google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)
Astão circulando na internet fotos do interior do novo carro da GM, o Agile.

Numa primeira impressão acho que o conjunto realmente ficou atraente. Mesmo a qualidade das fotos não sendo boa, dá para notar que a percepção de qualidade do interior melhorou. O design está interessante. Me parece mais rico e bem feito. A continuidade do desenho das portas com o painel demonstra a preocupação em se fazer algo atraente.

O ar-condicionado com mostrador digital contribui para essa percepção. Embora pela foto imagino que o ajuste da temperatura não seja automático, pois não existe indicação de temperatura no display.

O desenho do volante ficou muito bom. E a iluminação do display central com relógio, hodômetro e temperatura, em azul, também melhora a percepção, desde que a iluminação dos instrumentos acompanhe o azul.

Mas depois de um olhar mais atento posso fazer algumas observações sobre pontos que acho importantes.

A ergonomia do painel central poderia ser melhor. O rádio fica muito baixo, quase escondido. Todo o conjunto de acionamentos do rádio e ar-condicionado poderia ser compactado, trazendo o rádio mais para cima, mais próximo da linha de visão do motorista. E assim até aumentar o porta-trecos na frente do porta copos. Daria pra fazer isso sem diminuir o tamanho os comandos do A/C e aumentando os comandos do rádio, que são muito pequenos. Uma explicação para o design das fotos é que a GM optou por manter o posicionamento desses equipammentos conforme o modelo de origem, o Corsa anterior. Soluções como essa ajudam a manter os custos baixos e a viabilizar o projeto.

Outro ponto que ainda não digeri são os mostradores. Aqui hove muitas concessões de função em nome do estilo. As escalas, do velocímetro e conta-giros, são irregulares. Difíceis de olhar num primeiro momento. O ponteiro do conta-giros desce ao se aumentar a rotação. Intuitivamente esperamos que o ponteiro suba. Apesar de eu achar que dá para se acostumar com isso, acredito que função deva vir em primeiro lugar. No entanto, entendo que isso torna o desefio dos designers em inovar muito mais difícil.

De qualquer maneira, não acho que a maioria das pessoas vai se incomodar com isso. Muito reclamamos dos carros nacionais, mas nossa indústria é muito capaz, criativa e adaptada à nossa realidade. Eu pessoalmente prefiro apostar em modelos como o Agile, e fazer todas as críticas construtivas possíveis, a apostar em coreanos importados sabe-se lá como, ou nos ultramodernos e incompráveis como o City.


fonte: es.autoblog.com
mais fotos: argentinaautoblog.blogspot.com

Nota: na Argentina a GM fez um concurso onde as pessoas que enviarem fotos dos protótipos do Agile flagrados nas ruas concorrem a um Nintendo Wii - elnuevochevrolet.com


Esta é uma reflexão sobre o texto "SUICIDAS" do colega Bob Sharp.

O problema dos motoboys passa por uma cadeia de situações maior do que percebemos nas ruas. É isso que torna o problema ainda mais grave.

São Paulo é uma das maiores cidades do mundo, com uma das maiores frotas circulantes do planeta, mas que cresceu a partir de um pequeno núcleo urbano de forma explosiva e sem planejamento.

O resultado é uma cidade imensa com pouquíssimas artérias de tráfego rápido. Enquanto isso a frota circulante não para de crescer.

Hoje, congestionamentos e trânsito lento fazem parte do quadro cotidiano da cidade. Dependendo do horário, é mais rápido fazer uma viagem de ida e volta entre São Paulo e Campinas do que atravessar a cidade de ponta a ponta.

Mas a cidade é muito ativa, e a economia não pode esperar. Existem pequenas cargas e documentos que precisam sair de um lugar e chegar em outro a mais de uma dezena de quilômetros o mais rápido possível. As empresas e pessoas precisam disso e pagam por isso.
É esta oportunidade que faz aparecer empresas de entregas rápidas por todos os lados, e a motocicleta é a resposta para realizá-las rapidamente.

De um lado, o cliente paga para a mercadoria chegar com agilidade.
Do outro lado, tem um empresário que paga para quem se predispor a realizar o serviço o mais rápido possível. E nenhum dos dois se importa como o serviço é realizado.

Entre os dois, gente que se submete às condições de serviço na falta de opção melhor de emprego. Estes são os motoboys.

Ao longo de muitos anos, as empresas dos mais variados ramos de atividade, onde o trabalho oferece um fator severo de risco constante, perceberam que as pessoas têm a tendência de se acostumarem à presença constante do perigo, e se descuidam, facilitando a ocorrência do acidente.

Hoje, não só por obrigação da legislação trabalhista, mas por interesse das próprias empresas, os funcionários que realizam trabalhos perigosos são submetidos regularmente a cursos de reciclagem para que não baixem a guarda da sua segurança.

Mas esta não é a realidade dos motoboys.

O cliente paga para quem entregar mais rápido. O empresário paga mais para o motoboy que fizer mais entregas.

Se o motoboy andar de forma segura, vai andar mais devagar. As entregas demorarão pra serem concluídas e ele fará menos entregas. O cliente não vai gostar do serviço e vai pressionar o empresário, e a pressão será repassada multiplicada para o motoboy.

Então, mal começa a trabalhar, e o motoboy já se vê pressionado a deixar a segurança de lado tanto pelo lado do empresário como pelo lado do cliente.

Num ambiente que incentiva o desprezo pela segurança a favor da agilidade de serviço, não só o motoboy se submete, como assume isso com naturalidade e passa a defender essa condição.

O fator competitivo agrava ainda mais a situação. Quem entrega mais rápido entrega mais, e quem entrega mais ganha mais. Não só isto gera competição entre empresas de entregas, como gera competição entre os motoboys, tanto de empresas concorrentes como de colegas de trabalho.

A pressão para ser o mais rápido é absoluta sobre o motoboy.

Muitas empresas de entregas por motocicletas não são oficiais, e os motoboys trabalham sem carteira de trabalho assinada.

Se um motoboy se acidenta, a empresa manda outro motoboy pegar as cargas na moto acidentada e terminar as entregas, e no dia seguinte tem outro motoboy trabalhando no lugar do acidentado.

Enquanto isso, o motoboy acidentado não possui qualquer amparo trabalhista enquanto se recupera, nem tem certeza se ainda terá um lugar pra voltar quando se recuperar.

Um motoboy acidentado representa pouco prejuízo para o empresário. Isto estimula o empresário a cobrar a imprudência de seus motoboys.

Muitas destas empresas exigem que o motoboy possua a própria moto. Estas empresas pagam mais, porém o motoboy é obrigado a tirar do que ganha os custos com abastecimento e manutenção da própria moto.

Se a moto quebra, o motoboy fica parado se não tiver outra reserva, e durante o tempo de reparo ele não recebe e ainda tem outro trabalhando em seu lugar.

No trânsito, o automóvel é um obstáculo que pode atrapalhar, e o motorista é um inimigo que pode se mostrar letal.

Circular com o dedo no botão da buzina é a forma do motoboy obrigar os automóveis a abrirem passagem, e aquele que se meter a não respeitar pode ter uma lanterna quebrada ou um retrovisor arrancado para “aprender onde é seu lugar”.

Não há motorista que não se irrite com esta situação. Muitos motoboys reconhecem esta situação quando eles próprios estão ao volante.

Alguns motoristas podem ficar tão irritados com a atitude agressiva de um motoboy que passe por eles, que podem ir à forra na próxima motocicleta que for passar.

Competitivos entre si no trabalho, os motoboys tornam-se muito unidos contra um inimigo comum.

Um motorista que cause um acidente com um motoboy pode se encontrar em sérios apuros com seus colegas de profissão.

Tudo isso cria um ambiente mais tenso e violento no tráfego da cidade.

Não adianta falar em cursos de segurança e reciclagem para motoboys como solução isolada para o problema, porque eles são apenas o elo visível de toda uma cadeia.

A situação para eles e para o trânsito em geral só vai mudar quando toda esta cadeia for transformada.

É preciso que as empresas de entregas saiam da ilegalidade e da informalidade e se regularizem.

É preciso que elas mantenham os motoboys como funcionários devidamente registrados e com todos os direitos trabalhistas garantidos.

É preciso que os clientes se conscientizem e só usem serviços de empresas responsáveis e comprometidas com a segurança dos seus funcionários, mesmo que o serviço fique mais caro e não seja tão prontamente atendido.

Só então é que os cursos de segurança e reciclagem farão algum sentido para os motoboys.

Talvez essas medidas não sejam totalmente eficazes, exigindo outras.
Porém, enquanto todo o quadro não for alterado, os motoboys continuarão presos à corrente do suicídio. E nós, junto com eles.

Dia desses estava observando o comportamento dos motoboys, embora houvesse outros motociclistas no pedaço. Foge à compreensão de qualquer pessoa normal o comportamento desses usuários de veículos de duas rodas no trânsito, especialmente da cidade onde resido, São Paulo.

A impressão que dá é que a maioria é suicida, ainda que inconsciente. A maneira como passam entre os carros parados ou andando, a velocidade relativa entre as motos e os carros absurdamente alta corrobora o que acho. Não é possível tanta burrice.

Fui motociclista durante muitos anos e de vez em quando dou umas voltas para avaliação. Sempre passei entre carros usando a agilidade da motocicleta pela sua parca largura, mas sem nunca fazê-lo a não ser com extrema cautela, com diferença de velocidade de no máximo 20 km/h entre eu e os carros. É o que o bom senso manda.

Será que não pensam que alguém pode estar atravessando a rua, mesmo que seja uma via de trânsito rápido? Será que não imaginam que alguém pode abrir uma porta de repente?

O pior é que é um quadro no qual não vejo volta. Termos 1,3 morto e 25 feridos por dia, com remoção. E carnificina inequívoca. Tem que ser posto um freio nela.

BS

Foto: pitstopbrasil@wordlpress.com

Neste exato momento estou lendo o livro de contos do Arnaldo Keller. Acabei de ler "Um Maserati 300 S a ser acertado" e posso afirmar com certeza absoluta que foi uma das melhores histórias que já tive oportunidade de ler. Mais uns dois livros desses e o AK já pode se candidatar a uma cadeira na Academia Paulista de Letras.

No conto citado, o protagonista vai até Buenos Aires em uma Harley Sportster 883. Neste exato momento me lembrei de um dos meus sonhos de consumo não realizados: a Harley Sportster Sport 1200.

Vi essa maravilha pela primeira vez em 1997, uma das primeiras Sport que chegaram ao Brasil. Paixão instantânea, dessas que pegam fogo: na minha singela opinião, é a Harley mais bonita que já saiu de Milwaukee. Motor 1200 com taxa de compressão mais alta, duas velas por cilindro e comandos mais bravos; suspensões Showa ajustáveis (isso mesmo, suspensões japonesas!), rodas raiadas de alumínio, pneus Dunlop, um guidão com uma postura bem agressiva (para uma Harley), freios dianteiros duplos, tudo para garantir uma ciclística jamais vista em outra Harley. Ideal para nos transportar de volta aos anos 60, quando as Sportster ainda eram referência em motocicletas esportivas, pelo menos nos EUA.

Uns três anos atrás tive a oportunidade de comprar uma, mas faltou bala na agulha. Tinha outros compromissos e não estava a fim de me enfiar em mais uma dívida, mesmo sabendo que são raras as oportunidades de encontrar uma por aí. O engraçado que essas oportunidades aparecem justamente quando não podemos "abraçá-las".

Mas fica para a próxima.

FB

Fotos: Motorcycle Cruiser