




Este último sábado, dia 17, fui ao X-treme, uma feira de carros modificados.
Apesar de que muitos dos estilos lá propostos não serem do meu gosto, gostei da feira. Gostei porque mesmo a tarde estando fria e garoenta o pavilhão da Imigrantes estava lotado de gente.
Ali havia uma ampla oferta do que muita gente gosta. Por exemplo, sonzeira. Não dou a mínima bola pra sonzeira num carro, mas muita gente dá, e na feira havia vários estandes de incríveis caixas de som, que, se todas fossem ligadas juntas, poriam tudo aquilo abaixo. Evitei algumas áreas por medo que me escorresse sangue dos ouvidos. Mas eu não significo nada e muita gente gosta e gasta com essas coisas e lá tinha o que há de melhor em sonzeira.
Gostei de uns Fuscas modificados, tipo hot, pois a versatilidade do Fusca aguça minha curiosidade. Sempre dá pra fazer um Fusca diferente. Um Fusca laranja com teto rebaixado estava bem legal, mas me decepcionei quando fui mexer na suspensão do bichinho e notei que ela estava bem travada, praticamente impossibilitada de humanamente andar com o carro. Esses caras são caprichosos e se bem orientados fariam um bom trabalho. O tempo há de ensiná-los, espero.
Na verdade só vi coisa pra empetecar e não vi nada, nenhum carro, nenhum estande, que tivesse algo para uma boa preparação de motor ou melhoria de suspensão, só “pioria”. Uma oficina de Santo André montou algumas suspensões com amortecedores inboard na horizontal, com alavancas pra lá e pra cá. Curioso, fui perguntar, mas também me decepcionei quando um sujeito lá em off me disse que nenhuma delas funcionava direito e que aquilo ali era mais pra inglês ver. Pneus tipo fita em rodas de mais de 20 polegadas é o sonho de muitos. Porque será que muita gente tem mania de sonhar errado? Ainda mais para quem mora em São Paulo, com ruas que mais parecem recém bombardeadas por chuvas de meteoros, andar com esse tipo de rodas é uma insensatez tremenda. Mas tem muita gente que insiste nessa insensatez. Ainda bem que não formam a maioria.
O Fernando Batistinha, amigo meu, ótimo piloto e restaurador/modificador, estava expondo oito carros. Todos impecáveis. Esse, além de ter o pai que é bom preparador de motores, sabe acertar a suspensão dos carrões americanos. Esse manja. Acho que os dele eram os únicos bons de guiar, os únicos que realmente tive vontade de guiar. Fora os dele, tive vontade de guiar um dragster lá de 3.600 cv e 400 mkgf de torque.
Gostei mesmo foi dos rat-hots. Acho animal esses carros todo enferrujados, ferros-velhos ambulantes, porta de couro, folga na direção, folga em tudo, motor V8 explosivo, alavanca de câmbio compridona, quinas cortantes pra todo lado. Isso é carro pra quem sabe se virar e guia qualquer coisa. Anti-tetânica no músculo e vamos lá.
Lá fora teve show. A equipe do Chico Louco barbarizou dando cavalos de pau incessantes. O cara é guerreiro; bota tração traseira em Gol Bolinha. Mete a serra pelas entranhas do carro, faz um túnel maluco ali e passa um eixo cardã de fora a fora e tá feita a tração traseira, incrivelmente sem que o carro rache ao meio no primeiro cavalo de pau. Além dos Gol tração traseira tinha Chevettinho e Omega 3 litros motor alemão. Nenhum tração dianteira. Tração dianteira não dá show.
Teve drifting da Drifting Company Brasil. O Eduardo, o “Fedido”, apelido dele, ia me levar pra andar com ele, mas na hora de começar foi uma confusão dos infernos e não achamos um capacete e acabei não indo e eles entraram lá e deram um bom show andando de lado. Tudo carro tração traseira, motor turbinado com mais de uns 300 cv, 4 cilindros, 16 v, diferencial travado como se fosse soldado, suspensão firmaça, frente pregada no chão com muita cambagem negativa. Os motores vão a mais de 9 mil rpm. Se um dia você for ver, cuidado, porque voa pedra pra tudo que é lado. Voa mesmo, to avisando.
Tinha um boy lá que tinha um Uno com um motor confuso pracaramba, todo colorido, e que cuspia labaredas de fogo. Só tirei uma foto boa dele e nessa não deu pra pegar a labareda e resolvi me mandar logo dali de perto.
Tinha umas modelos mulherão lá, de roupa tão justa que dava para ver seus órgãos internos se mexendo.
Mesmo, assim, gostei. Acho legal as pessoas se divertirem, e que o público estava se divertindo, isso estava. O X-treme oferece o que esse público quer e o faz bem.