google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014): Jaguar
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Fotos não creditadas: MAO/AE

Divulgação

“I have walked through many lives,
some of them my own,
and I am not who I was,
though some principle of being abides,
from which I struggle not to stray.” - Stanley Kunitz


(Eu passei por muitas vidas,
algumas delas minhas,
e eu não sou quem eu era,
embora algum princípio de ser permaneça,
de qual me esforço para não desviar.)


Andy Warhol, e depois o Dr. House do seriado televisivo, diziam que, ao contrário do que diz o famoso ditado, o tempo não muda nada. Nós é que devemos mudar as coisas, e se deixarmos elas como estão, assim elas permanecerão. Apesar de ser uma grande verdade, pessoalmente acredito que o tempo muda tudo sim. Uma mudança não de substância, mas sim de perspectiva.

As coisas não mudam, permanecem iguais, mas somos nós que somos sempre diferentes, a cada dia que passa. Vemos as coisas de modo diferente do que víamos no passado, entendemos coisas que não entendíamos antes. Para nós, como pessoas, o tempo muda tudo.

E particularmente acredito que o tempo muda de forma definitiva a forma que vemos alguns carros. Coisas que eram desinteressantes e banais parecem agora incrivelmente legais, e coisas que eram interessantes, são esquecidas.

A prova disso é que, desde que escrevi sobre o que estava querendo comprar este ano, tudo mudou. Não poderia nem imaginar que ao invés de comprar algum daqueles carros zero-km, ia acabar vendendo o Cruze, sim, mas que ia substituí-lo por um Citroën Berlingo com 13 anos de idade. Na verdade, se em 2001 você me dissesse que um dia eu teria um Berlingo, ia rir até cair de minha cadeira. Ainda mais um Berlingo verde por fora E POR DENTRO.

Mas foi exatamente o que aconteceu. E isso não porque o Berlingo mudou nesses 13 anos, e sim porque, como disse o poeta, eu não sou mais quem eu era. Graças a Deus.

(pelicanparts.com)

Power” é uma palavra da língua inglesa que para nós tem duplo sentido: poder e potência são traduções possíveis dela. Lembrem de Jeremy Clarkson gritando: More POWER!!!!” em seu programa Top Gear, um uso emblemático deste duplo sentido. Para eles, power é poder e é potência, é tudo a mesma palavra. O por quê dessa pífia aulinha de inglês, já vão entender, prometo.

As máquinas a vapor do inventor escocês James Watt (1736-1819) impulsionaram a revolução industrial inglesa e ajudaram a Grã-Bretanha a se tornar o país mais poderoso do mundo. Grande pesquisador e inventor, tornou o que era apenas uma idéia (a máquina a vapor) em algo prático, útil e vendável. Ele também foi nada menos que o inventor do conceito do cavalo-vapor, que conhecemos tão bem. Mas seu sucesso financeiro só veio quando se tornou sócio do industrial Mattew Boulton (1728-1809), formando uma fábrica de motores que se chamou Boulton & Watt.

Pois bem, diz a lenda que James Boswell, um nobre escocês que ficaria famoso como escritor de biografias (o famoso crítico americano Harold Blomm o considera o maior biografista da língua inglesa até hoje), estava visitando uma das fábricas de Boulton quando entrou em um galpão onde Watt trabalhava em alguma de suas evoluções do motor a vapor. Impressionado com o enorme, fumegante, barulhento e desconhecido artefato, Lord Boswell pergunta a Boulton o que era aquilo. O sócio de Watt olha o escritor bem nos olhos, e depois de uma pausa dramática, diz:

“I sell here, Sir, what the entire world desires to have: POWER!”
(Eu vendo aqui, meu senhor, o que todo o mundo deseja ter: PODER!)

E é este poder que experimentamos toda vez que apertamos o pedal do acelerador. O motor a combustão interna foi uma revolução tão grande como o vapor: pequeno, e extremamente frugal no consumo de combustíveis líquidos, fez quantidades prodigiosas de poder se tornarem extremamente portáteis. Existem motocicletas hoje que conseguem níveis de potência que outrora moveriam navios de carga.
Ah, se tivesse competido...

Muitos carros são julgados pela sua ficha técnica, números de desempenho, quantidade de unidades vendidas, índices de satisfação dos consumidores e outras formas de medição de eficiência ou qualidade de produtos criados dentro de fábricas.
Esses critérios exatos podem ser muito importantes para a maioria dos carros que a maioria das pessoas compram, assim como para geladeiras e escovas de dentes, mas não para  uma boa porção dos carros que falam à alma e coração dos entusiastas. Óbvio que há entusiastas que compram carros pelas frias fichas técnicas, ou rejeitam outros pelo mesmo motivo, mas acredite, isso tem apenas interesse acadêmico, ou de mesa de bar, depois de um tempo de convívio com a máquina.
O importante mesmo é que o usuário, dono, possuidor ou quem for que esteja com a chave na mão, goste e se sinta bem dentro dele e também fora, olhando o veículo. Aquele tipo de carro que faz você olhar para trás depois que o fecha e vai se afastando. Que seja uma máquina que desperte e mantenha acordados os sentidos físicos e as correntes elétricas mentais da pessoa. Para ficar claro, da pessoa que usa o carro, não das pessoas que comentam o que elas acham dele, já que agradar a todos não deve ser objetivo de quem quer ter um carro que lhe entusiasme. Na verdade, para se sentir tranquilo consigo, essas opiniões de terceiros devem ser sumariamente ignoradas.
Por isso carros com belas características técnicas podem ser deprimentes no uso diário, uma situação que poucas vezes poderia acontecer com entusiastas normais a respeito de Jaguares entusiásticos, que são quase todos diga-se de passagem,  menos alguns poucos modelos ou detalhes de modelos, onde a marca de Coventry pisou na bola. O sedã X-Type, produzido de 2001 a 2009 deve ser o único verdadeiramente desinteressante nesses anos todos de história, um erro magistralmente corrigido com o seu sucessor, o atual XF.

Freios incandescentes, visão normal

Ettore Bugatti dizia que seus carros eram feitos para andar, não para parar. Isso até poderia ser considerado remotamente aceitável décadas atrás, caso o purista não parasse para pensar, agindo apenas com o estômago. 

Mas a fila anda, e se antes o aceito e exigido era mais potência, o tempo mostrou que as melhorias nos sistemas de freios são responsáveis por muito tempo ganho em uma volta de corrida, muitas vezes sendo mais eficiente para isso do que muita potência a mais no motor.

Os números a seguir são uma referência da Fórmula 1, já que progressos são feitos constantemente, e variações existem entre carros de equipes diferentes. A 200 km/h são necessários apenas 65 metros e 3 segundos para parar. A 100 km/h, que um carro normal de bons freios gasta 40 metros, num Fórmula 1 são apenas 17 metros, em cerca de 1,4 segundo.

Nas ruas, nem mesmo um motorista mediano, ou até mesmo aqueles sem conhecimento algum de mecânica ou qualquer parca idéia da Física de movimento, contesta as vantagens de freios mais potentes e que façam seu carro parar antes de um obstáculo. Qualquer metro a menos pode significar a inexistência de um acidente, algo mais do que óbvio e que eu nem deveria escrever, já que todos sabem.
Mais de 350 cv de apenas 3,2 litros
Houve uma onda no começo da década de 1990 que fez um enorme barulho. Uma empresa australiana chamada Orbital Engine Corporation, de Ralph Sarich, apareceu com um motor que prometia vantagens enormes, e vários fabricantes os testaram a sério.  Eram motores dois-tempos.

Sarich desenvolveu um sistema de injeção de ar sob pressão que aumentava a qualidade da queima do combustível,  e que prometia, pelos testes que vinham sendo feitos, ser a solução para o principal problema desse tipo de motor, a poluição gerada devido à combustão mais incompleta do que num quatro tempos.

Lembremos que nunca todo combustível é queimado, mesmo com as evoluções constantes e precisão cada vez maior de projetos e simulações com o movimento de fluidos, de forma a se desenhar pistões, câmaras e outros componentes, como as válvulas do quatro tempos, para se ter o melhor resultado possível. No dois-tempos, essa regra não é diferente, sendo ainda mais difícil de se atingir melhores resultados, já que são os pistões que abrem e fecham as passagens da mistura ar e combustível.

Até mesmo a Jaguar entrou nessa onda, e tentou viabilizar um motor na configuração V-6 de 3,2 litros que rendia  mais de 350 cv. Isso eram 75 cv mais que o maior motor em produção, o V-12. Os responsáveis pelo planejamento futuro da empresa viam carros mais leves e esportivos com esses motores, o que poderia ampliar o mercado da marca.
Fotos: Bill Egan e divulgação

O belíssimo Mk2 dos Egan, e logo atrás, o Mille

Na sexta-feira passada, feriado de finados, marcamos um passeio com uma turma de amigos entusiastas, organizada pelo Bill Egan. A idéia era nos encontrarmos às nove da manhã na garagem dele, de onde sairíamos com carros antigos, visitaríamos uma outra coleção de carros antigos aqui de São Paulo, almoçar, e depois voltar ao ponto de saída.

Saí de casa às oito então, para buscar o amigo Rafael Tedesco em casa, e depois ir até à garagem. Estava com um Chevrolet Sonic LTZ azul brilhante, um hatchback pequeno mas luxuoso, moderno, e com todas as amenidades possíveis e imagináveis. O carrinho, ainda novidade nas ruas, fez um bocado de sucesso entre os manicacas reunidos na porta da garagem do Egan. O carro é realmente bonito e chama atenção.

De dentro da Mercedes, pode se ver o Mille e o Jaguar. (Foto: Rafael Tedesco)
O Egan estava, como sempre nessas ocasiões, manobrando os carros para poder tirar lá do fundo do galpão as duas maravilhosas peças da coleção que usaríamos como meios de transporte naquele dia: Um magnífico Jaguar Mk II 3,8-litros de 1961 e um lindíssimo cupê Mercedes-Benz 220SE de 1965. Em momentos como este, sempre dou um passo atrás e lembro como sou um sujeito de sorte de ter tantos amigos generosos como os Egan. Há meros dez anos, estar no meio de carros e pessoas tão legais seria simplesmente impensável. O tanto que a vida muda, e como o faz sem controle nenhum de nossa parte, é uma das coisas que a faz tão bela, e o que nos mantém felizes e esperançosos do futuro.
Tom Walkimshaw (1946–2010)

Nas profundezas do mundo automobilistico, em especial nas competições, encontramos histórias curiosas de carros aparentemente únicos, mas com laços de ligação entre si, algum tipo de ponto de convergência. Motores em comum, engenheiros de desenvolvimento, pilotos, construtores etc. Um destes pontos de convergência do automobilismo dos anos 1980 e 1990 estava na Inglaterra, terra dos carros esporte e pequenos fabricantes de sonhos.

Entre as fábricas de sonhos, uma delas é mundialmente respeitada, e o homem à sua frente também. Este é Tom Walkinshaw, um escocês nascido em 1946, que começou a vida profissional no automobilismo como piloto e passou a construtor e chefe de equipe. Teve forte ligação com a Lotus nas categorias de fórmula inglesa e com a Ford e Jaguar nas categorias de turismo.
 



Raramente trabalhos paralelos nas fábricas de automóveis são levados para a linha de produção, e mais raros ainda tornam-se um sucesso. Um dos casos mais interessantes é o contado pelo MAO e o JJ no post sobre o Daytona e o Miura, um trabalho extra dos engennheiros da Lamborghini que acreditaram no sonho de um carro único e especial.

O outro carro que teve uma história parecida, mas que é tido como um fracasso, veio daquela ilha ao norte da França, onde há uma grande concentração de malucos patrióticos automobilísticos. Os anos 1970 e 1980 não foram muito produtivos para a Jaguar, integrante do grupo British Leyland, uma tentativa de salvar algumas fábricas inglesas da crise econômica da época. Nestes tempos, os carros da Jaguar eram muito pouco confiáveis (boa parte da má fama vem desta época) e a imagem da empresa estava abalada se comparada aos tempos de glória dos anos 1950 e 1960. Em 1984, a Jaguar se desprendeu do grupo e ficou vagando sem rumo pelo mercado de ações, até a futura ligação com a Ford anos depois.

No final dos anos 80, a Jaguar era um forte nome no automobilismo, em especial no endurance e em Le Mans, com seus potentes protótipos V-12 feitos em parceria com Tom Walkinshaw da TWR. Como uma proposta conceitual de um novo carro para competições, nascia o projeto XJ220, trabalho feito fora do horário de trabalho liderado pelo engenheiro-chefe Jim Randle. Randle esteve envolvido no final do desenvolvimento do E-Type e depois do cupê XJS e no sedã XJ. A proposta era um carro de alto desempenho que não apenas rivalizasse com os então atuais Ferrari 288GTO (e depois o F40) e o Porsche 959. Tendo como "alvo" o 959, o novo Jaguar deveria ter tração integral.
Foto: Paulo Keller



Quase tudo que é demais cansa. Dirigir demais cansa, enche a paciência. Dirigir em São Paulo tornou-se uma atividade que raramente nos dá prazer.

Mesmo estando num baita carrão gostoso, dos melhores que há, a única coisa que ele pode nos oferecer a mais é mais silêncio, mais maciez, melhor ergonomia, menos movimentos para ser conduzido e melhor controle da temperatura ambiente, além de um som melhor. De prazer em guiar, mesmo, do jeito que um autoentusiasta gosta, nadicas. 

Foto: autor


Faz 10 meses que falei sobre aperto de roda e no texto comentei, como curiosidade apenas, que havia casos de porcas de roda com roscas diferentes de um lado e de outro do carro, prática relativamente comum até o final dos anos 1960. Gerou-se a maior discussão, não por haver tal diferença, mas em qual lado do carro a rosca era invertida, a chamada rosca esquerda.

Um leitor, o Alexandre Zamariolli, chegou a me mandar o texto de um manual de Rolls-Royce Corniche que divergia do que eu afirmava. Tanto que admiti meu erro e corrigi o que eu havia escrito.




Quem acompanha o AE bem de pertinho sabe que já falamos aqui sobre o Chrysler Hemi, sobre o Ardun V-8 de Zora Arkus-Duntov, e também sobre o Simca Emi-Sul. Resolvi hoje falar sobre outro V-8 na mesma configuração, ou seja, comando único no bloco, válvulas no cabeçote opostas em seção, e câmara de combustão hemisférica. O V-8 inglês da Daimler (acima).

A Daimler inglesa, apesar de ter a mesma origem da mais conhecida alemã (essa origem sendo os motores de Gottlieb Daimler), tem muito pouco em comum com ela. Desde muito cedo, tomaram rumos diferentes, e em 1910 a empresa inglesa é vendida para a Birmingham Small Arms Co, uma empresa gigantesca que então produzia de tudo um pouco, mas que ficaria famosa pelas motocicletas que levavam suas iniciais: BSA.

A Daimler ficou conhecida por seus carros de alto luxo e limusines, inclusive se mantendo como tradicional fornecedor delas para a família real britânica. Mas nos anos 50 precisava desesperadamente de mais volume e modernização, seus carros gerando muito pouco interesse no público comprador.




Toda vez que alguém critica o design de um Jaguar criado enquanto Sir William Lyons dirigia a empresa (até 1972), tenho a mania de responder, meio brincando, meio falando sério, que não é permitido a nós, meros mortais, criticar o desenho de um Jaguar. O resto do carro pode, mas o desenho não. Somos todos tão inferiores a Sir William nesse sentido que qualquer crítica faz o mesmo efeito que sopro de gato asmático no furacão Katrina: irrelevante. Em alguns assuntos, é melhor nos recolhermos a nossa insignificância.

O SS1 Airline, um dos primeiros carros de Lyons

Isto porque julgar o desenho de um carro é o que Lyons sabia fazer melhor, e o que trouxe ele a fama e glória, e que transformou uma fabriqueta de sidecars numa marca reverenciada mundo afora. Sir William nunca desenhou nada. Apenas mantinha uma equipe de funcionários pequena que batia chapas para ele, e criava direto em escala 1:1, carrocerias inteiras em metal. Hoje o processo de desenho de qualquer carro é longo e enfadonho, e passa de desenhos a mão para modelos em escala, para arquivos matemáticos e mais modelos em escala, depois para modelos em barro escala real, depois mais arquivos eletrônicos modificações, usinagem de barro, avaliações, mais arquivos, mais comitês, mais discussão... Um monte de gente dá pitacos e discute demais, quando Lyons apenas olhava e decidia. Em tamanho natural, direto em metal, e quando estava pronto, estava pronto e pronto. Nada criado por comitês intermináveis pode ser comparado a qualquer criação de Lyons.
O Jaguar E-Type e Sir William Lyons, em frente de sua casa, Wappenbury Hall

O recente lançamento do Cruze detonou o início de mais um round do esporte preferido dos brasileiros interessados por automóveis: determinar o preço que seria ideal para o carro. Eu realmente não tenho paciência alguma para isso. Chega a me irritar esse papo todo de que fulano tem isso e tem aquilo e custa mais ou menos, sicrano vende a tanto e tem 325 cortinas infláveis anabólicas, e o aquele outro tem dente azul e acesso a internet 325G, et cetera, et cetera, ad infinitum.

Irrita-me porque considera que tudo é igual, e impede as pessoas de ver os carros como as coisas únicas e diferentes que são. Até as revistas especializadas nacionais, infelizmente, dedicam-se de corpo e alma a esta atividade de comparação fria, sem impressão alguma sobre o carro, sobre como ele é andando, carregando gente. Sem dirigir, a maioria das pessoas já decide quem é melhor ou pior. Nada mais lógico, pois lendo o que diz a imprensa, é só o que interessa...

Mas apesar disso, preço é sim algo importante. Muito importante. Crucial para o negócio, diria até. Mas o que muita gente ainda não entendeu é que preço não tem nada a ver com conteúdo, tamanho ou desempenho de um carro. O que faz o preço é o quanto as pessoas estão dispostas a pagar por aquele carro, no volume de produção para qual foi programado o investimento nele.

Tudo isso me fez lembrar de alguém que colocava preços em seus carros de forma diferente. Me fez lembrar de Sir William Lyons.

O automóvel está enraizado nas nossas vidas e no nosso futuro, é inegável e irreversível. Por maiores que sejam as evoluções técnicas e visuais, estarão sempre no nosso dia a dia. Desde os tempos de sua invenção, a base do automóvel não mudou muito. Um chassis ou monobloco para servir de estrutura, bancos para os passageiros se acomodarem e comandar o carro, rodas e pneus para se movimentar e um motor para propulsão.

O fundador da Jaguar, Sir William Lyons (1901-1985) certa vez disse algo a ser refletir. "O automóvel é o mais próximo de algo vivo que podemos criar", e com as tecnologias de hoje, esta afirmação está cada vez mais verdadeira.

Fotos e ficha técnica - primeiro teste do carro na revista "The Autocar", 1961


Quando a Jaguar mostrou o seu novo XK-E  em março de 1961, deixou o mundo inteiro embasbacado. Acredito que tenha sido o último grande choque evolutivo na história do automóvel, e comparável em impacto somente ao lançamento do Citroën ID/DS em 1955.
Fotos: Divulgação do fabricante
A moda dos supercarros com fontes de energia alternativa está chegando para ficar. Depois do Porsche 918, a Jaguar mostrou o conceito C-X75, um novo carro-conceito de alto desempenho e motorização sem o tradicional ciclo Otto e pistões.

O 75 do nome é uma referência ao aniversário da fábrica que completa três quartos de século. Para a celebração, criaram este conceito esportivo com características de design que remetem a modelos clássicos da Jaguar, como o XJ-13 e o D-Type.


Há todo tipo de maluco no mundo dos carros modificados, e os hot rods geralmente lideram a lista de "coisas que você nunca achou que veria em um carro". Alguns motores poderiam ficar muito bem instalados em um Ford 32, outros em um Camaro ou Chevelle, e alguns até em caminhões.

Aqui vão alguns bem diferentes que chamaram a atenção.


Esse ano de 2010 marca a volta da Jaguar para a principal corrida de endurance (longa duração) do mundo, a 24 Horas de Le Mans, com o novo XKR GT RSR, competindo na categoria GT2.


A bela foto de apresentação do carro mostra o XKR junto com grandes modelos que já disputaram as 24 Horas, como o C-Type e D-Type, além de um dos representantes da família XJR nas cores da Silk Cut.
A Jaguar venceu em Le Mans pela primeira vez em 1951, com um XK-120C, e pela última vez em 1990 com um XJR-12. A lista completa de vitoriosos no circuito francês é:
- 1951: Jaguar XK-120C
- 1953: Jaguar C-Type
- 1955: Jaguar D-Type
- 1956: Jaguar D-Type
- 1957: Jaguar D-Typo
- 1988: Jaguar XJR-9LM
- 1990: Jaguar XJR-12
A última participação em Le Mans foi em 1995, com os XJ220 que não completaram a prova.

Etiqueta de conformidade com a legislação americana de um Jaguar 1970

Para quem curte carros antigos e clássicos ingleses, a marca Leyland deve ser familiar. O que poucos sabem é que a Leyland foi uma espécie de GM britânica.

Formada em 1968, a British Leyland Motor Corporation foi a junção da Leyland Motor Corporation e da British Motor Holdings, formando naquela época a quinta maior corporação automobilística do mundo. A Leyland possuía então 8 empresas, 10 marcas, 48 fábricas e aproximadamente 200.000 funcionários. Tudo isso representava mais de 40% do mercado britânico.

As 10 marcas da Leyland eram: Austin, Daimler, Jaguar, Land Rover, Wolseley, Riley, Triumph, Rover, MG e Morris. Algumas delas se desmembraram em outras marcas.

Considerando a situação de todas essas marcas atualmente, dá para saber que essa junção foi desastrosa. A dificuldade no gerenciamento de todas as empresas do grupo, a concorrência interna entre produtos parecidos, problemas trabalhistas e crise do petróleo levaram o governo a nacionalizar parte da empresa.
Vejam que a história se repete nos dias de hoje.

Cada marca teve um caminho diferente, alguns bem tristes e a maioria foi parar nas mãos dos chineses. Com algumas passagens por outras mãos e a ligação comercial entre algumas das marcas, fica bem difícil explicar em poucas palavras o que aconteceu com cada uma delas.

A empresa Naijing Automobile, o fabricante de automóveis mais antigo da China, comprou o grupo MG Rover e sua divisão Powertrain. Com isso levou as marcas MG, Wolseley (fabricante mais antigo da Inglaterra), Austin e Morris. De quebra levou também a marca Van den Plas, um encarroçador belga que e fazia modelos/versões de luxo para marcas da Leyland entre outras.

A marca Daimler foi adquirida pela Jaguar em 1960 e hoje, assim como a Jaguar, pertence à indiana Tata. Os modelos Daimler que conheço são Jaguares XJ com uma grade dianteira muito feia. Como curiosidade, a marca Daimler se originou de uma licença vendida pelo próprio Gottlieb Daimler, o "pai do automóvel" e fundador da Daimler que mais tarde formaria a Daimler-Benz. No entanto a Daimler não tem relação com a Daimler AG (antiga Daimler-Benz e depois DaimlerChrysler) além do nome.

A marca Riley e a Triumph, assim como a Austin-Healey, foram parar nas mãos da BMW, onde estão até hoje, quando a BMW comprou a Rover, Land Rover e Mini.

A Rover durante um tempo teve uma forte parceria com a Honda. Quase morta, foi adquirida pela BMW que ainda tentou salvá-la antes de perceber que não passava de um ralo de dinheiro. Os direitos de produção dos modelos foram vendidos para a chinesa SIAC e os ativos (fábrica e maquinário) também para a Naijing.

A Land Rover, que nasceu como uma submarca da Rover, passou pelas mãos da BMW, que desenvolveu o primeiro Freelander, foi vendida para a Ford, e agora está com a indiana Tata. Espero que permaneça viva!

E por último a Jaguar, que a Ford vendeu para a Tata após sua inabilidade de fazer dinheiro com uma marca tão desejada. Também espero que não morra.



O SS100 é um grande clássico. Existem poucos carros que representam sua época e seu gênero tão bem como ele. Qualquer um que tente fazer uma imagem mental de um carro esporte dos anos 30 não vai chegar a algo muito diferente do carro que se vê na foto acima.

Baixo, com rodas raiadas de diâmetro generoso, pára-lamas longos e bem curvados, enormes faróis Lucas P100 flanqueando um radiador recuado, o carro mostra toda a genialidade de William Lyons, seu criador. É simplesmente um dos mais belos carros já criados. Evoca imagens de uma estrada ensolarada e vazia, óculos escuros, lenço na cabeça, cachecóis, vento, liberdade e felicidade pura, não destilada.

Mas um SS100 é da época em os carros de Lyons ainda não eram potentes felinos; da época que a empresa ainda se chamava SS e não Jaguar; da época em que, devido ao uso de chassis e mecânica da Standart Motor Company, eram conhecidos como carros de exibidos, carros para quem apenas queria parecer rápido sem necessariamente ser.


É também um raríssimo: apenas 314 deles foram fabricados, de 1936 até 1941. E a vasta maioria deles, na menos desejável versão de 2,5 litros (a outra deslocava 3,5 litros do mesmo seis em linha Standart, com cabeçote OHV Weslake).

Sendo assim, um bom SS100 original custa hoje uma verdadeira fortuna, mas entrega uma experiência na direção longe de memorável, ao contrário de muitos contemporâneos, que embora não tão felizes em aparência, eram mais sofisticados mecanicamente.


Mas desde meados dos anos 90, graças a Roger Williams e sua Suffolk SS, algo melhor está disponível. Sua réplica Suffolk SS100 é em diversas maneiras muito melhor e mais desejável que o original.

A primeira coisa que se nota é que o carro é idêntico ao original em aparência. Tão idêntico que muitas peças suas são usadas como reposição dos carros dos anos 30. As rodas e pneus, coisa muitas vezes negligenciada pelos replicadores em favor de unidades modernas, são do mesmo tamanho e desenho do carro copiado, fazendo com que as proporções continuem perfeitas. O que há de melhor em um SS100, o seu corpinho de proporção e forma incrivelmente atraentes, é carregado sem nenhuma alteração para a réplica. O interior também replica exatamente o original.


Mas as semelhanças param por aí. A carroceria básica (acima) é em uma peça única de resina poliéster com fibra de vidro, laminada a mão em molde aberto. Este molde foi feito a partir de uma carroceria de SS100 original. A capa do radiador é fabricada na empresa também, em metal, e o radiador em si é uma unidade específica, em alumínio. O capô é em folha de alumínio, e os “louvres” (pequenas aberturas para saída de ar estampadas), são reproduzidos tal e qual o original em forma e quantidade. Tudo feito a mão com o maior cuidado.


O chassi é também feito na Suffolk, e utiliza toda a mecânica, revisada e melhorada, de um Jaguar XJ doador. Desta forma, tem-se uma suspensão traseira independente (igual a do famoso XK-E, com dois amortecedores/molas por roda), freios a disco “inboard” ventilados, suspensão por triângulos sobrepostos na dianteira, discos ventilados e direção por pinhão e cremalheira assistida. O Motor é o famoso seis em linha XJ, de duplo comando de válvulas no cabeçote e mundialmente conhecido por ser um dos motores mais bonitos de se ver da história do automóvel (e, portanto, muito diferente do horrível motor do original). Neste carro desloca 4,2 litros, usa dois carburadores SU duplos, e é regulado para algo entre 200 e 230cv. Acoplado a ele uma caixa Jaguar de 4 velocidades, e lá atrás, aparafusado ao chassi, está um diferencial autoblocante Salisbury, com várias relações finais possíveis.



Com radiador, motor e cambio montados bem recuados, em posição central-dianteira, traz uma interessantíssima distribuição de peso: são 1188kg apenas, distribuídos 46% na frente e 54% atrás. Com as bem resolvidas suspensões, potencia e torque abundantes do motorzão Jaguar, e sentados lá atrás, quase em cima do eixo traseiro, sem sombra de dúvida deve ser um carro fantástico para se dirigir.



Williams já produziu 200 carros como este, e sem dúvida logo teremos mais exemplares dele do que o original. Para mim, nada mais lógico e merecido: Juntando o que de melhor a Jaguar já fez (a mecânica dos XJ/XK-E dos anos 60) com a beleza clássica do SS100, a Suffolk SS criou algo muito melhor e mais desejável do que qualquer coisa que tenha saído da linha da Jaguar. É admirável que a tentação de alterar algo na clássica aparência, seja nos pequenos detalhes, seja no resultado geral, tenha sido religiosamente deixada de lado. O carro é um SS100 sem tirar nem por, mas é muito, mas muito, melhor que o original.



Para não dizer que não há falhas, eu pediria o meu sem as placas que imitam freios a tambor, e a imitação de amortecedor de fricção na frente. O carro não precisa disso.

Ao contrário do Singer 911 sobre qual falei esta semana, este carro aperta todos os botões corretos. Posso listar uma dúzia de Porsches originais tão interessantes quanto um Singer, mas não há Jaguar tão incrivelmente correto quanto esta réplica que junta o melhor da empresa.

Eu sei que quero um, no mais escuro negro possível.

MAO