google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014): instrumentação
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O futuro do autorama pode estar no futuro dos jovens engenheirandos
Nas três primeiras partes deste artigo, comentei duas grandes experiências não convencionais envolvendo alta tecnologia e autorama. Elas chegaram, passaram, mas deixaram frutos que, semeados, formam muito da minha base como profissional e como pessoa.

Mas será que essa experiência não poderia ser aproveitada? E se fosse multiplicada entre os jovens?

Novas aventuras

Hoje, eu diria que já atingimos um ponto onde boa parte dessa brincadeira com autorama perdeu a graça. Os smartphones que levamos nos bolsos tem potência computacional superior aos maiores supercomputadores daquela época. Acelerômetros, magnetômetros, GPS que naquela época eram sensores enormes, hoje estão dentro dos chips dos celulares.

Um microcontrolador desses dentro de um carrinho ou de um acelerador e um pouco de treino para a eletrônica embarcada, e o principiante vai brigar de igual para igual com o melhor piloto do campeonato regional, isso se ele não se mostrar ainda melhor.

Como diz o velho ditado, se macumba ganhasse jogo, o campeonato baiano terminaria empatado. Se houver a introdução em larga escala de sistemas de controle eletrônico avançados cada vez mais baratos sobre carrinhos de autorama tecnicamente perfeitos, somente a aleatoriedade nas corridas será capaz de definir um campeão. Em vez de um esporte de capacidade e habilidade, ele se torna um jogo de azar.

Vejam este controlador eletrônico moderno:

Controlador com recursos que facilitam a condução dos carrinhos


Próximo passo: o autorama autônomo

Vimos na primeira e segunda partes deste artigo como me envolvi com uma corrida tecnológica do autorama, realizada por estudantes entusiastas. Cerca de sete anos após essa experiência tive outro contato não convencional com o autorama.

Segunda aventura: a automação do autorama

Era 1990, oitavo semestre da faculdade, curso de mecatrônica. Havia uma matéria onde tínhamos que pensar num problema e solucioná-lo através do projeto de automação de uma máquina. Era uma matéria puramente especulativa, sem necessidade de se criar o projeto real.

A maioria dos colegas partiu para resolver problemas práticos, quase todos industriais. Um colega partiu para algo bem diferente. Mais ousado, ele partiu para automatizar realmente uma velha máquina de tricô Lanofix, muito conhecida nos anos 1970 pelos comerciais de TV. Essa máquina geralmente tricotava blusas com padrões a partir de cartelas perfuradas (como os cartões perfurados dos computadores antigos), e ele automatizou esta parte também, permitindo recriar qualquer padrão de qualquer tamanho, sem ficar preso às cartelas perfuradas que se desgastavam.

Antes que alguém pergunte, meu projeto foi de uma máquina que produzia cortinas com contas de acrílico colorido, partindo de fotos para criar o padrão gráfico da cortina. Nada a ver com automóvel, mas saía bastante do arroz-com-feijão que todos faziam nessa matéria. Isso contava bons pontos no final. Cheguei num ponto  bem próximo de fabricar um protótipo funcional.

Outro colega, entretanto, partiu para o projeto de automatizar um carrinho de autorama, e fazê-lo realmente funcionar com o máximo desempenho possível.

Eu sei que se vocês pesquisarem na internet acharão projetos de automação de autorama às pencas, mas um projeto desses há 23 anos era inovador. Mas não é isso que o tornou relevante. É a idéia que tem por trás dele que é revolucionária, porque era um projeto poderosíssimo feito a partir do máximo de minimalismo. Automatizar o autorama em si era o menos importante. O importante era criar um experimento de prova de conceito.

A idéia original desse sistema tinha surgido na cabeça desse meu colega no meio das conversas com outros da mecatrônica, e ele não conseguia tirá-la da cabeça até experimentar. Ele passava horas rabiscando papéis tentando achar falhas nas idéias e conversamos muito durante essa fase embrionária. Aí veio a matéria e ele decidiu implementá-la.