google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014): ABS
Mostrando postagens com marcador ABS. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ABS. Mostrar todas as postagens


Há pouco mais de um ano, escrevi para o AE o post “SEGURANÇA A FÓRCEPS”, questionando a iniciativa do governo de, com uma canetada, “resolver” a questão de segurança dos automóveis vendidos no Brasil obrigando que estes sejam equipados com bolsas infláveis e freios ABS (antitravamento) a partir de 1º de janeiro de 2014.

Os maiores de 40 anos devem se lembrar da motonetinha Confuso, do desenho "Carangos e Motocas", que sempre terminava os episódios com o bordão “mas eu te disse, eu te disse”. Pois é, em 19 de julho de 2011 o AE alertou para a possibilidade de algum ou de vários fabricantes colocarem os itens de segurança obrigatórios a partir de 2014 apenas para cumprir a legislação, sem que, contudo, isto representasse um real avanço na segurança passiva do veículo. Mas a legislação, que apenas fala dos itens de segurança, estaria atendida.



Em 18 de março de 2009, o então presidente Lula sancionou a lei 11.910, cujo texto altera o CTB, passando a obrigar que a partir de 1º de janeiro de 2014 todos os veículos novos vendidos no Brasil sejam equipados com airbag,

Em pouco mais de 2 meses o Contran editou as resoluções 311 e 312, a primeira regulamentando a lei e determinando os prazos e porcentuais mínimos em que seriam exigidos os airbags para motoristas e passageiros e a segunda, tornando obrigatório também o uso de ABS.

Entendo a boa intenção dos legisladores nestes casos. O Brasil é um país de demanda automobilística fortissimamente reprimida, ou seja, na prática, o que for posto a venda irá ser vendido, pois a população é ávida por automóveis. Sendo assim, as fábricas aqui instaladas e alguns importadores se aproveitam desta situação, vendendo pelo maior lucro possível veículos que custem o mínimo possível, como forma de maximizar os seus lucros.

Os fabricantes levam a redução de custos ao extremo, tanto que brinco que os carros aqui só saem de fábrica com volante e rodas porque sem eles seria difícil manobrá-los para levar da fábrica ao concessionário. Até no combustível economizam, os carros 0-km são entregues com apenas 1 ou 2 litros de combustível no tanque, de forma que a primeira parada após tirar um carro novinho da concessionária é obrigatoriamente o posto de gasolina mais próximo.

Sendo desta forma, os fabricantes são relutantes a colocar nos carros mais populares, os mais vendidos no país, qualquer coisa que não seja obrigatória por lei, principalmente itens relacionados à segurança, pois aqui no Brasil segurança não "vende": O consumidor prefere pagar 5 mil reais num teto "Sky Window" ou colocar um kit de rodas esportivas e aerofólio a usar este dinheiro para equipar seu carro com airbags e freios ABS. Por sinal, aqui no Brasil estes itens têm um preço muito alto quando são oferecidos, parece que nossos fabricantes acham que segurança é coisa "de rico" e que devem que esfolar bastante os consumidores mais conscientes em relação à ela. Tais equipamentos não teriam por que custar tanto, pois já são relativamente comuns nos países mais desenvolvidos.

Sendo assim, nossos legisladores acharam por bem intervir para por uma ordem nesta situação. Só que normalmente legisladores não possuem muito conhecimento técnico (o que é facilmente comprovável ao vermos a lista dos deputados que são eleitos, são eles que fazem nossas leis) e então acabaram, na boa intenção (ou não, vai saber...) aprovando a exigência de ABS e airbag para todos os carros a partir de 2014.

Por que alguém seria contra isso? Talvez não seja tão óbvio, porque tais itens são itens de segurança, como alguém pode ser contra? O problema, caro leitor, é que estes itens são apenas soluções possíveis, não são as reais causas dos problemas que foram apontados. Explicando melhor: Seria como tornar obrigatório o uso do catalisador, uma vez que ele reduz os índices de emissões. Ótima iniciativa reduzir as emissões. O problema é que o catalisador é apenas uma das soluções possíveis para o problema "emissões".

O Kadett é um exemplo de não ter catalisador até 1996 e atender limites de emissões (foto cargurus.com)
 Suponha um carro totalmente elétrico, que por si só tem emissão zero. Se o catalisador fosse obrigatório, ele teria que vir de fábrica com um catalisador preso embaixo do carro, mesmo sem ter sistema de escapamento, só para atender a lei que diz que catalisador é obrigatório. Mas, em termos de emissões, o legislador foi mais inteligente e fez o que se faz mundo afora: Impôs limites ao PROBLEMA, ao determinar qual o máximo que cada veículo pode emitir. Se a fábrica vai atender esse limite com injeção multiponto sequencial, catalisador, ignição mapeada etc, isso é problema dela, ela deve achar uma solução para o problema de emissões. Pode até ser um carro elétrico, desde que a emissão seja menor do que o máximo permitido pela lei, vale qualquer coisa.

Por isso acho que em vez de obrigar airbag e ABS, a lei deveria ter limitado a distância de frenagem em pânico (que é o que o ABS soluciona) e o máximo possível de ferimentos no caso de uma batida (que é onde o airbag atua). Isso sim seria atacar o problema, sendo que a solução aplicada teria que fazer o veículo atingir tais índices exigidos de solução do problema.

Nos EUA tornaram obrigatório o uso do airbag, mas porque o sistema legal deles tem dificuldade em obrigar o cidadão a usar o cinto de segurança. Na Europa, airbag não é obrigatório por lei, o que existe é a classificação do EuroNCAP , e adivinhem: nenhum carro consegue ter boa classificação sem airbags hoje em dia. Todos acabam saindo com o equipamento, mas não que a lei obrigue a isto. No dia em que inventarem algo melhor que o airbag, pode-se mudar para esta solução.

Proteção é o que importa, independente de haver ou não airbags (Foto bmwblog.com)

Outro problema em fechar na solução é que, para se atender à lei, basta apenas que esta esteja aplicada, independente se é efetiva ou não. Como a lei só indicaria "ABS" e "airbag", nossos queridos fabricantes colocariam os modelos mais baratos destes itens, só para cumprir a legislação, independente de sua eficácia.

Imaginem airbags numa Kombi, por exemplo, protegendo o rosto do motorista, mas continuando a expor suas pernas e tronco da forma que a própria posição de dirigir do veículo os expõe. Iriam estar cumprindo a lei, mas estariam cumprindo sua função?

Por isto, considero que esta lei, apesar das melhores intenções, foi mais um equívoco. Se bem que ela só existe porque falta ao mercado brasileiro uma maior facilidade de importar veículos de outros países, o que aumentaria a concorrência dos importados com as carroças nacionais que nos são empurradas pelos fabricantes aqui instalados.

Neste ponto, parabéns aos chineses que estão chegando, quem sabe a concorrência deles faça nossos fabricantes se mexerem. Bem, a Ford já reduziu em 4 mil reais do dia para a noite o preço do Fiesta com ABS e airbags, itens que o concorrente JAC J3 traz de série. E olha que o J3 paga 35% de Imposto de Importação que o Fiesta não paga...

CMF

Ontem de manhã, ao fim de uma longa frenagem ao chegar a um cruzamento, invoquei inadvertidamente o ABS do Maxima. Sempre que isso acontece, fico meio chateado. E por que isso? Não é uma coisa normal?

Bem, o fato é que, toda vez que isso acontece, tenho a nítida impressão de que o carro me chamou de idiota e tomou o controle, que até então era meu, para si. E isso me irrita profundamente.

Eu não sou um piloto, nem tenho a ilusão de que sou um exímio motorista, mas eu sempre mantive meu carro dentro de seus limites de aderência, principalmente freando. Eu nunca senti necessidade desse ABS, em nenhuma situação que já vivi nesses mais de 25 anos que dirijo. E pior: acredito que com o ABS, estou ficando um motorista pior.

Vejam o caso desse acionamento involuntário de ontem: será que ia travar mesmo? Eu não acredito, mas como a Maxima tem o equipamento, eu nunca vou poder calibrar o pé e prestar mais atenção para não repetir o erro. Vou ter que confiar no tal sistema, cegamente. Em outros carros, chegava a um nível de intimidade com o pedal do meio que nunca chegarei na belonave oriental. E isso é perigoso, já me peguei pensando: "Ah, se precisar frear tem o ABS!", para logo depois lembrar que as leis de Newton não foram revogadas pelo sistema.

Eu realmente odeio isso. Entendo que o sistema exista para incompetentes causarem menos estrago, mas na realidade estas pessoas deviam ser proibidas de dirigir e pronto. Não é o ABS que vai resolver o problema delas.

Além disso, há um segredo muito bem guardado que ninguém comenta sobre o sistema, mas vou revelar aqui para os estimados leitores do AUTOentusiastas: existem situações que o ABS deixa você completamente sem freios.

Flashback: corria o ano de 2005 e o intrépido MAO estava indo do Rio de Janeiro para São Paulo num Gol 1,6 com ABS. Na altura de Guaratinguetá, um acidente fecha completamente a pista, e o MAO segue outros motoristas por um desvio, e acaba se perdendo completamente por estradas de terra do Vale do Paraíba. Já cansado e louco para chegar em casa, começa a andar bem rápido por elas para tentar chegar em algum lugar, logo.

Chegando a uma curva fechada que apareceu repentinamente, minha reação foi automática: pé no freio, rodas travariam por um tempo para tirar alguma velocidade, e faria a curva sem problemas. Mas tinha me esquecido do maldito ABS...Para quem não sabe, quando o terreno é bem acidentado, como costelas de vaca, o pequeno cerebrozinho do maldito sistema se perde totalmente, diz "HÃ?" e te deixa completamente sem freio. A sensação de colocar o pé lá com força e não receber nenhuma desaceleração de volta é desesperadora, terrível e inesquecível. Por pura sorte, consegui ainda fazer a curva não sei como, e não tive que explicar ao meu empregador como destruí um carro de frota no meio do mato quando devia estar na Dutra.

Meu amigo Bob Sharp certa vez me contou que aconteceu a mesma coisa com ele, descendo de BMW a av Jandira em Moema, SP. O asfalto estava horrível perto do cruzamento com a movimentada Av Ibirapuera, e o nosso colega quase acaba atravessando-a, cruzando o sinal vermelho.

O que traria outra pergunta pertinente: quem pagaria a multa por cruzar o sinal vermelho? E se houvesse um acidente grave?

MAO