convite da Volkswagen. Foi para assistirmos à cerimônia de lançamento da picape Amarok na fábrica VW localizada em General Pacheco, na Grande Buenos Aires. Sim, mas por que "Amargo regresso", título deste post?
Começa pela cerimônia citada, que teve a presença da presidente Cristina Kirchner. Se houvesse algo semelhante aqui, envolvendo o presidente do Brasil, teríamos que ser especialmente credenciados, com nome, RG, nome do pai e da mãe. Lá, nada disso. Muito menos inspeção com detector de metais para chegar perto da presidente.
Depois, preços. Entre o aeroporto internacional e o centro, paga-se dois pedágios. Um de 1 peso e outro de 3 pesos. Traduzindo em reais, 50 centavos e 1,50 real.
No segundo pedágio havia certo congestionamento e começou um buzinaço. Perguntei à agente de turismo que nos recepcionou o que era: protesto. Contra quê? Não estavam abrindo os pedágios, dando passagem livre com o intuito de acabar com o congestionamento na praça de pedágio, um lei recente lá. Uma lei que significa respeito ao cidadão. Não é como aqui, em que as leis são feitas contra quem sustenta esse bando de inúteis e em muitos casos, ladrões, os nossos parlamentares.
O curioso é que já escrevi há alguns anos na minha coluna do Best Cars que deveriam fazer isso aqui, pois o que se vê quando há grande movimento nas estradas é dar dó de quem está lá, na fila, e ódio dos exploradores das nossas estradas.
O preços da gasolina (sem álcool algum) têm sido comentados nos meios de comunicação, inclusive no post do AK sobre as
1000 Millas Sport, que ele acompanhou. A gasolina super, que equivale à nossa comum, (95 octanas RON) por R$ 1,35 o litro, mostra como estamos sendo roubados pela cadeias de produção e comercialização e pelo governo. E mostra também como o álcool só é viável devido ao preço artificialmente alto da gasolina. É ferro de todo lado.
Trânsito: velocidade em autoestrada, 130 km/h. Num via urbana de trânsito rápido, 100 km/h. Se você parar num semáforo, ao reiniciar a marcha dificilmente parará logo, pois lá onde verde existe, e há décadas. E antes de passar do vermelho ao verde, há o amarelo, como na Alemanha e na Suíça. Ninguém precisa ficar olhando para o sinal da transversal para antecipar a mudanca. E os semáforos não precisam de "tapa-olhos" nas lentes por esse motivo, triste invenção dos "ispertos" do trânsito para evitar que os gérsons da vida se adiantem ao verde.
Faixas de rolamento numeradas, como aqui, ainda por cima da esquerda para a direita como se no Brasil a mão fosse esquerda, nem pensar. Têm-se a impressão de estar na Europa, dado o tipo de pórticos e as indicações neles.
Buracos, piso irregular que mais parece campo de provas? Nem pensar. Lombadas, raras, mas têm o nome daqui mas que não é usado nem na sinalização oficial: ondulacões transversais. São exatamente isso na Argentina, ondulações para lembrar que ali se deve reduzir velocidade. Não as montanhas, os dejetos viários que temos aqui colocados em qualquer lugar e que para muitos moradores de ruas residenciais é o mais novo símbolo de status -- "minha rua tem lombada".
O Aeroporto Ezeiza está com cara de Europa e Estados Unidos. Já notaram o lixo que o de Guarulhos está? Enquanto esperava meu filho chegar para me buscar ontem à noite, estava observando. Sujo, visual feio, escuro. Pior, na faixa de pedestres que leva ao estacionamento seu semáforo emite um aviso sonoro quando dá verde, indicação de livre travessia, além de um mostrador com contagem de segundos (25). Se alguém souber para quê, me explique, porque para ajudar a cego é que não é. É o incômodo bib-bib-bip o tempo praticamente todo.
Estamos mesmo ferrados. No freeshop do aeroporto em Buenos Aires um pacote de Marlboro custa 14 doláres. Em Guarulhos, 24 dólares. "Apenas" 71% mais. O Brasil e os brasileiros estão mesmo com a doença de levar vantagem em preço. Haja vista o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que elevou o IPTU em 60%. Acabou-se de vez a vergonha. A solução para essa e outras mazelas? Formatar o "disco rígido" da nação. Mas isso fica para outro post.
(Atualizado em 31/12/09 às 17h00)