Proposta vai ao encontro do programa lançado pela FIA para criar estágio entre o kart e a F3. Na F1 a Sauber define mais uma vaga e Kamui Kobayashi conversa com Caterham.
Mais do que criar uma categoria escola em moldes profissionais, a proposta da Mitsubishi Brasil de desenvolver o projeto de lançar a F-4 no Brasil quebra um jejum de muitos anos: a participação direta e oficial de uma fábrica em uma categoria de pista. Se a existência de equipes oficiais de fábrica nos anos 1960/70 semeou gerações de campeões mundiais, a debandada dessas empresas trouxe resultados nefastos ao esporte, conseqüências amplificadas pelo descaso com que os dirigentes tratam o setor: não há indícios de que a atual administração da Confederação Brasileira de Automobilismo tenha feito algum gesto formal de aproximação com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) ou seus associados.
Mais do que uma nova proposta ou
novo projeto, algo bastante comum no automobilismo brasileiro dos últimos anos,
o novo projeto parece destinado a ter sucesso maior que as recentes categorias
lançadas no País nos últimos anos. O histórico da Mitsubishi brasileira no
esporte na modalidade off-road e mais recentemente com a Lancer Cup, além do
autódromo Velo Città, em Mogi-Guaçu, dão lastro à proposta, que segundo uma fonte ligada ao projeto, seguirá
padrões internacionais:
"A idéia é seguir a
regulamentação da FIA (Federação Internacional do Automóvel) para a F-4.
Pretendemos lançar a categoria em 2014 com um grid entre 10 e 15 carros”
Pietro Fittipaldi disputou a F-4 britânica em 2013 (foto Darren Hurrell) |
Segundo o regulamento da FIA para
a categoria, os competidores de um dado campeonato podem usar qualquer tipo de
chassi homologado, mas devem usar motores iguais; na Inglaterra e na França a
motorização vem do Renault Campus. Além disso, para a homologação do certame é
exigido um programa de três anos e “aconselha-se” um calendário de 7 a 8
rodadas sendo que cada evento terá duas sessões de treino (entre 30´e 45´), uma
prova de classificação (entre 20´e 30´) e três corridas de 30 minutos. Detalhe
importante: a entidade internacional
incentiva a realização de treinos livres sem restrições, algo proibido e que praticamente sepultou a Fórmula Future, da Fiat, lançada por
Felipe Massa num passado recente.
Por enquanto não há definição do carro
que será usado na possível F-4 brasileira, mas o piloto Renan Guerra já realizou
cerca de 500 km de testes em Mogi-Guaçu com um chassi construído por José
Minelli e equipado com o motor do Mitsubishi Lancer, original, que tem 165 cv,
algo superior à faixa de 140/160 cv preconizada pela FIA. O veículo tem
dimensões próximas de um F-3 e está equipado com uma caixa de cambio seqüencial
Sadev, de seis marchas e está com pneus Pirelli iguais aos usados
pela F-3 brasileira. O programa de testes prossegue em fevereiro, sempre na pista
do Velo Città, quando, segundo a minha fonte, “dois ou três pilotos serão convidados a
participar do processo de desenvolvimento. Além de avaliar diferentes estilos
de pilotagem também será analisada uma caixa Hewland”.
Em janeiro, um representante do projeto viaja
para a Europa para visitar possíveis fabricantes de chassis e pesquisar
fornecedores de peças. É bem provável que a escolha do fornecedor recaia sobre
um fabricante do exterior: o regulamento da FIA impõe o uso de chassi em compósito de fibra
de carbono, algo ainda antieconômico para o mercado brasileiro. No Japão foi
adotado um modelo de construção que usa este material sem honeycomb
(colméia), solução que barateia o veículo e facilita a construção por
construtores de pequeno e médio porte.
A Índia usa uma solução bastante simples (foto motorracingindia.com) |
Construtor consagrado nos anos
1970/80, quando conquistou títulos nacionais e regionais na F-VW 1300 com o
piloto Elcio Pellegrini, nos últimos tempos José Minelli mantém-se ativo fabricando
peças especiais para carros de competição. Nos últimos meses ele foi convidado
pela Federação Gaúcha de Automobilismo a produzir peças de reposição para os chassis
usados na F-Júnior disputada no Rio Grande do Sul e que emprega monopostos que
já não não mais fabricados; além disso ele também fornece e desenvolve equipamentos especiais de competição.
Em meio a pressões de Jean Todt e
das equipes de meio e fundo de grid para que seja estabelecido um teto
orçamentário na F-1 em 2015, a categoria segue vivendo um período de grandes e
inúmeras contratações. Mais do que reforçar possíveis perdas, a razão desta
agenda é, indiretamente, aumentar os gastos para assegurar um teto mais alto
caso a medida entre em efeito. Ao praticar um orçamento mais alto as chances de
manter um teto mais elevado após a possível limitação ficam maiores.
Entre as últimas mudanças estão a
ida de Mark Ellis e Gilles Wood, respectivamente responsáveis por dinâmica de
veículos e engenheiro-chefe de simulação e análises na equipe Red Bull. Ellis
volta para a Mercedes — onde trabalhou nos tempos que a equipe Honda ocupava o
local —, como diretor de desempenho, enquanto Wood ocupará uma posição similar.
Além deles, a equipe campeã também perdeu seu chefe de aerodinâmica, Peter
Prodromou, que após um período de desaquecimento — algo que os ingleses chamam
de “gardening leave” —, começa a trabalhar na McLaren.
Esta manobra é adotada por todas
as equipes e tem como objetivo impedir que a mudança de emprego se transforme
em uma forma de comprar segredos e pesquisas dos adversários. Até o momento a
única mudança formalizada, e divulgada, nos quadros da Red Bull foi a promoção
de Pierre Wache como substituto de Ellis e Wood. Wache ingressou na equipe em
março e veio da Sauber; anteriormente o francês trabalhou na Michelin.
Alguns pilotos já escolheram os
números que adotarão a partir do Campeonato Mundial de F-1 de 2014. Enquanto o
alemão Sebastian Vettel usará o número 1, primazia do campeão reinante, Sérgio
Perez adotará o 11, Fernando Alonso optou pelo 14, Felipe Massa pelo 19 e Valteri
Bottas pelo 77. Alonso alega que no dia 14 de julho de 1996 ele tinha 14 anos de idade e
venceu o Campeonato Mundial de Kart usando esse número; Massa competiu no
Brasil com o número 19 e Bottas adotou o 77 por razões mercadológicas: explorar
os dois “T” do seu sobrenome.
Carlos Slim,
o homem mais rico do mundo, garantiu a continuidade de Esteban Gutiérrez na
equipe Sauber pelo quarto ano consecutivo e segundo como piloto oficial. Mais
do que definir a formação da esquadra suíça para 2014, Slim provocou algum
alvoroço continental ao explicar as razões de sua decisão:
“Estamos
orgulhosos de continuar sendo parte da Sauber F1 e consolidar nossa história de
sucesso no esporte a motor, particularmente na F-1 e do nosso programa de
desenvolvimento de pilotos mexicanos e latinos...”
Proprietário
das lojas Sanbors e dos monopólios de telefonia fixa e móvel no México, Slim
tem grandes interesses no continente, incluindo o Brasil onde atua através da
Claro. As últimas três vagas disponíveis estão na Caterham Renault (duas) e na
Marussia Ferrari. Especula-se a volta do japonês Kamui Kobayashi para ocupar um
dos carros da primeira.
Kobayashi pode voltar à F1 pela Caterham (foto Sauber Motorsport AG) |
Até agora este são os pilotos confirmados para 2014:
Red Bull-Renault: Sebastian Vettel e Daniel Ricciardo
Mercedes: Lewis Hamilton e Nico Rosberg
Ferrari: Fernando Alonso e Kimi Räikkönen
Lotus-Renault: Romain Grosjean e Pastor Maldonado (*)
McLaren-Mercedes: Jenson Button e Kevin Magnussen
Force India-Mercedes: Nico Hulkenberg e Sergio Pérez
Sauber-Ferrari: Adrian Sutil e Esteban
Gutiérrez
Toro Rosso-Renault: Jean-Eric Vergne e Daniil Kvyat
Williams-Mercedes: Felipe Massa e Valtteri Bottas
Marussia-Ferrari: Jules Bianchi, a definir
Caterham-Renault: a definir as duas vagas
(*) Motor não confirmado
Precisamos mesmo de categorias de base. Com urgência. Tomara que a mitsubishi se empenhe no projeto.
ResponderExcluirMarcus Lahoz,
ResponderExcluirEnorme prazer ver que você reservou alguns minutos da véspera de Natal para comentar esta notícia.
Certamente o histórico da Mitsubishi permite esperar uma proposta séria.
Boas festas para você e sua família.
Wagner
Wagner.
ExcluirGosto muito do site (ou blog). Então sempre é um prazer ler as noticias.
Gosto bastante de seus posts, são sobre competição e acho muito bacana.
Sobre a mitsubishi; pelo histórico deverá ser bom mesmo; mas o precisa mesmo
é uma recapitulação do automobilismo.
Provas em conjunto seria uma boa; afinal por que não fazer a f-4 junto a stock?!
Teria público para as duas, e assim mais patrocíonio para as duas.
Também acho que o nacional de marcas podia ser junto a outras categorias de base (como os estaduais de marcas e pilotos).
Boas festas a você e sua família também!
Marcus,
ExcluirObrigado pelo prestígio da sua leitura.
Tal qual em outros segmentos comerciais, a inclusão de uma determinada categoria em determinado circo é mais complexa do que nós, entusiastas do automóvel e do automobilismo, julgamos ser ideais.
Triste realidade, boa parte do sucesso dos eventos da Mitsubishi se deve ao fator independente que Eduardo Souza Ramos aplica em seus empreendimentos.
Com relação aos campeonatos estaduais de marcas e pilotos enquanto não houver um regulamento único e aplicado nacionalmente a especialidade terá dificuldades para consolidar todo o seu potencial mercadológico e técnico.
Agradeço seus votos de boas festas e mando
Forte abraço,
Wagner
Da rica época que os nossos stock tinha o "nacional" motor 4.1 de Opala e brigavam com Mavericks e Dodges com seus maiores e pesados V8..... tínhamos a classe 1600 onde Escorts davam show nas curvas mas apanhavam feio dos Passats nas retas....
ResponderExcluirHoje não temos nada a não ser as categorias nanicas que sobrevivem com o extremo esforço.
"Nunca na história deste país" foi tão vergonhoso falar em automobilismo.
Milhões são jogados pelo ralo no maior pão e circo da história, a copa do mundo.
Este definitivamente não é um país sério. E nunca será.
Que a Mitsubishi tenha sucesso na empreitada!
Nicolas,
ExcluirVocê descreveu muito bem a realidade do nosso automobilismo. Quem sabe algumas coincidências entre um ex e um atual presidente ajudem a explicar...
Abraços e boas festas.
Wagner