Foto: falandodeviagem.com.br |
Uma das coisas que foram comemoradas neste país foi a privatização dos aeroportos. Administrados há décadas por uma estatal inchada e pouco eficiente, a Infraero, os aeroportos brasileiros vinham sofrendo com a falta de investimentos que acompanhassem a crescente demanda de passageiros, proporcionada pela bem-vinda popularização do transporte aéreo.
Um ponto positivo da privatização é que se pode incluir no contrato a obrigação de se fazer os investimentos necessários que normalmente o governo não tem condições de fazer (ou não quer). Estando sob a responsabilidade de uma empresa que tem um contrato a cumprir, o governo pode cobrar a realização dos investimentos, sob pena de pesadas multas. Desta forma, por obrigação, os investimentos saem.
Porém, empresas não se dispõem a entrar em um negócio sem um bom retorno em troca. Muitas vezes o próprio governo que faz a concessão é complacente e cria regras que facilitam a obtenção de lucro por parte destas empresas, sabe-se lá motivados pelo quê.
Toda a área verde próxima ao antigo estacionamento público virou estacionamento pago (Google Earth) |
Toda esta introdução foi para explicar o que eu percebi no aeroporto de Brasília. Concedido à Inframérica em 2012, as obras obviamente já começaram. As primeiras providências foram diminuir o espaço de circulação nos corredores para a colocação de mais lojas e o fim dos estacionamentos públicos e gratuitos, substituídos obviamente por estacionamentos pagos. Já havia uma área de estacionamento paga no aeroporto, mas havia também uma área pública um pouco mais longe e o estacionamento do Terminal 2 (onde opera a Azul) também era gratuito. Brasília é uma cidade onde a regra é o estacionamento público, a cidade foi criada com incontáveis espaços para estacionar, já preparada para o automóvel. É difícil até encontrar estacionamentos pagos na cidade. Daí o aeroporto, como todo o resto da cidade ter também uma área de estacionamento gratuita.
Como não poderia deixar de ser, a mudança foi acompanhada por uma “ajudinha” do poder público. As vias que dão acesso às áreas de embarque e desembarque são largas, com 15 metros de largura e quatro generosas faixas de rolamento de 3,75 m de largura cada, por isso nunca ficam congestionadas. Sempre foi permitido estacionar nelas e nunca houve trânsito por isso.
Pois além de autorizar a Inframérica a acabar com as áreas de estacionamento públicas, o governo do DF ainda deu mais uma mãozinha ao transformar todo o espaço no entorno do aeroporto em proibido parar e estacionar, para que não houvesse “concorrência” da possibilidade de estacionamento gratuito com o novo e ampliado estacionamento pago. Tecnicamente, não haveria problema algum em permitir o estacionamento em ambos os lados da via, poder-se-ia até repintar as faixas de rolamento com 2,75 metro cada, mantendo a mesma capacidade de circulação, continuando-se as exageradas quatro faixas.
Qual o sentido em se proibir o estacionamento em uma via desta largura? (Google Maps) |
Porém, a opinião da administradora do aeroporto que acha isso uma excelente idéia e saudável para seus lucros não é compartilhada pelos usuários. Afinal de contas, ninguém gosta de ter que pagar os salgados preços dos aeroportos para ter que buscar amigos ou parentes. Desta forma, muita gente, para evitar o pagamento, fica circulando com o carro dando voltas na área de desembarque do aeroporto.
Imaginem que um motorista pode passar três ou mais vezes por ali, só passando sem parar, porque os policiais estão com seus talões de multa a postos, só aguardando que ele pare em local proibido... Isto obviamente gera um trânsito desnecessário em um local normalmente congestionado em qualquer aeroporto do mundo, a via que passa ao lado da calçada do desembarque. No aeroporto de Congonhas, em São Paulo, isto é especialmente ruim, pois, depois da reforma, a volta a ser dada é enorme e passa por vias já normalmente muito congestionadas, como a Av. Washington Luís.
Imaginem que um motorista pode passar três ou mais vezes por ali, só passando sem parar, porque os policiais estão com seus talões de multa a postos, só aguardando que ele pare em local proibido... Isto obviamente gera um trânsito desnecessário em um local normalmente congestionado em qualquer aeroporto do mundo, a via que passa ao lado da calçada do desembarque. No aeroporto de Congonhas, em São Paulo, isto é especialmente ruim, pois, depois da reforma, a volta a ser dada é enorme e passa por vias já normalmente muito congestionadas, como a Av. Washington Luís.
Viajando pelos EUA, reparei que existiam perto dos aeroportos placas indicando um cell phone lot (área de telefone celular). Quando vi isto, fiquei curioso e perguntei ao motorista da van da locadora o que era a tal “área para telefone celular”, ele me explicou o que isso vinha a ser.
Cell phone lot em Tampa, FL: Painel, WiFi e banheiros (www.theautoportinc.com) |
Não se pode proibir um motorista de trafegar quantas vezes ele quiser por uma via pública. Uma vez que o que motiva esta circulação pelo desembarque é justamente evitar o pagamento, o uso dos cell phone lots é gratuito. Assim, ele evita o pagamento, não gera trânsito desnecessário e não desperdiça combustível, trazendo benefícios para todos os usuários do aeroporto. Só que, para evitar o abuso, os motoristas são proibidos de abandonar seus carros (senão viraria estacionamento comum) e só podem esperar ali por uma hora (o tempo pode variar por aeroporto; em Boston são 30 minutos). Após este período, a estadia é cobrada como no mais caro estacionamento regular do aeroporto ou, em alguns aeroportos, os carros que abusam podem ser guinchados e multados. A coisa dá tão certo diminuindo o trânsito na área de desembarque que quase todos os grandes aeroportos dos EUA hoje possuem cell phone lots.
San Francisco, Ca: tempo máximo de espera de uma hora, não pode sair do carro e, se sair, guincho (glb2010.blogspot.com) |
CMF
Parafraseando o Bob
ResponderExcluir"O Brasil está doente".
Michael Schumacher
O Brasil está mais que doente... ele está entrando numa recessão espetacular, e quem tem algum tipo de poder na mão, já começou a matar cachorro a grito. Os preços estão estratosféricos e o dinheiro vai começar a sumir da praça. A 'bolha" imobiliária já estourou, o que mais tem por aí são imóveis vazios para alugar. Os imóveis novos são a bola da vez, daqui a pouco ninguém mais compra, e as incorporadoras começarão a diminuir os lançamentos e obras. E as "montadoras", se quiserem sobreviver, terão de abrir mão do "lucro Brasil" e começar a se alinhar com suas margens no resto do mundo. Quanto à Petrobrás, é capaz de acabar privatizada, pois suas ações já perderam 50% do valor em 3 anos; ela só se salva se o governo sair dela ou virar acionista minoritário.
ExcluirO que posso dizer alem do que ja colocaram acima? O problema e que apesar de todas as evidências a maioria dos mortais tupiniquins ainda acha que e abençoado por Deus e que tem o corpo fechado, logo nada vai acontecer com eles...
ExcluirLorenzo,
ExcluirJá te adianto que, se algum dia a Petrobras (é sem acento!) for privatizada, o Brasil inteiro quebra quase instantaneamente.
O motivo é simples: a primeira coisa que um acionista majoritário privado fará com a Petrobras é alinhar os preços dos combustíveis na refinaria (portanto, antes dos impostos) com os preços internacionais.
Ao fazer isso, voce verá gasolina a no mínimo R$5,00 o litro. Que por sua vez será repassado aos fretes, que por sua vez aos produtos, e então ao consumidor final.
Resultado: gente passando fome, revoltas e quebradeiras em geral.
"E as "montadoras", se quiserem sobreviver, terão de abrir mão do "lucro Brasil" e começar a se alinhar com suas margens no resto do mundo."
ExcluirTorço por isso, Lorenzo e, confesso que estranhei esta parte do texto, considerando o assunto ser tabu ou quase proibido: "Muitas vezes o próprio governo que faz a concessão é complacente e cria regras que facilitam a obtenção de lucro por parte destas empresas, sabe-se lá motivados pelo quê."
Nada contra o lucro, tudo contra o abuso e a extorsão disfarçada de troca comercial.
Faz tempo que espero e torço para que essa bolha imobiliária (especulativa) estoure, onde já se viu um "apertamento" de 29 m2 no centro de SP (perto da crackolandia) custar mais de 300 mil dilmas, já passou do absurdo faz tempo....
ExcluirA recessão está na porta, e o governo já sabe disso, por isso o desespero para que as pessoas comprem e se endividem cada vez mais, aposto que até o ano que vem (por causa da copa) o governo consiga segurar, mas depois com essa herança maldita dos estádios e obras superfaturadas vem o choque de realidade.
Para quem conseguir é hora de guardar dinheiro, para fazer como quem tinha dinheiro em 2009/2010 nos estados unidos que comprou imóvel por no máximo 30% do preço que era pedido no período especulativo.
No centro a bolha vai aumentar, a moda do governo junto com as construtoras vai ser morar no centro apertado como sardinha, sem carro e pagando um absurdo por (ironia on) esse grande beneficio (ironia off)
ExcluirResolver uma canetada com outra? Não acho saudável. Tudo, absolutamente tudo que foi feito pela empresa, desde ampliação do número de lojas até a ampliação e cobrança dos estacionamentos foi permitido pelo Executivo. Criar uma lei é ato do legislativo, nesse caso para reverter em parte a cagada do Executivo. O essencial é cobrar do próprio Executivo o desfazimento de alguns atos e até a criação do cell phone lot. Temos que aprender como as coisas funcionam para cobrar do poder público. Pelos posts anteriores vejo que o AE é contra canetadas. Criar uma lei, neste caso, é uma canetada.
ResponderExcluirCaio Azevedo
Caio Azevedo, uma lei não é uma canetada, pelo contrário, tem que ser debatida em duas casas legislativas, Câmara e Senado, para poder ser votada e aprovada. No caso, seria algo em defesa do consumidor.
ExcluirCarlos, ainda sim é uma canetada. O que quero dizer com "canetada" é o seguinte: a título de comparação (grosseira), digamos que o rumo ideal das nossas vidas em determinado assunto seja a 180º. Tudo vai bem, até que a privatização acontece, e nossas vidas mudam de rumo, navegando a 170º. Isso é ruim. Queremos voltar a 180º. Aí, digamos que entra em vigor a lei ordinária federal que estabelece a criação de cell phone lot. Na minha opinião, isso é uma atitude simplista que não leva em consideração vários detalhes de como se dá uma privatização, como se regulam os preços públicos, as responsabilidades da administração pública ainda existentes, mesmo que reduzidas, etc.
ExcluirA Câmara e o Senado, autores que frequentemente editam leis fora da realidade, com técnica jurídica deficitária, sem levar em conta a real necessidade do país; será o mesmo que criará os cell phone lots, possivelmente (ou provavelmente) com uma redação igualmente deficitária, sem técnica jurídica, sem levar em conta as principais necessidades da população; ou seja, mudando o rumo das nossas vidas, que era de 170º, para 190º, ainda que o ideal conhecido sejam os tão sonhados 180º.
Não sei se você assistiu a TV Câmara ou a TV Senado. Eles costumam, muitas vezes, travarem debates longuíssimos sem conteúdo algum. Política pura e insipiente.
Obrigado pela crítica.
Este é o problema: as boas idéias são sempre boas...para eles!
ResponderExcluirMas entao eu pergunto:
ExcluirSe eles governam para eles e somente eles, Esse país é ainda viável?
Aonde vamos parar?
Não há sentido em "primeira hora" cobrada também, afinal de contas a primeira hora, se fosse diferenciada, deveria ser mais barata, visto que menos tempo = maior rotatividade = mais gente aproveitando e usando o espaço.
ResponderExcluirUma ideia boa para estacionamentos, e justa, é a cobrança por faixa, algo como "ficou menos de 30min, paga x/2, ficou 1h, paga x, ficou 2h, paga y, ficou 3h ou mais, paga z", mas é claro que isso também é contra a ganância.
Isso me lembra o pedagio da castelo. Primeiro era só na via expressa depois foi estendido para todas as vias. Hoje se paga o valor para percorrer 15km até alphaville o equivalente a percorrer 200 km para ir até registro via rodovia federal. É interessante ver quem financia as campanhas de eleição.
ResponderExcluirE na época em que foi implantado, juraram de pés juntos que a cobrança não se estenderia às vias comuns, ficaria restrita na expressa, para que quisesse andar em maior velocidade para chegar mais rápido em Alphaville.
ExcluirE, esse chegar mais rápido, era facilitado pela proeza que fizeram na estrada, pois para entrar em Alphaville sem utilizar a expressa (paga), era necessário ir até o quilômetro 26 pela comum (que tinha velocidade máxima mais baixa que a expressa), retornar, para aí sim, pegar o caminho para os residenciais.
Depois, disseram que, para quem morasse na região ou passasse muitas vezes por ali (não lembro), teria tarifa diferenciada. Você sabe se isso se concretizou?
Luiz AG11/07/13 13:06 Isso também foi(é) uma grande sujeira,a ganancia e a trapaça não tem limites ,corto caminho por outro lugar, mesmo que gaste mais ,não dou dinheiro fácil para esses picaretas.
ExcluirSim Serginho, pelo sem parar há desconto progressivo. Na cancela, sinceramente não tenho informação.
ExcluirAssim como modificaram os acessos da Castelo para o Rodoanel nos dois sentidos obrigando a passar pelo pedágio...
ExcluirAssim com o Rodoanel, quando inaugurado, não teria NUNCA pedágio, pois o objetivo era incentivar seu uso para desafogar as marginais...
Assim como o IPVA foi criado para suprir a necessidade de pedágios na estrada...
Uma leitura interessante:
Excluirhttp://www.conjur.com.br/2010-fev-11/mp-sao-paulo-suspender-cobranca-pedagio-trecho-rodoanel
Arruda,
ExcluirInfelizmente esta liminar já foi derrubada há bastante tempo.
É mais uma vez o MP não fazendo a sua parte. Que será que eles estão fazendo? Trabalhando para o governo, é claro! Afinal, quem é que os sustenta?
Toda essa exploração tem um nome: se chama "ser brasileiro".
ResponderExcluirJoão Paulo
Me impressiona como ideias simples e funcionais como esta transbordam lá fora e por aqui nunca aparecem..
ResponderExcluirEvandro11/07/13 13:42 Aparecem sim ,só que são bloqueadas por motivo$ de$conhecido$.
ExcluirE é impressionante como as boas idéias, sobre o que quer que seja, adotadas pelo mundo quase nunca cheguem por aqui e, quando vêem, são distorcidas ao ponto de não ser uma solução e passam a ser mais um problema.
ExcluirEsse negocio de não deixar estacionar pelo menos um lado da via quando dá realmente é uma safadeza .
ResponderExcluirBrasil é tudo ao contrário. Governo só trabalha pra essas empresas..... E nois do mundo real que se Xploda....
ResponderExcluirPor coisas assim q o brasileiro está tão indignado com a classe política. A democracia representativa aqui está nessa M porque esses vagabas dos legislativos e executivos só fazem representar os interesses desses grupos econômicos. Por que tanta gente tem dito que não se sente representado por político algum?? Porque efetivamente não está! Somos todos apenas usados para eles serem eleitos. Uma vez eleitos, tudo o que ainda vemos deles são as costas....
ResponderExcluirO AK vinha cantando a bola, "uma hora o povo se cansa de ser enganado", algo assim disse ele. Pena que para questões consideradas "menores" e menos urgentes pela maioria da população, como exigir um pavimento decente, limites coerentes com as vias, fiscalização de trânsito digna do nome, talvez demore muito tempo para que se crie uma consciência coletiva sobre questões "periféricas" já resolvidas nos países civilizados.
ExcluirVivemos no país da impunidade,roubalheira, nepotismo,e impostos exorbitantes e um dos países que menos repassam recursos a população tenho vergonha de ser brasileiro aposto que quando chega um carro do poder público com placas pretas não pagará o estacionamento não e mesmo ? O prefeito de s.p. disse bem claramente em entrevistas que teria que tirar de algum lugar recursos pra diminuir as passagens e a indústria da multa cresceu claramente nos últimos dias. VIVA O BRASIL
ResponderExcluirDo jeito que tem "espertão" aqui, será que as regras desse cell phone lot seriam respeitadas em nosso querido país???
ResponderExcluirFácil, é só colocar agentes para multarem os carros sem motorista.
ExcluirNo Brasil a gente nem sabe se tem motorista no carro. O que tem de carro com vidros pretos e farois apagados (quando é necessário usá-los) é um absurdo.
ExcluirA idéia é boa, e poderia ser muito bem aplicada por aqui. Mas controlar a ganância dos estacionamentos pagos também poderia ser viável, e em prazo bem mais curto...
ResponderExcluirLembrei.. em Viracopos tem três vagas, isso mesmo três vagas, para estacionar para desembarque de passageiros, é de pirar a cabeça não? Tem claro, áreas de encostar/desembarcar e encostar/embarcar, em frente aos portões, porém sempre lotadas especialmente de vans que não necessariamente tem alguém embarcando ou desembarcando.
ResponderExcluirIh em SP estacionar carro é um absurdo, e parece que fazem de tudo para infernizar e complicar, ou mais comum, arrancar dinheiro.
ResponderExcluirUm exemplo são as estações de metrô, são planejadas sem levar em conta que muita gente dá carona ou leva outras até o metrô. Deveria ter um espaço para pegar ou deixar pessoas. A estação nova, da Imigrantes, por exemplo, não tem espaço nenhum para uma parada rápida para alguém descer, resultado: acidentes constantes no local por falta de planejamento.
Essa do aeroporto é ridícula, resultado: muita confusão, muito gasto desnecessário e, lógico, muito lucro para os amigos que operam o estacionamento.
NO fim o problema é sempre o mesmo: lá fora as coisas são planejadas para facilitar a vida de todos, aqui são planejadas para arrancar dinheiro e atormentar a pessoa.
E o pão de queijo, já está em uns R$50,00 nos aeroportos?
ResponderExcluirFarjoun,
ResponderExcluirNa rodoviária que construiram em frente ao Parkshopping, a muito tempo não há estacionamento gratuito.
Aléssio, há uma área gratuita sim, já deixei o carro lá uma vez para fazer uma autorização de viagem para a minha filha.
ExcluirE ainda, o estacionamento novo do aeroporto de Brasília é um enorme e distante descampado. Já que irão cobrar, e cobrar caro, poderiam ter feito um prédio de garagens ou mesmo no subsolo. Estacionar naquela distância tomando sol e chuva e ainda pagar caro é difícil.
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