Foto Gazeta Online
Gostaria de comentar o grave acidente que comoveu e ao mesmo tempo gerou revolta no país, no qual dois jovens perderam a vida e o motorista do outro carro, um deputado estadual, feriu-se gravemente.
Pelo que li e vi, o carro do parlamentar, uma VW Variant, seguia muito rápido por uma avenida de Curitiba, muito acima do limite, que deve ser de, no máximo, 70 km/h. Na sua frente surgiu um Honda Fit, saído de uma transversal, acabando por colhê-lo pela traseira.
O que se pode depreender, sem medo de errar, é que o motorista do Fit não viu que havia um carro se aproximando velozmente. Por que não viu? Ou não olhou, ou teve a visibilidade prejudicada pelos vidros com película escuredora, facilmente notada num vídeo que circula pela internet e que permite afirmar que era de transparência muito baixa, G5, eu diria.
Mas suponhamos que tenha visto a Variant: por estar muito mais rápida do que seria normal se esperar, o seu julgamento falhou -- tinha mesmo que falhar. É essa a razão de nas zonas de trevos rodoviários a velocidade regulamentar baixar drasticamente, de 100 ou 110 km/h para 60 km/h. Só com velocidade baixa pode-se calcular, com segurança, a distância para o tráfego que está vindo e saber se dá ou não tempo de cruzar a estrada.
Na minha visão, não foi o fato de o deputado estar alcoolizado que contribuiu para o acidente. Alcoolizado, diga-se, pela lei brasileira, porque com 0,78 grama de álcool por litro de sangue pode-se dirigir em países como Estados Unidos, Inglaterra e vários outros, cujo limite de alcoolemia é 0,8 grama por litro de sangue. Para comparação, no Brasil pré-lei seca era 0,6 e agora é 0,2 (na realidade a lei diz zero, mas criou-se uma tolerância legal). Portanto, o motorista da Variant não pode ser considerado bêbado à luz da razão.
Em que ele errou flagrantemente, isso sim, foi andar em velocidade incompatível com a segurança e com o bom senso e, claro, excedendo o limite da via.
De tudo o que aconteceu naquela madrugada de 7 de maio em Curitiba, ficam duas lições. Uma, não se deve nunca andar em alta velocidade na cidade e nas estradas que tenham acessos de vias transversais, independentemente do limite de velocidade estabelecido (pode-se estar com muita pressa, por qualquer motivo).
Outra, não se pode menosprezar a visibilidade plena pelos vidros de comando em nome da segurança pessoal ou mesmo do visual do veículo.
Pelo que já experimentei de carros "filmados", minha intuição diz que se o Fit não tivesse vidros escurecidos, talvez seu motorista percebesse a Variant chegando.
Eu disse talvez.
BS