
Por R$ 6.250, mais frete, leva-se para casa um prático meio de transporte para duas pessoas, desde que respeitado o peso-limite de 140 kg de carga útil. Não só prático: inteligente também. O motor monocilíndrico na horizontal, quatro-tempos de 108 cm³ (50 x 55 mm) e comando no cabeçote, refrigerado a líquido e com injeção eletrônica, desenvolve 9,2 cv a 7.500 rpm e está casado com um câmbio automático de variação contínua (CVT) de controle puramente mecânico. É só acelerar, sem se preocupar em passar marchas.

A plataforma para os pés é lisa e possui um pequena tampa ocultando o bocal do tanque de combustível de 6,5 litros, com tampa a chave. De maneira astuta, o tanque "desceu" para a parte de baixo da plataforma e deixou um amplo compartimento de bagagem sob a sela (ao lado), tão grande que pode acomodar dois capacetes. Ou uma razoável compra de supermercado.
O passageiro conta com apoios de pé dedicados que são escamoteáveis em giro de 90 graus. Dessa forma não é preciso achar lugar para os pés na plataforma, o que muitas vezes incomoda o piloto. Uma boa solução que os concorrentes não têm.
Ao contrário dos dois famosos scooters italianos, não há o pedal de freio traseiro, que é a tambor. Este freio é acionado pelo manete esquerdo, sendo o direito para o freio dianteiro a disco. Mas o manete do outro lado do guidão aciona os dois freios simultaneamente por meio de um segundo cabo que aciona o freio da frente. Pode-se, assim, escolher entre freadas normais e mais vigorosas. Perfeito. E tem ainda freio de estacionamento. acionado pelo manete de freio traseiro.
Claro, a partida é elétrica mas, por segurança, um dos manetes de freio deve estar acionado. Como pesa pouco, 109 kg a seco, é bem fácil colocar o Lead 110 no cavalete central.
Há outro compartimento com tampa e fechadura para pequenos objetos no anteparo. A fechadura da sela sobre compartimento maior é elétrica e acionada a partir do interruptor de ignição e trava de direção, bastando premir a chave estando o motor desligado.
O Lead 110 é produzido na fábrica da Honda em Manaus, AM, mas o conjunto motor-transmissão vem de uma unidade da Honda na China. As peças da carroceria, de plástico injetado, são nacionais e feitas pela própria Honda. As vendas começam que vem e a fabricante objetiva vender 25 mil unidades por ano. Seus maiores concorrentes por aqui são o Suzuki Burgman AN 125 (R$ 5.990) e o Yamaha Neo AT 115 (R$ 5.543), ambos bem vendidos.
Não foi possível andar fora do circuito-escola do Centro de Pilotagem da Honda, em Indaiatuba, SP, palco da apresentação, mas a parte ciclística é toda coerente. A roda dianteira é de 12 polegadas e a traseira, de 10, com pneus de seção 90/90 e 100/90, respectivamente. Só resta ver como se comportará o Lead 110 em pisos mais para o irregular, uma vez que o conjunto motor-transmissão é não-suspenso e com um conjunto mola-amortecedor, como nas antigas Vespas, por exemplo. A maneabilidade é assegurada pela distância entre eixos de 1.274 mm e pelo comprimento total de 1.838 mm.
A história dos scooters Honda começou em 1981, que estão na quarta geração, com mais de um milhão de unidades comercializadas. O Spacy 125 foi vendido no Brasil de 1993 a 1995. Embora a Honda tradicionalmente não divulgue os números de desempenho e consumo, o Lead acelera bem e o câmbio CVT funciona de maneira impecável. Velocidade máxima de 100 km/h ou bem perto disso é uma expectativa realista, como é o consumo de 25 km/l em uso urbano, o que dá uma autonomia aproximada de 160 quilômetros.
O painel traz velocímetro com hodômetro, medidor de combustível e termômetro do líquido de arrefecimento, além da luz de eventual mau funcionamento do sistema de injeção/ignição e outras auxiliares de piscas e farol alto. Os dois espelhos convexos são eficientes.
Mas a modernidade liquidou dois itens que eu apreciava na Lambretta e na Vespa: estepe e a torneira de gasolina que permitia contar com combustível de reserva, impraticável com o sistema de injeção PGM - FI, feito pela Honda. Não se pode ter tudo.