google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)




Para quem, como eu, andou (muito) às voltas com Lambrettas e Vespas nos anos 50 e 60, ter conhecido e andado no novo produto da Honda, o scooter Lead 110, foi duplamente gratificante. De um lado, a questão nostálgica, sempre presente em quem já passou dos 60 anos (tenho 66). De outro, saber que o que tanto apreciávamos na juventude transporta-se com louvor para este quase-final da primeira década do século 21.

Por R$ 6.250, mais frete, leva-se para casa um prático meio de transporte para duas pessoas, desde que respeitado o peso-limite de 140 kg de carga útil. Não só prático: inteligente também. O motor monocilíndrico na horizontal, quatro-tempos de 108 cm³ (50 x 55 mm) e comando no cabeçote, refrigerado a líquido e com injeção eletrônica, desenvolve 9,2 cv a 7.500 rpm e está casado com um câmbio automático de variação contínua (CVT) de controle puramente mecânico. É só acelerar, sem se preocupar em passar marchas.



A plataforma para os pés é lisa e possui um pequena tampa ocultando o bocal do tanque de combustível de 6,5 litros, com tampa a chave. De maneira astuta, o tanque "desceu" para a parte de baixo da plataforma e deixou um amplo compartimento de bagagem sob a sela (ao lado), tão grande que pode acomodar dois capacetes. Ou uma razoável compra de supermercado.



O passageiro conta com apoios de pé dedicados que são escamoteáveis em giro de 90 graus. Dessa forma não é preciso achar lugar para os pés na plataforma, o que muitas vezes incomoda o piloto. Uma boa solução que os concorrentes não têm.

Ao contrário dos dois famosos scooters italianos, não há o pedal de freio traseiro, que é a tambor. Este freio é acionado pelo manete esquerdo, sendo o direito para o freio dianteiro a disco. Mas o manete do outro lado do guidão aciona os dois freios simultaneamente por meio de um segundo cabo que aciona o freio da frente. Pode-se, assim, escolher entre freadas normais e mais vigorosas. Perfeito. E tem ainda freio de estacionamento. acionado pelo manete de freio traseiro.

Claro, a partida é elétrica mas, por segurança, um dos manetes de freio deve estar acionado. Como pesa pouco, 109 kg a seco, é bem fácil colocar o Lead 110 no cavalete central.

Há outro compartimento com tampa e fechadura para pequenos objetos no anteparo. A fechadura da sela sobre compartimento maior é elétrica e acionada a partir do interruptor de ignição e trava de direção, bastando premir a chave estando o motor desligado.

O Lead 110 é produzido na fábrica da Honda em Manaus, AM, mas o conjunto motor-transmissão vem de uma unidade da Honda na China. As peças da carroceria, de plástico injetado, são nacionais e feitas pela própria Honda. As vendas começam que vem e a fabricante objetiva vender 25 mil unidades por ano. Seus maiores concorrentes por aqui são o Suzuki Burgman AN 125 (R$ 5.990) e o Yamaha Neo AT 115 (R$ 5.543), ambos bem vendidos.

Não foi possível andar fora do circuito-escola do Centro de Pilotagem da Honda, em Indaiatuba, SP, palco da apresentação, mas a parte ciclística é toda coerente. A roda dianteira é de 12 polegadas e a traseira, de 10, com pneus de seção 90/90 e 100/90, respectivamente. Só resta ver como se comportará o Lead 110 em pisos mais para o irregular, uma vez que o conjunto motor-transmissão é não-suspenso e com um conjunto mola-amortecedor, como nas antigas Vespas, por exemplo. A maneabilidade é assegurada pela distância entre eixos de 1.274 mm e pelo comprimento total de 1.838 mm.

A história dos scooters Honda começou em 1981, que estão na quarta geração, com mais de um milhão de unidades comercializadas. O Spacy 125 foi vendido no Brasil de 1993 a 1995. Embora a Honda tradicionalmente não divulgue os números de desempenho e consumo, o Lead acelera bem e o câmbio CVT funciona de maneira impecável. Velocidade máxima de 100 km/h ou bem perto disso é uma expectativa realista, como é o consumo de 25 km/l em uso urbano, o que dá uma autonomia aproximada de 160 quilômetros.

O painel traz velocímetro com hodômetro, medidor de combustível e termômetro do líquido de arrefecimento, além da luz de eventual mau funcionamento do sistema de injeção/ignição e outras auxiliares de piscas e farol alto. Os dois espelhos convexos são eficientes.

Mas a modernidade liquidou dois itens que eu apreciava na Lambretta e na Vespa: estepe e a torneira de gasolina que permitia contar com combustível de reserva, impraticável com o sistema de injeção PGM - FI, feito pela Honda. Não se pode ter tudo.
Os leitores em geral e os apreciadordes do Chevette-Lotus em particular poderão ver agora as mesmas fotos postadas originalmente, só que digitalizadas por um profissional a partir de slides. Estão bem melhores. A iniciativa foi do próprio Luiz Dränger.
BS
Conversando com uns colegas notei que existem muitas dúvidas sobre o funcionamento de sistemas 4x4 em picapes e SUVs. Então preparei uma explicação simplificada sobre os 3 principais tipos de tração 4x4 usando modelos da Toyota (Hilux, SW4 e RAV4) como exemplo.

1- 4x4 part time - Hilux (e outras picapes)

É o sistema mais utilizado para aplicações fora de estrada e para transpor obstáculos sendo assim o preferido pelos "jipeiros".

O acionamento ou engate da tração 4x4 é feito numa caixa de transferência que na grande maioria das vezes também possui uma reduzida. Nesse sistema o 4x4 só deve ser utilizado em condições de piso com baixa aderência como terra, lama ou molhado. No asfalto seco deve-se usar sempre o 4x2, pois pela ausência de um diferencial central, apesar de robusto, o sistema pode ser danificado devido a diferença de rotação dos eixos dianteiro e traseiro.

Quando em 4x4, em situações mais extremas se usa a reduzida, que proporciona mais força ao veículo e deve ser utilizada em velocidades baixas (apenas para transpor algum obstáculo).

Na Hilux temos o seguinte:

4x2 - H2 (High 4x2) operação normal em asfalto seco, o H, de High, significa que a reduzida não está engatada
4x4 - H4 (High 4x4) para uso em piso com baixa aderência como terra, lama ou molhado
4x4 - L4 (Low 4x4) com engate da reduzida para uso em condições mais extremas como rampas com grande inclinação e transposição de obstáculos.

2 - 4x4 permanente - SW4 e outros SUVs com chassis (derivados de picapes)

Neste caso a tração 4x4 é permanente. Ou seja, o veículo está sempre na condição de 4x4. Isso é possível devido à adoção de um diferencial central que distribui a tração entre as rodas dianteiras e traseiras, evitando que o sistema seja danificado no caso de utilizações em asfalto seco.

Esse sistema possui um diferencial central com sistema de distribuição de torque ("torque sensing" - saiba mais) e deslizamento limitado (LSD - limited slip diferential). A função desse diferencial central é distribuir o torque entre as rodas dianteiras e traseiras de acordo com a condição de rodagem.

Os benefícios sãos:

> Melhor aderência em qualquer condição de piso, contribuindo para uma melhor estabilidade direcional
> Mais aderência nas entradas e saídas de curvas, contribuindo para uma melhor dirigibilidade
> Maior segurança ativa

Para uso off-road, em adição ao sistema de distribuição de torque e deslizamento limitado, o diferencial central ainda pode ser bloqueado. O bloqueio do diferencial central distribui o torque (força) entre os eixos dianteiro e traseiro na proporção de 50% para cada eixo, garantindo torque para os dois eixos independente da condição do piso.
Para situações mais extremas ainda existe a reduzida, que proporciona mais força ao veículo e deve ser utilizada em velocidades baixas.

Então na SW4 temos o seguinte:

4x4 - H (High 4x4) operação normal para uso em qualquer terreno incluindo asfalto seco, o H, de High, significa que a reduzida não está engatada.
4x4 - HL (High com Lock 4x4) bloqueio do diferencial acionado para uso off-road proporcionando um melhor capacidade de tração diante das variações constantes de aderência
4x4 - LL (Low com Lock 4x4) reduzida e bloqueio do diferencial acionados para uso em condições mais extremas como rampas com grande inclinação e transposição de obstáculo.

4x4 Integral vs 4x4 Permanente

O termo integral tem sido utilizado por muitos em referência a "tempo integral". Porém pode ser considerado como integral no sentido de tração por inteiro, ou nas quatro rodas. Daí dizer 4x4 integral fica redundante. O correto seria dizer tração integral. Portanto acredito que 4x4 permanente deixa mais claro que a tração é 4x4 sempre.

3- 4x4 on demand - RAV4 (e outros SUVs/crossovers derivados de carros de passeio)

Este sistema não tem o propósito de um uso off-road. Seu principal objetivo é aumentar segurança ativa em curvas ou vias escorregadias, caso de chuva, garoa, e neve/gelo. Mas também ajuda em estradas de terra molhada.

Neste caso o carro é um 4x2 de tração dianteira na maior parte do tempo. Em determinadas condições (que variam de modelo para modelo) a tração nas rodas traseiras é acionada através de um diferencial central com acoplamento gerenciado eletronicamente.

No caso do RAV4, nas acelerações o diferencial central reparte a tração deixando cada eixo com 50%. Na reta com aceleração constante, para melhorar o consumo de combustível, a tração é transferida 100% para o eixo dianteiro. E nas curvas a distribuição da tração se divide de acordo com a condição de aderência de cada eixo.
Ainda no caso do RAV4 pode-se fazer o bloqueio desse diferencial central para sair de alguma condição de piso escorregadio através de um botão no painel. Ao atingir a velocidade de 40 km/h o bloqueio é desativado automaticamente. O EcoSport 4WD (4 Wheel Drive) e outros carros de passeio (Fusion) utilizam um sistema similar.



A foto da viatura acima está rodando pela internet há alguns dias, mostrando uma VW Parati G4 da Polícia Militar do Paraná, "personalizada" com filme G5 nos vidros, suspensão rebaixada e rodas de liga leve Giovanna de aro 18, calçadas em pneus de perfil 35.

Perguntas que não querem calar:

- Quem financiou a personalização? Essas rodas (e pneus) não custam pouco. É dinheiro do contribuinte? Se não for, de onde veio?

- A polícia está acima da lei? Pode modificar/descaracterizar o carro da maneira que bem entende?

- E a conservação do patrimônio público, como fica? É sabido que essas rodas enormes costumam sacrificar bastante as suspensões, ainda mais em um carro cujo projeto prevê o uso de uma roda de aro 13, no máximo aro 15.

Curioso isso, mesmo sabendo que no Brasil existe uma cultura favorável à personalização de viaturas policiais. Quem é que banca essas viaturas "tunadas"?