O Marco Antônio Oliveira já escreveu bastante sobre o Saab 900 do nosso amigo Valter. Como esse carro mexe comigo um bocado, fui atiçado para também conseguir alguma coisa para mostrar aos leitores.
Com a ajuda do dono, temos aqui algumas imagens provenientes do manual de manutenção que pode ser comprado facilmente nas livrarias virtuais, como a Amazon. Pelo que apurei, esse manual da editora americana Bentley é um resumo dos manuais da própria fábrica, assim os créditos originais dessas imagens são da Saab Automobile.
Abaixo, o desenho com a configuração motor acima da transmissão, e embreagem na frente.
Uma imagem da caixa de marchas completa, com a transmissão primária do lado esquerdo, mostra o formato inusitado do "pacote". O cárter do motor é o topo da caixa, que tem uma extensão vertical incorporada, terminando no bujão de escoamento.
Abaixo, fácil de enxergar, a transmissão primária, com as correntes que passam a força do eixo do motor para a caixa de marchas. Nessa imagem aparecem apenas duas correntes, mas na realidade o 900 tem três. Acredito que a foto deva ser de uma fase de desenvolvimento, antes da adoção da terceira corrente. Ou de um modelo anterior, o 99.
Notem que a linha que mostra a posição da marcha à ré tem a forma de um Z. Quando o MAO andou no carro, foi advertido pelo dono para tomar cuidado nesse engate, pois a alavanca precisa mesmo fazer esse caminho para que a marcha entre sem aranhar. Detalhes de carros de projeto antigo. Sempre há chateações que desapareceram em carros modernos.
Abaixo, todo o caminho da potência, desde os pistões até as semi-árvores.
Abaixo, uma foto da embreagem nova, que foi trocada há algum tempo. A borracha que sai do platô é um cabo de vela, usado como calço para facilitar a montagem. Coisas de quem faz a manutenção em casa.
Um sistema que todos que acompanham o AUTOentusiastas sabem que eu abomino é o cruise control, ou controlador automático de velocidade de cruzeiro. Chamado de "piloto automático" de forma errônea, não pilota nada, e retira mais um elemento de atenção e prazer na condução de um carro, que é a comunicação constante com o pedal do acelerador.
Nessa imagem, podemos ver a complexidade desse item no Saab, do tipo eletro-pneumático, com central eletrônica, bomba de vácuo, mangueiras e mais uma porção de componentes.
Mas o mais engraçado mesmo é a corrente ligando o regulador a vácuo (diafragma) ao pedal do acelerador. Incrível. Clique na foto para ampliar e ter certeza do que eu digo.
Como a carroceria do 900 é uma evolução da do 99, que tinha entre-ixos menor, e foi feita antes dos equipamentos anti-poluição aparecerem em produção, o caminho que sobrou para as linhas de vapor de gasolina, quando se adotou o cânister, foi no teto. Sem dúvida seguro, já que não há como danificar os tubos em caso de arrastar o assoalho no chão, condição que pode ser mais ou menos normal onde existe muita neve, por exemplo. De qualquer forma, deve ser interessante possuir um carro em que vapor de gasolina passa por cima da sua cabeça. O cânister está na dianteira, lado esquerdo.
Um outro detalhe interessante sobre carroceria é a caixa de roda aberta, visível pelo cofre do motor, que permite ventilação constante. Olhando esse desenho, lembra um para-lama de carros dos anos 30, com o capô por cima. Segundo a Saab, o objetivo é manter a área sempre sem umidade excessiva, evitando a corrosão.
Aqui a suspensão dianteira, de um dos lados apenas. Dois braços em forma de "A" sobrepostos de comprimentos diferentes. A base inferior da mola é articulada sobre o braço, para que não seja deformada excessivamente em seu eixo longitudinal. Muito cara nesse universo de McPherson, padrão em quase todos os carros. Uma delícia ver algo assim em um carro de tração dianteira.
A suspensão traseira é mais simples, um eixo entre as duas rodas, mas tem sua barra Panhard para evitar movimentos laterais, e mais dois braços longitudinais, que a Saab chama de braço de torque, no caso para os freios traseiros para evitar o giro do eixo, além dos dois maiores inferiores, que apoiam as molas. Nada muito sofisticado, mas eficiente.
Uma marca de carros fora de padrões normais, sem dúvida.
JJ
Eu sonhei com esse post ontem...
ResponderExcluirJJ,
ResponderExcluirSensacionais imagens!
Muito legais mesmo...
MAO
Que carro complexo. Sem compromisso nenhum com custo de produção.
ResponderExcluirO que mais me chamou a atenção no cofre do motor desse carro é o completo vazio que existe no lado do passageiro, onde fica o turbo, assim como a grelha de ventilação e mil isolamentos térmicos. Como se a turbina fosse de plutônio e precisasse distância de qualquer outra coisa. Bem legal.
ResponderExcluirMM
Só não entendo essa engenharia de montar o motor ao contrário, deslocar o seu peso para frente do eixo e mantê-lo em cima da transmissão aumentando o balanço dianteiro e a altura do conjunto. Ou seja, do ponto de vista dinâmico de um " esportivo" tá tudo errado...mas não deixa de ser legal ...Rs..
ResponderExcluirSem dúvida nenhuma, o que mais chama atenção em tantos detalhes, é a embreagem à frente. Totalmente diferente de qualquer coisa que já vi.
ResponderExcluirGiovanniF
Fico imaginando o que levou a Saab a produzir um carro com mecânica tão fora dos padrões normais. Haja "carronalidade"!!!
ResponderExcluirE eu fico imaginando o que levaria algumas pessoas perderem tanto tempo escrevendo sobre um carro tão sem graça quanto este...
ResponderExcluirAnonimo,
ResponderExcluirdesculpe não ter visto seu comentário antes.
O que leva a escrever sobre qualquer tipo de carro é que sempre há alguém interessado em algum modelo, por mais sem graça que ele pareça para alguns.
Os Saabs são interessantes para engenheiros, principalmente os mecanicos. Se voce for engenheiro e não aprecia um Saab clássico, está precisando rever alguns conceitos.