google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014)


Bill outro dia disse no seu ótimo post SOBRE JEEPS E DESPEDIDAS: "Ninguém é realmente dono de um automóvel, sendo apenas seu portador durante algum período". No caso do carro acima, um Oldsmobile Cutlass 1967, isso só se aplica porque os donos anteriores faleceram.

Explico: o Olds foi importado pela avó da Ana Paula, minha esposa, há 42 anos. Pelo que pude apurar, foi utilizado regularmente, guiado por seu marido, até o final da década de 70, quando um Opala lhe tomou o lugar de carro do dia-a-dia. Cheguei a conhecer o avô da Ana, achava engraçado o jeito dele pronunciar o nome do carro, era sempre um 'kát-lass' bem acentuado.

Logo que comecei a namorar minha esposa, meu sogro me falou sobre esse carro. Fiquei interessadíssimo, afinal não era um carro qualquer que passou de mão em mão, ou que sofreu restaurações, e sim um exemplar que estava na família desde os primeiros km rodados. Nessa altura, meados dos anos 90, já não era carro para se usar toda hora. Meu sogro saía com ele de vez em quando, e à medida que fui ganhando a confiança dele, passei a guiar o carro também. Lento, mas suave, uma delícia. Carro para guiar sem pressa, suspensão bem macia, bancão inteiriço, ao melhor estilo sofá da sala de estar. O seizão lá na frente ronrona, sempre girando baixo, direção levíssima, que dá sempre a impressão de estar conectada a lugar nenhum. Hoje está conosco, e se depender de mim, só sai de nossa propriedade por herança.

É a antítese do muscle car, pois sob o capô há um seis-em-linha 250, igual ao nosso 4100 do Opala. 155 hp brutos, 1 tonelada e meia, caixa automática Powerglide (na linha Olds se chamava Jetaway) de 2 marchas e diferencial longo (abaixo de 3:1). Freio a tambor nas 4 rodas. Para completar, carroceria 4 portas com coluna, rodas aro 14". Totalmente sleeper, e não só no visual. Com pouco mais de 40 mil km rodados (o velocímetro em km/h foi um dos opcionais pagos à parte), porém com mais de 40 anos de idade, espanta pela confiabilidade. Tenho dificuldade de andar com ele toda semana, e já aconteceu de ficar meses parado por conta da correria do dia-a-dia. Isso não o abala, basta jogarmos um pouco de gasosa no carburador, e ao virar a chave, ele acorda na hora. A simplicidade mecânica dos carros americanos ajuda muito nisso.

Tenho dois meninos, e os dois adoram o carro. Portanto, acho que esse ainda fica sendo membro da família por muito tempo. E fica também como exceção à regrinha do Bill.


P.S. - Ainda pretendo ir com ele ao encontro de autos antigos de Águas de Lindóia. Ir navegando pelo asfalto tal como um couraçado americano, pronto para o embate caso algum cruzador japonês atravesse seu caminho.





Como o leitor pôde perceber, boa parte da equipe do AUTOentusiastas esteve presente em Águas de Lindóia neste feriado. Este que vos escreve também deveria ter ido, mas infelizmente não pude estar presente por problemas técnicos.

Madrugada de segunda-feira, tudo pronto para a viagem de 173 km, saindo do meu recanto paradisíaco ao pé da serra de São Pedro, outra estância turística do Estado de São Paulo. Parada rápida no posto, tanque cheio, pneus calibrados, níveis de água e óleo dentro do normal. Um copão de café bem preto e um pão na chapa, é hora de queimar o chão.

Um pouco antes de Águas de São Pedro (decidi evitar a rodovia SP-191), o ponteiro do termômetro subiu muito além dos 90 graus habituais. "Alguma mangueira abriu o bico", pensei comigo mesmo. A luz de advertência não acendeu, o que me permitiu conduzir o carro bem devagar até o primeiro posto e logo abrir o capô para verificar o motivo da temperatura anormal.


As mangueiras estavam em ótimo estado, mas o vaso de expansão estava praticamente vazio. Para onde havia ido a água? Comprei uma garrafa de dois litros de água mineral e fui completando o nível aos poucos, com o motor em funcionamento. Não demorou muito e o vazamento logo apareceu: uma minúscula rachadura na carcaça da bomba d´água.

Naquele momento agradeci a Deus por ter evitado a SP-191, pois naquela rodovia a cidade mais próxima de São Pedro seria Charqueada, distante cerca de 20 km. Teria parado no meio do caminho, sem uma alma viva a quem pedir socorro e provavelmente teria de esperar umas 2 horas até que o socorro da seguradora chegasse.

Porta-malas aberto, peguei o meu "kit McGyver" e não pensei duas vezes: saquei o Durepóxi, preparei a massinha e me deitei embaixo do carro, modelando a resina com cuidado para que não pegasse na polia da bomba. Um empurrão com o canivete e em apenas 15 minutos o meu quebra-galho estava pronto, duro como uma rocha.


Até pensei em continuar a viagem, mas achei melhor não arriscar. O mais prudente seria voltar para casa, comprar uma bomba d´água nova e passar o resto do dia trocando a mesma (pra mim, uma grande diversão). Voltei para São Pedro com o olho bem atento ao termômetro, cujo ponteiro manteve-se firme e forte nos 90 graus.

Acabei perdendo o evento em Águas de Lindóia, mas o quebra-galho funcionou tão bem que resolvi vir embora para São Bernardo do Campo com ele, protelando a troca da bomba d´água para depois do feriado (não achei nenhuma bomba d´água nova em São Pedro, apenas porcarias recondicionadas). E deu certo, o reparo de emergência suportou muito bem mais de 200 km sem problema algum.

A falta do termômetro - Ainda no caminho de volta para São Pedro me lembrei que algumas semanas antes tinha ido até uma concessionária Nissan para conhecer o último lançamento do fabricante japonês, o Livina. O carrinho me agradou muito, mas ao olhar o painel senti falta do termômetro.


Um colega tentou me convencer de que hoje o termômetro é inútil, já que nos carros atuais a luz de alerta se acende no mesmo ponto em que o antigo ponteiro saía da posição padrão. É óbvio que tal explicação não me convenceu nem um pouco e acredito que muitos compartilham da mesma opinião: trata-se apenas de uma economia porca, uma redução de custos muito cara-de-pau por parte de alguns fabricantes.

O termômetro deve sempre estar presente, trabalhando em conjunto com a luz de advertência, que não o substitui em hipótese alguma. É um instrumento extremamente útil ao motorista por permitir a decisão de se parar o carro imediatamente ou não.

Todo mundo já vivenciou alguma hipótese em que simplesmente não é conveniente (ou mesmo possível) parar o carro. Pode ser um viaduto, uma estrada sem acostamento ou mesmo um bairro ermo e perigoso, existem situações em que é melhor seguir adiante em busca de um local seguro para parar o carro. O termômetro permite que o motorista tenha essa noção de julgamento, mas a luz de advertência solitária não.


Certa vez, estava dirigindo o carro de um conhecido e o termômetro indicou um acentuado aumento na temperatura do motor. A estrada era péssima (SP-308, a "Rodovia do Açúcar"), praticamente deserta. Bastou aliviar um pouco a marcha e foi possível chegar até um posto, onde constatei que o nível de água do radiador estava muito baixo.

Foi só completar o nível e seguir viagem, sem maiores sustos. Agora imaginem se no lugar do painel existisse apenas uma luz de advertência, sem uma indicação clara da real situação da temperatura. Acho que eu até conseguiria administrar a situação, mas duvido que um motorista leigo fosse capaz de fazer o mesmo.

Outra vantagem inegável do termômetro é permitir ao motorista saber se a temperatura do líquido de arrefecimento está baixa demais. Também já aconteceu comigo uma vez, trafegando a 120 km/h na SP-348 (Rodovia dos Bandeirantes): temperatura muito baixa, com consumo exagerado. Na mesma hora concluí que o problema estava na válvula termostática, bastou a troca do componente para que tudo voltasse ao normal.

E se fosse num carro sem termômetro? Provavelmente apenas uma luz genérica de anomalia ficaria acesa, sem me dar a real noção do que estava errado.


O termômetro foi um dos primeiros instrumentos a ser adotado nos automóveis no começo do século XX, em uma época em que os sistemas de arrefecimento ainda operavam por termo-sifão (sem bombas d´água para rachar etc.). Do popular Ford até o mais aristocrático Hispano Suiza, até a década de 20 praticamente todos tinham um Boyce Motor Meter sobre a tampa do radiador, simples ou ornamentado.

A falta de praticidade (e os constantes roubos) fizeram com que o termômetro migrasse do topo do radiador para o painel de instrumentos. Isso tornava o instrumento menos frágil e mais prático, solução adotada hodiernamente pelos fabricantes mais sérios.

Definitivamente, não pretendo comprar nenhum carro que não tenha um termômetro no painel de instrumentos. Considero uma verdadeira falta de respeito com o consumidor, por melhor que o produto possa ser, caso do Nissan Livina, Honda Fit e inúmeros outros. Nada justifica essa economia porca.
Na segunda-feira eu e alguns dos AUTOentusiastas fizemos um bate-e-volta para o 14o Encontro Paulista de Autos Antigos em Águas de Lindóia.

Chegamos lá bem cedo e até as 10h30 me concentrei nas fotos. Depois disso encontrei o Bob, o Arnaldo, o Marco Antonio Oliveira e o Bill Egan. A partir daí conversamos bastante e encontramos muitos amigos até a hora do almoço. Depois do almoço o sol estava muito forte e deu uma grande preguiça de refazer todo o percurso para anotar os detalhes dos principais carros fotografados.

Mas como dizem que uma imagem vale mais que mil palavras, decidi postar algumas das fotos mesmo sem um descrição mais detalhada dos modelos. Pelo menos assim os que não puderam ir vão ver o que perderam.

 
 


Nota: segundo o Bill Egan, o Mustang amarelo da última foto é uma réplica feita em fibra.

O ano de 2008, até agora o melhor da nossa indústria automobilística, teve 12 lançamentos de novos automóveis nacionais. Este número não leva em conta novas versões, motorizações flex ou reestilizações light. Alguns desses lançamentos podem ser considerados "face-lifts" incrementados, caso do Peugeot 207; outros, "new body-skin", como o New Toyota Corolla; ou até os completamente novos, caso do New Honda Fit, Fiat Linea, Novos VW Gol e VW Voyage. Citei apenas alguns exemplos para ilustrar e não perder o tema.

Times de projetos dos fabricantes dedicaram-se meses a fio, ao longo de suas etapas até o lançamento, sempre com expectativas de serem bem-sucedidos no mercado.

Passado o período pós-lançamento, notamos que as vendas para uns não aconteceram e para outros, parecem estar acima da própria crise. Micos e sucessos. Novo Ford Focus? Mico; Fiat Linea? Mico; Peugeot 207 hatch? Mico; Novo VW Gol? Sucesso absoluto. Voyage? Idem; Fiat Palio Weekend Adventure? Sucesso. New Corolla? Sucesso.

Seguramente há excelentes carros entre os micos. Porém, é sabido que sucesso não é por acaso. Fracasso, tampouco. Que somente o fator produto não é suficiente. O que deu certo e por que deu certo? O que deu errado e por quê?

Fácil seria subestimar o mercado e transferir a responsabilidade das baixas vendas aos compradores que não souberam entender o carro, aos concessionários, que não entendem os compradores ou não sabem vender etc. Mas cada projeto custou dezenas de milhões de reais, ou até centenas aos fabricantes e essa ótica simplória pouco ou nada ajudará para reverter as coisas, menos ainda para torná-los bem-sucedidos na próxima empreitada.

Não cabe a esta coluna tentar diagnosticar cada um dos micos, nem relacioná-los de alguma forma aos fabricantes, modelos, segmentos, mercado etc. Mesmo porque carecemos de elementos que nos permitam ir mais fundo na análise. Porém, se nos permitirmos pensar que há empresas que vêm construindo sucesso de forma perene e que por trás dele deve haver fatores-chave, é aqui onde eu queria entrar com uma analogia.

O jogo de xadrez é tido como um dos exercícios de estratégia mais antigos que existe. Estudando os fabricantes que estão hoje ganhando mercado e volume de produção acima da média com pouco mais de profundidade, conseguimos entender que o planejamento estratégico deles é um diferencial. Que discussões sobre estratégias a serem adotadas, nas fases que antecedem os projetos e nas que o acompanham, têm participação da alta administração, com direito a vários "loops" e, mais que isso, a estrutura definida para os projetos, só permite que sigam adiante quando as questões básicas estão devidamente encaminhadas. Como se fossem os fatores considerados, antes da próxima mexida de um peão, torre, cavalo ou rainha, mas com várias cabeças ajudando o jogador principal.

E o jogo corporativo? Existe em todas empresas, mas também noto que, quanto pior este, pior vão os projetos. A próxima jogada é mais relevante.


Vinha pensando nisso há algumas semanas, preocupado com a quantidade de micos de 2007-2008, não só no Brasil, mas em vários mercados e segmentos e como eles têm afetado as empresas e seus parceiros neste momento de crise.

O post do Milton, na semana passada, mostrava a resposta da BMW a uma provocação da rival, em um outdoor que continha uma menção ao jogo de xadrez. Não por acaso! Sei também que se o sucesso viesse para 100% dos projetos de todos os fabricantes, não haveria alternância de posição no mercado, mas sigo questionando se em todos os micos não faltaram discussões estratégicas de maneira suficiente.

Se todos eles foram adiante, com suas questões-chave bem resolvidas e, por último, antes de entrarem os próximos projetos, com a missão de recuperar fracassos, se haverá análises maduras e desprendidas em torno dos principais processos atuais.

Estamos precisando de mais jogadas de mestre!