google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014): educação no trânsito
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Em países como o Brasil, grandioso em território, os grandes centros urbanos parecem ser sempre o principal destino dos aventureiros em busca de melhores oportunidades, emprego e condições de vida. Cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte são grandes receptores de migrantes das suas zonas periféricas, ou mesmo de outros estados.

É bem comum ver o choque destes migrantes de pequenas cidades quando se deparam com cidades como São Paulo. É outra realidade, outros costumes, outro rítmo de vida. Mas, entretanto, dificilmente vemos o lado inverso, a diferença dos hábitos de quem sai de um grande centro para uma cidade pequena do interior do estado.

Uma parcela curiosa destas diferenças de costume, e por que não dizer culturais, é o trânsito urbano. Quem sai de uma pequena cidade e chega em São Paulo se assusta com o caótico trânsito e congestionamentos. Estão por todos os lados, buzinas e semáforos, lei da selva e cada um por sí. Mas raramente pensamos no contrário, como é que uma pessoa acostumada com o caos da cidade grande vê as diferenças para uma cidade menor.



Repare bem na foto acima: É a foto de uma rodovia do Distrito Federal chamada EPTG – Estrada Parque Taguatinga (Seria "Estrada Parque" uma tradução ao pé da letra de "Parkway", um dos termos usados nos EUA para vias expressas?).

Recentemente ampliada, ela conta com 4 largas faixas de tráfego, asfalto bem liso e bom escoamento de água para os dias chuvosos. Conta ainda com uma pista marginal de duas faixas para acesso aos bairros que ficam às suas margens, de forma que suas entradas e saídas são todas oblíquas, para que os carros tenham um bom espaço para aceleração e desaceleração. Seu limite de velocidade é 80 km/h, que considero baixo para uma via com estas características, pois 100 km/h seria perfeitamente seguro ali, talvez até 110 km/h pudesse ser adotado com total segurança.

O ponto onde a foto foi tirada (15º49'36"S, 48º1'47"O) é o início de uma descida. Esta descida se estende por 1,6 km, com uma declividade média de 5%. A curva que pode-se ver ao fundo está a 2,2 km adiante de onde a foto foi tirada. Como se nota, tirei a foto a partir do acostamento, por segurança.
Foto: Autor
Como venho dizendo aqui no AUTOentusiastas, está faltando engenharia de tráfego no Brasil. O que está à frente do meu carro é uma junção de ruas, isto é, a pela qual eu vinha  - rua do Rocio - morre em outra  - rua Ramos Batista -, a primeira perpendicular à segunda. O bairro é a Vila Olímpia, em São Paulo. 

É evidente que ali não é um cruzamento. Entretanto, abaixo dos dois semáforos está escrito (ficou um pouco longe) "Nunca feche o cruzamento".

Sexta-feira, final de tarde e com chuva. Marginal do Tietê parada, caras de poucos amigos pra todos os lados. Mais à frente uma carreta quebrada estrangulando a passagem para um tráfego tão difícil. Carros da faixa obstruída precisam mudar de faixa para continuarem, mas quem abre espaço? O motorista passa pela carreta avariada, diminui e dá uma olhadinha.

É o caos. Hora e meia pra cruzar pouco mais de uma dezena de quilômetros.

Chego em casa e ligo a TV. Logo algum canal mostra imagens de helicóptero, exibindo a longa e lenta corrente sobre a pista.

Espere um instante. Eu já vi isso em algum outro lugar. Será que aquilo não teria algo a ver com isto?


Estranhamente, a linha de tráfego lembra um caminho de formigas. E formigas podem formar caminhos tão ou mais densos de tráfego quanto nossas ruas. Mas com uma diferença.

Alguém já viu algum congestionamento de formigas? Alguém já viu um caminho abarrotado de formigas paradas pela simples densidade de tráfego? Eu pelo menos nunca vi, por mais denso que estivesse o caminho.

Haveria algo que as formigas sabem e que ainda nos falta aprender para ao menos aliviar o problema de tráfego? Sim, há.

Formigas, abelhas e cupins, entre outros, são insetos com uma característica marcante que durante anos intrigou os cientistas.

Cada indivíduo possui capacidades físicas e de inteligência bastante limitadas, até mesmo quando comparados com outros insetos de hábitos solitários, porém a massa da colônia se comporta como um organismo extremamente organizado e inteligente, capaz de resolver problemas extremamente complexos até para nós.

Os biólogos não conseguiam reconhecer quaisquer sinais de uma inteligência central que conseguisse guiar cada formiga ou abelha individualmente a grandes distâncias da colônia, mas o comportamento inteligente era inegável.

Eles não achavam porque estavam procurando no lugar errado.

Em 1986, Craig Reynolds, especialista em computação gráfica e inteligência artificial, publicou um trabalho que sintetizava um conjunto de observações que ele havia feito de revoadas de pássaros e grandes cardumes de pequenos peixes.

Ele propôs um modelo onde cada indivíduo do "enxame" seguia apenas três regras simples:
- Coesão: mover-se para uma posição média entre os indivíduos mais próximos;
- Separação: mover-se na direção oposta ao do indivíduo ou objeto com que se possa colidir, mantendo uma distância de segurança;
- Alinhamento: Alterar a direção e a velocidade até que elas concordem com as médias observadas dos indivíduos mais próximos.

Craig Reynolds criou uma simulação em três dimensões de um conjunto de seres animados que seguiam estas regras. Aos seres virtuais ele deu o nome de "boids".

Os boids são hoje considerados a primeira forma de vida artificial a ser criada. Aqui se pode ver algumas simulações destes boids:
http://www.dcs.shef.ac.uk/~paul/publications/boids/index.html
http://cmol.nbi.dk/models/boids/boids.html

As três regras básicas dos boids possuem uma sutileza não observável à primeira vista.

Como cada boid decide o que irá fazer baseado na média de seus semelhantes mais próximos, o sistema é altamente colaborativo e resistente a falhas.

A tecnologia boid tem sido palco de várias linhas avançadas de pesquisa em robótica e automação.

Alguns especialistas debatem se o controle de vôo baseado em comportamento boid não seria um modelo melhor do que o utilizado atualmente.

Formigas seguem regras de natureza boid enquanto caminham. Elas não seguem regras semelhantes às humanas, como faixas de rodagem, sinalizações de movimento (lanternas, setas, luz de freio). Seu modelo de movimentação é de um "caos organizado", e o modelo colaborativo permite a cada formiga se mover para onde decidir sem ser barrada pelas outras formigas. Isto cria um fluxo com menores atritos internos, e que por isso move-se com menor dificuldade.

Quando o fluxo de formigas encontra um estreitamento (passagem no meio das pedras, por exemplo), o estrangulamento do fluxo tende a aproximar as formigas, e a regra de separação obriga as formigas a andar mais rápido neste trecho, enquanto a regra de coesão as faz diminuir a velocidade quando saem dele. Assim o fluxo de formigas permanece constante apesar do estrangulamento. Por isso não vemos formigas paradas como num congestionamento humano.

Em comparação com as pouco inteligentes formigas, nós, humanos, temos que negociar mudanças de faixa e nem sempre o outro motorista abre o espaço necessário. Também diminuímos nossa velocidade num estrangulamento de um acidente por mera curiosidade.

Enfim, apesar de nossa maior inteligência, temos um comportamento muito menos colaborativo.

A lição que as formigas têm a nos dar é exatamente a de que se cada veículo apresentasse um comportamento altamente colaborativo, teríamos um trânsito muito melhor que o atual. Não dá para garantir um trânsito sem congestionamentos, mas pelo menos algo de melhor qualidade que a atual.

As regras boid poderão futuramente fazer parte da programação de carros totalmente autônomos (que dispensem os motoristas).

Como o modelo boid é altamente tolerante a falhas, carros autônomos com essa programação poderão se mesclar no trânsito junto com carros dirigidos por humanos, e o aumento da frota autônoma progressivamente melhorará as condições de tráfego.

Até lá, que fique a lição das formigas e dos pássaros.

Coopere com os carros que estão ao seu lado para um trânsito melhor e propague esta cultura, ou espere que um computador faça o trabalho de formiguinha por você num futuro talvez nem tão distante.

Dia desses me encontrei no meio de amigos, perdido num papo infindável sobre consumo de combustível. Acho esse assunto até um pouco chato, mas é legal por notar como algo pode variar tanto de acordo com o perfil do motorista. Então aqui vão meus 2 cents:

Quando me vejo confinado ao escuro e sem graça interior do meu carro "normal", "de uso", ou como quiserem chamar, dificilmente consigo me divertir com o trânsito de São Paulo. Concordo que o carro pode até ser divertido, como qualquer outro, numa estrada vazia e boa, mas como isso é realidade no final de semana, ele geralmente está guardado e eu ao volante de algum carro antigo. Então, para evitar desperdiçar aquilo que tanto nos prende hoje, tempo e dinheiro, levo como desafio pessoal em toda viagem pela cidade levar o mínimo de tempo possível, gastando o mínimo de combustível.

Vocês deviam tentar, é simples e divertido: simplesmente evitem frear, ao máximo. Contraditório que possa parecer, frear gasta combustível. É verdade, pois se terá de reacelerar em seguida. E a diversão? Desafiem-se a não frear e reacelerar o mínimo possível, numa viagem qualquer, e verão o quão divertido é tentar conservar a energia que vocês levam...fazer curvas rapidamente, antecipar o trânsito, deixar o carro rodar no
cut-off
da injeção em longas descidas etc...

E, de bônus, atrapalha-se menos ainda o trânsito não freando! Se pelo menos todos pensassem assim...

Ah, querem saber? Baboseira. Eu faço isso pra sobrar mais dinheiro pra comprar um esportivo inglês!!!