google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 300C HEMI - AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

300C HEMI

Já faz alguns dias que estou ensaiando esse post. Pra falar a verdade, desde o post "Mopar Rules" em que nos comentários houve alguma discussão sobre as qualidades dos carros americanos. Então o Juliano "Kowalski" Barata sugeriu que admirássemos os frutos de cada cultura. Na mesma hora me lembrei de um fruto transgênico entre a América e a Europa: o 300C.




Mais precisamente o 300C Hemi, que foi praticamente o único sucesso da que nasceu da “fusão” entre a Daimler e a Chrysler. Se é que ainda não sabem o 300C utiliza muitos componentes do Mercedes Série E como suspensão traseira multibraço e sistema de direção. Eu diria que o 300C tem um corpo europeu com um coração americano. No melhor estilo americano, um 5,7-litros there is no substitute for cubic inches. Hemi!




Quando peguei o carro, intuitivamente eu esperava por uma banheira americana, mole e instável com uma certa brutalidade vinda dos 340 cv de potência e 53 kgfm de torque. Também pensei que o consumo seria por volta de 4 km/l.

Felizmente minha expectativa não se realizou completamente. O carrão de gângster, com seus 5 metros de comprimento e quase 1.900 kg de peso tem a suspensão bem firme e gruda no chão com uma pegada bem européia. Prioriza um melhor comportamento dinâmico. No teste da Road & Track a aceleração lateral atingiu 0,79 g, o que não o torna um esportivo, mas é um bom número. A linha de cintura alta, bem alta, faz os vidros laterais ficarem bem pequenos e nos sentirmos encaixados nos bancos. A sensação de segurara aumenta e a vontade de aproveitar a brutalidade do Hemi fica quase incontrolável.



Aproveitei na medida do possível todo o curso do pedal direito. A brutalidade superou as expectativas. A caixa, também do Série E, de 5 marchas, responde à altura e ajuda a catapultar a barca nos kickdowns (pisadas fortes no acelerador). Aí lembrei do consumo! Entre as muitas brincadeiras com o acelerador e uma direção mais comportada, veio a surpresa: o computador de bordo marcou 7,3 km/l. Absolutamente incrível. Isso graças aos avanços do gerenciamento do motor. Esse Hemi tem o MDS (Multi Displacement System), um sistema de desativação de 4 cilindros quando o motor opera em baixa carga. Ou seja, enquanto eu andava no estilo tiozão só utilizava 4 cilindros. Argh!!



Pra falar um pouco sobre Hemis convidei o meu amigo Alexandre Garcia. Com um amigo assim nem me atrevo muito a falar de motores. Vejam mais abaixo.

Realmente o 300C uniu as melhores qualidades da Daimler com a Chrysler. Os Dodges Charger e Challenger, assim como a extinta perua Magnum e a 300C Touring também usam a mesma arquitetura. Desses aí, acho que minha preferência seria a Magnum SRT8, com o Hemi 6.1.

O que me deixa irritado é que a união entre Chrysler e Fiat não dá muita margem para um substituto a altura do 300C. Pra falar a verdade, ainda não consegui imaginar algo muito empolgante dessa união. Se alguém tiver uma ideia, por favor, divida-a conosco.




HEMI, UMA BREVE HISTÓRIA
Alexandre Garcia

O motor Hemi dos 300C é a reencarnação de um motor que teve duas vidas anteriores bem distintas.

Na sua primeira aparição, nos anos 50, era a grande aposta da Chrysler para fazer seus carros serem rápidos e confiáveis. Um motor tradicional no conceito americano, um motor V-8 sólido e bem construído, com a vantagem de ter um cabeçote que oferecia a oportunidade de usar a gasolina disponível na época e tirar dela um proveito maior que nos modelos convencionais.

Essa primeira série, tratada genericamente como early Hemi, era bastante complexa e cara de ser produzida, mas haviam versões mais simples com apenas um único eixo de balancins e câmaras de combustão convencionais.

Em 1958, com a chegada do motor maior, o big-block Chrysler, o early Hemi saiu de cena, não sendo mais oferecido como uma opção nos carros novos de 1959 em diante. O novo motor big-block era muito mais simples e barato de ser construído e tinha inicialmente tanta potência como o early Hemi, e ainda era melhor de se usar normalmente.

Mas em drag races o early Hemi continuou firme e forte, dominando as categorias top. Para que se tenha uma ideia, Don Garlits usou uma versão do early Hemi 392 alterado para deslocar 417 polegadas cúbicas até 1971, por acaso o ano em que a segunda versão do Hemi, o 426, parou de ser fabricado.

Em 1964, a Chrysler relançou o Hemi, mas desta vez nada tinha a ver como anterior, usado até 1958. Era uma versão nova, baseada no motor 426 wedge, bastante modificado, que veio a suprir uma lacuna importante na área das competições automobilísticas, onde fez milagres pela imagem da companhia. Vale comentar que este novo motor, produzido por apenas 7 anos, de 1964 a 1971, é usado até hoje e ainda é possível se comprar um exemplar novo, zero-km, devidamente montado pela própria Chrysler.

Os novos tempos demandaram um novo motor para os novos carros produzidos com tração traseira, como os 300C e os Chargers e Challengers dessa última geração com cilindradas de 5,7 e 6,1 litros. Esta nova versão do Hemi tem dimensões comparáveis aos small-blocks LA como os usados desde os nossos saudosos Darts e Chargers e os motores Magnum usados nas Cherokees, Dakotas e Rams.

Nos anos 90 foi lançado um motor 4,7 que tinha comando no cabeçote e apesar de ser o primeiro novo motor Chrysler em 41 anos, não foi exatamente um sucesso e não teve a possibilidade de oferecer toda a potência que se precisava, além de ser complexo de se fabricar e também caro. Logo, abandonaram o desenho com comandos nos cabeçotes, voltaram ao comando central e as válvulas acionadas através de balancins e varetas e ao modelo com câmaras hemisféricas.

Na verdade, não são realmente hemisféricas e nem tem pistões com cabeças arredondadas como os anteriores. Dispõem de um arranjo com as válvulas dispostas em diagonal que aumentam muito o fluxo de gases e permitem um desempenho excepcional, com um projeto que permite que o motor seja simples e leve. Não existe distribuidor, a ignição é estática e tem 8 bobinas que trabalham simultaneamente em cilindros simétricos na ordem de ignição com duas velas por cilindro.

Uma coincidência interessante é que a parte traseira dos novos Hemis é a mesma usada tanto nos Magnums, nos LA e nos modulares 4,7-litros, tornando mais fácil a vida futura do motor em aplicações de performance ou retrofit em veículos antigos.

17 comentários :

  1. PK

    Fiat + Chrysler = Otto Vu Hemi!

    FB

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  2. Empolgado com o 300C V8, aluguei um 300C nos USA, mas V6... que desapontamento....
    Suspensão mole... muito mole, e direção pouco precisa. Se é a mesma das MB Série E, o " feeling" é bem diferente (e pior, no meu gosto).
    Me senti num Landau... sensação esta que as Merc série E não passam.
    Teria a versão V6 suspensão e direção diferentes da V8?

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    Respostas
    1. A calibragem da suspensão e direção dos 300 (não 300C, que é apenas o V8 nos EUA) é diferente nos EUA, mais macia e direção molenga.

      O 300 vendido no Brasil tem especificação EXPORT, ue visa a exportação para a Europa, e tem suspensão e direção mais precisos e firmes.

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  3. Uniao Fiat + Chrysler: HEMI TJET 1.4

    Thiago

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  4. parabéns Paulo...eu admiro muito a marca e gosto bastante do 300C

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  5. Sigmund Freud06/05/2009, 18:02

    É por isso que sempre damos voltas, rodeios, ficamos entusiasmados com o forte apelo de marketing em todas as frentes imagináveis (outras não, até inconscientes), mas carro feito para agradar o mais exigente entusiasta tem de ser alemão, de corpo, alma e nacionalidade. Sem miscigenação.

    Não só carro, motocicletas também.


    FREUDE AM FAHREN

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  6. Se vocês acham que a Fiat não teria o que fazer com um Hemi, perguntem à Abarth o que eles fizeram com o 500 ou o Punto! ;)

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  7. Paulo Keller06/05/2009, 19:14

    Freud,

    O 300C tem motor 100% americano.
    Pessoalmente eu acho os carros alemães muito complexos e com uma engenharia mais rebuscada. São muito caros também. Os japoneses são sem alma. Os franceses são bonitos por fora. E os americanos, quando decidem fazer algo realmente bom, como o ZR1 por exemplo, me atraem mais.

    PK

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  8. Caro Paulo, achei sua descrição muito boa, principalmente quanto aos japoneses: Sem Alma.
    Gosto dos carros Italianos e Americanos.

    Os alemães são tecnicamente superiores mesmo, mas não gosto. Prefiro um norte americano ou italiano, ainda que tenham seus defeitos, tem mais identidade.

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  9. Marlos Dantas06/05/2009, 23:23

    Bem, já que Elba Hemi não vale...
    Talvez a união Chrysler-Fiat possa beneficiar a entrada (ou fabricação) de modelos Alfa Romeo nos EUA com motores desenvolvidos pela Chrysler, ou ainda, motores desenvolvidos de forma conjunta pelas duas empresas.
    Mas, viajando um pouco, seria interessante um Ferrari SRT-10 (motor do Viper), porém, um Ferrari ao estilo 250 GTO ou F40, ou seja, sem toda aquela frescura e ostentação que se tornaram sinônimos deste fabricante nos últimos tempos...
    Até que o recurso de desativação de metade dos cilindros é bem vindo, pois, principalmente no circuito urbano é difícil usufruir em plenitude dos oito cilindros.

    PK,
    Poderia ser feito um post “Impressões” com o 300C SRT-8!
    Abraço.

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  10. PK e Caio,

    acham mesmo os carros japoneses sem alma? Ah, depende muito do carango. Um desalmado dum civic SI é diversão garantida. E nada impede de nós darmos alma a eles, certo?

    Abraço

    Lucas

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  11. Lucas,

    De maneira geral os carros japas não tem tempero. É claro que exsitem Supras, Zs, SIs, WRXs e outros que empolgam muito.

    Caio,

    Realmente faltou falar dos italianos no meu resumo, e também dos ingleses. Italianos conseguem ter uma simplicidate complexa e temperamental e ingleses um certo ar de arrogância.

    Marlos,

    Na verdade já dei muinhas impressões. Gostaria de saber algo mais?

    Abraço a todos.

    PK

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  12. Quando escutei pela primeira vez, não acreditei e quase infartei a pressão arterial beirou os 20! Fiat-Chrysler? Não consigo acreditar até agora! Isso com certeza foi um tiro na testa de qualquer Mopar-Maníaco como eu que abomina os Fiat! É como se (numa comparação mais tosca) o Corinthians fosse vendido ao Palmeiras!
    Quanto ao 300C tive o prazer de andar em um, mas sou suspeito à falar...

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  13. Marlos Dantas07/05/2009, 10:14

    PK,
    Além da diferença de potência, essa versão do post (5,7 L) e a SRT-8 (6,1 L) são completamente diferentes em termos de "personalidade" dinâmica ou muda pouco?
    Abraços

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  14. Junior-Big

    90% dos veoiteiros que eu conheço gostam de Fiat.

    FB

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  15. Que carrão !!!!

    E as fotos ficaram muito boas, Paulo ! Na foto do logotipo 300C dá pra ver até a textura no nome HEMI... Showwwww !!!!

    Parabéns !

    Abraço,

    Carlos Spindula

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  16. Bitu, faço parte dos 10%!

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