Foto: Fiat
Airbag e ABS passam a ser itens de série na versão de entrada do Novo Uno |
Mais uma expressão da imprensa automobilística brasileira passa a integrar o quadro de editores do AUTOentusiastas. Agora é a vez de Ricardo Couto, 60 anos, experiente e apaixonado por carros, além de ser um velho amigo. Suas várias passagens por órgãos de imprensa incluem os cadernos de veículos dos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, a revista Oficina Mecânica e o site Carsale, sempre como editor. Por isso, ele tem muito o que contar e compartilhar com os leitores.
Bem-vindo ao AUTOentusiatas, Ricardo!
Bob Sharp e a equipe de editores
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PREÇOS DE AIRBAG E ABS JÁ NÃO ASSUSTAM TANTO
A partir de janeiro de 2014, todos os carros vendidos no Brasil terão de vir equipados de fábrica com airbag duplo e freios ABS, inclusive aqueles de entrada, comumente chamados de "populares". Há poucos anos, a maior preocupação do mercado era quanto desse custo seria repassado ao preço final do carro. A previsão na época é que esse pacote poderia encarecer em cerca de R$ 3.000 o valor do veículo, o que provavelmente ajudaria a derrubar as vendas e inviabilizar seu acesso a uma ampla faixa de consumidores.
Hoje,
com a produção em elevada escala desses itens de segurança no Brasil, esse custo já não
assusta mais as fábricas nem os compradores. Um exemplo mais recente é o
anúncio da Fiat, que apresentou o Novo Uno de entrada com esses dois
equipamentos a um custo extra de apenas R$ 1.000 sobre o preço sugerido do carro básico.
A tendência desse custo é baixar ainda mais. Isso mostra também uma mudança de postura no mercado brasileiro, que já não aceita mais que fabricantes de automóveis abusem de repasses, já que correm o risco de perder participação para os rivais.
Em qualquer área da indústria, o custo de produção sempre foi um fator importante e o será cada vez mais. É ele que determina a viabilidade da fabricação de certo produto ou se este pode ser bem-sucedido no mercado. As novas tecnologias recém-chegadas ao país costumam, em geral, ter um valor mais elevado que as demais, com uma tendência a baixar de preço ao longo do tempo.
Isso está acontecendo com a bolsa inflável e o freio ABS no Brasil, e tende a ocorrer com outras inovações, como a injeção direta de combustível e o turbocompressor (desta vez para os motores downsized, menores em cilindrada e até em número de cilindros), que podem se tornar equipamentos padrão nos carros de entrada nacionais dentro de poucos anos. O novo regime automobilístico brasilero, o Inovar-Auto, que vigorará de 2013 a 2017, tem metas de redução de consumo de combustível e por isso deve acelerar esse processo.
RC
A tendência desse custo é baixar ainda mais. Isso mostra também uma mudança de postura no mercado brasileiro, que já não aceita mais que fabricantes de automóveis abusem de repasses, já que correm o risco de perder participação para os rivais.
Em qualquer área da indústria, o custo de produção sempre foi um fator importante e o será cada vez mais. É ele que determina a viabilidade da fabricação de certo produto ou se este pode ser bem-sucedido no mercado. As novas tecnologias recém-chegadas ao país costumam, em geral, ter um valor mais elevado que as demais, com uma tendência a baixar de preço ao longo do tempo.
Isso está acontecendo com a bolsa inflável e o freio ABS no Brasil, e tende a ocorrer com outras inovações, como a injeção direta de combustível e o turbocompressor (desta vez para os motores downsized, menores em cilindrada e até em número de cilindros), que podem se tornar equipamentos padrão nos carros de entrada nacionais dentro de poucos anos. O novo regime automobilístico brasilero, o Inovar-Auto, que vigorará de 2013 a 2017, tem metas de redução de consumo de combustível e por isso deve acelerar esse processo.
RC
Pois é, até pq os fabricantes adoram passar o preço para o consumidor final como se fosse o mesmo preço para eles.
ResponderExcluirE parece que só o governo ainda acha que o setor precisa de ajuda ou que irá repassar custos e continua dando mole para os fabricantes de carro, que estão com filas de espera e batendo recorde atrás de recorde...
Hoje mesmo saiu mais uma asneira no Estadão, falando em carros com "mil cilindradas de potência" e onde um executivo ameaça que se o IPI voltar ao nível normal mais o incremento do ABS e Airbag o "mercado vai parar, demissões, etc etc" aquela ladainha toda. Dá até sono.
O restante do custo desses equipamentos sairá de outros itens que serão tb "downsizados": chapas mais finas, economias em locais menos perceptíveis, menos acessórios e mais opcionais, e por aí vai.
ResponderExcluirNão sei de onde virá a contrapartida, mas certamente airbag duplo e ABS não saem por apenas R$ 1.000 nem para a própria montadora - sem considerar fatores como lucro, imposto e etc. nos cálculos...
Se existe um ditado que vale sempre, principalmente para a indústria automobilística, é a máxima do capitalismo: "não existe almoço grátis!"
Em verdade, airbags e abs custam bem menos do que mil reais. O kit do ABS é comprado por uns 350 reais, e o kit de airbag duplo custa 200.
ExcluirAnônimo 19/12/12 12:14
ExcluirDesculpe, mas você está supondo algo que não tem fundamento, quase uma acusação. A rigor eu não deveria permitir esse seu comentário, pois é ofensivo à indústria. Espero que não se repita.
OK, o anônimo diz que os equipamentos não custam menos de R$ 1000 - mas sem argumentar com dados.
ExcluirAssim fica fácil...
Nego quer comprar carro com chapa de 1 polegada...
ExcluirAnônimo 19/12/12 13:25 são só esses velores mesmo?? quem diria que por 1000 vc tem eles instalados e com lucro via fabricante.
ExcluirAntonio Gontijo
Anônimo 19/12/12 14:29
ExcluirProdução em serie em alta escala diminui muito o preço do produto.
Quando o Ford começou a produzir, todos os concorrentes custavam mais de mil dólares da época, e o Henry Ford começou a vender carros por setecentos dólares e com o tempo conseguiu baixar para trezentos dólares. Um feito e tanto.
Até parece que montadora vai produzir alguma coisa para não ter lucro...
ExcluirLamentável a postura do Bob, que senta em duas cadeiras, ora ele defende o consumidor, ora defende os abusos das indústrias multinacionais...
Bob, acho que ele se fundamentou com base no Nissan March (Micra) que recebeu apenas 2 estrelas contra 5 estrelas do euroncap. O impacto frontal de ambos é o mesmo e permite comparação. Infelizmente, no modelo vendido aqui, o dummie se deu mal.
ExcluirSeja bem-vindo RC.
ResponderExcluirO custo desses dispositivos de segurança tendem a diminuir muito mais pela impossibilidade de cobra-los extorsivamente, devido à concorrência, do que propriamente pela economia de escala.
ABS e AB já são feitos em largas escalas no mundo todo há muitos anos, só custavam caro aqui porque tinha quem pagasse, "coisa para rico", pensavam. A partir do momento em que serão obrigatórios, magicamente custarão mais barato... porque quem quiser ganhar como antes ficará fora de preço. Ou seja, as margens agora tendem a ser um pouco menores nesses componentes.
E detalhe curioso: AB e ABS por R$3.000 eram "coisa pra rico", de "carro di patraun importadu" mas o mesmo sujeito gastava R$5.000,00 em som, rodas e "farol di milha"...
Excluirsem contar o chennóum....
ExcluirHá muito tempo que o custo de fabricação deixou de ser parâmetro para estabelecer o preço de venda. Hoje, no mundo inteiro, o preço de venda é estabelecido de acordo com a percepção de quanto o mercado está disposto a pagar. Aquela velha conta "custo de fabricação + 5 a 10% de lucro + impostos" foi parar junto com os dinossauros.
ResponderExcluirHS
Foi parar na China...
ExcluirAnônimo 13:02,
ExcluirVocê está corretíssimo. Pena que pouca gente percebe isso, daí os preços exorbitantes de tudo em nosso país.
E ainda acusam as empresas de cartel. Ora, se o produto da empresa X é mais caro e de menor qualidade que o da empresa Y e ainda assim vende mais que o concorrente, por que a empresa X deveria melhorá-lo ou abaixar seu preço?
Algo que já está mais que empregado em larga escala, mas ainda custa uma fortuna, é o ar-condicionado. Para um Mille e um Palio Fire, por exemplo (considerando-se as versões mais básicas de ambos), quem o quiser, terá que desembolsar respectivamente mais 10 e 12% sobre o valor inicial do carro. É muuuuuuuita coisa.
ResponderExcluirSr. Mr. Car, um amigo que trabalha em um dos fabricantes brasileiros de veículos automotores me contou que o ar-condicionado é um sistema bastante complexo, o que demanda equipamentos e colaboradores especializados para a sua montagem. Ele me disse também para não considerar isto como um custo, mas como um investimento, uma vez que proporciona muito conforto para nós e nossas famílias.
ExcluirSim, é complexo. Fora que demanda molas com maior carga na frente, alternador mais potente, sistema de arrefecimento com algum tipo de alteração em relação ao do modelo sem ar...
ExcluirMas o que o Mr. Car quis dizer é que o sistema de ar condicionado é algo muito mais difundido no mercado nacional do que abs e air bag, e mesmo assim o preço não cai.
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirLuke Lisboa, se você olhar no rodapé da página lerá que por aqui não são aceitos questionamentos sobre práticas comercias lícitas e margens de lucro aceitáveis nas quais este blog não interfere.
ExcluirVoce tem razão anonimo, removi meu comentario. Mas eu ainda acho que a explicação dada não justifica o preço. Ao meu ver os intens que devem ser montados a mais são miseros, a maioria e em vez de colocar isso, poe aquilo.. ou seja, não daria mais trabalho na montagem do carro em si(lembrando que muitas partes já chegam prontas na fabrica.
ExcluirNão sei, mas acho que é muito cedo ainda afirmar que o Air-Bag e o ABS não vão impactar no preço de forma mais crítica. Até porque creio que ABS+Air-Bag não custa só 1000 reais a mais. Em contrapartida, em vez do só obrigar as montadoras em equipar os carros com Air-Bag+ABS nos carros, ela deveria isentar impostos destes equipamentos, até porque muitos desses equipamentos são importados. Todo mundo deveria fazer a sua parte e não culpar um "bode espiatório" os males de todos os problemas.
ResponderExcluirH
Mais um anônimo que afirma que o preço não é só R$ 1000 a mais - apenas "porque creio".
ExcluirFatos, pessoal, atenham-se a fatos!
Crer é uma coisa, é apenas uma opinião. Se atermos aos fatos rigorosamente, nem o jornalismo automobilístico exitiriam pois muitos dos dados não estão por aí, são opiniões. Os fatos estão por aí, mas quem têm acesso a elas?
ExcluirH
Mas nunca deveria terem vindo sem estes outros itens mais, e ainda sim deveria custar bem menos que cobram pelos carros "básicos" que devem ter o mínimo de itens de fabrica como: AC, DH, VE e TE em todas as portas, Alarme total, Mostradores de RPM e temperatura, Regulagem da direção e altura dos bancos, painel e acabamento do interior forrados, Cinto de tres pontos para todos os acupantes, Limpadores e desembaçadores, regulagem automatica do facho dos farois, pinturas dos parachoques... qualquer carro normal fora do brasil tem isso de fabrica. É só eles e nós principalmente queremos.
ResponderExcluirAntonio Filho
ExcluirSeria ótimo, mas tudo isso custa.
A Bosch do Brasil produz o ABS em escala de mercado, para exportação, realizando inclusive os testes em pista na cidade de Campinas, dentro da própria fábrica. O produto já é produzido em larga escala, apenas não ficava no mercado nacional.
ResponderExcluirO AirBag é produzido na TRW que fica em Limeira...
O custo não tá baixando pela produção em larga escala, está baixando pois os fabricantes de automóveis estão tentando homogeneizar suas linhas de produção.
Hugo, tenho uma dúvida e talvez você possa me esclarecer. Os Air-Bags nacionais da TRW são montadas com peças importadas ou possum fornecedores nacionais?
ExcluirH
Anônimo das 16:32,
ExcluirExistem vários fabricantes de AirBags, entre elas a TRW, apenas citei ela pois está estrategicamente próxima ao principal pólo industrial automotivo do país, bem como a citada Bosch, mas acho conveniente e importante explicitar que de forma alguma é a única fornecedora desses equipamentos, porém apenas uma delas.
Infelizmente desconheço a origem dos materiais utilizados.
Em meados de 1998, a Petri (hoje Takata-Petri), passou a produzir airbags (para a Renault) e fez o planejamento para uma demanda muito grande e crescente.
ResponderExcluirEntretanto, os carros Renault daquela época (que vinham todos com Airbag de série) nunca foram campeões de venda e os demais fabricantes não seguiu o exemplo.
O fato de este produto só decolar após 14 anos é algo típico do Brasil, não?
A Renault tentou vender carros europeus a preços europeus. Mas aí veio a mentalidade mesquinha do brasileiro: "é ruim de revender, não dá para levar no analfabeto da esquina para consertar, airbag e ABS são mais difíceis de manter, etc."
ExcluirNão fosse a legislação anti-poluição do nosso governo ainda teríamos carros com carburador como campeões de venda, pois "é mais fácil de mexer do que injeção eletrônica".
Há uma boa parcela de culpa dos fabricantes nisso também. Quando tive Monza, lembro-me que o cilindro mestre para o Monza com ABS era indecentemente caro e o para o Monza com freio convencional era muito barato, isso era uma reclamação constante dos integrantes do MonzaClube. Uma vez precisei trocar o cilindro mestre do meu (Classic sem ABS), quando fui comprar a peça, o vendedor confirmou: 56 reais sem ABS, 900 reais com ABS, ambos originais GM (feitos pela Varga). Perguntem se na hora eu não fiquei felicíssimo do meu carro não ter ABS...
ExcluirA peça não é cara por ser exclusiva? Perdoe-me se estou falando bobagem, pois não sei se a peça é compartilhada com outros veículos. Pois apenas o Monza Hi-Tec (de série) e Monza Classic 93 (opcionAL) q tinha ABS.
ExcluirPessoal! Metade do preço de compra fica com o sistema sofisticadíssimo de distribuição social de nossa amada aldeia...A outra metade, ou o dobro ou o triplo fica por conta da malandragem, lei da oferta e procura ( mercado ) e da ansiedade de um ou muitos usuários em ter alguma novidade ...
ResponderExcluirPois me dei mal por um intervalo de alguns meses. Em agosto comprei um Fox Bluemotion com muitos opcionais, entre eles o computador de bordo e som com bluetooth. Quando este carro foi lançado (em junho se não me engano) tinha AB e freios ABS de série. Por algum motivo a VW tornou estes itens opcionais, voltando a oferecê-los como item de série em outubro ou novembro. Pois o meu veio sem estes itens por ter sido fabricado nesse intervalo, assim como o de um vizinho. Como será que se sentem o resto dos compradores deste modelo que não tem AB/ABS? Foi escolha minha comprá-lo, com a mentalidade antiga de valorizar os outros opcionais como alarme na chave canivete e ar/direção/trio, mas não deixo de me sentir meio mal por não ter exigido estes itens...
ResponderExcluirMauro