Sempre lemos aqui os textos apaixonados do MAO a respeito dos Porsche com motor a ar, os carrões americanos dos anos 50 e 60, Chevettes...
Podemos discordar dele em muitas coisas, mas não dá para negar que os carros mais antigos tinham uma aura que os atuais não possuem.
Mas, afinal, que aura é essa?
Talvez alguns afirmem que esses carros são fruto da tecnologia de sua época. É uma boa resposta, mas ela explica só parte dos fatos. A resposta um pouco mais completa é que esses carros são fruto não só da tecnologia, mas também da cultura do seu tempo, em suas mais variadas facetas.
A faceta cultural do design é algo muito fácil de ser percebida e entendida. Mas há outra tão importante quanto ela, mas muito menos conhecida.
Um fator que pesa muito a favor de um c campeão de exposições sobre um vira-latas é seu pedigree, que é um indicador da pureza do seu nascimento.
Carros também nascem após um longo processo de gestação nos escritórios de engenharia das fábricas, e o resultado final depende da forma e da qualidade com que seu projeto foi feito.
Este processo sofreu transformações enormes nas últimas décadas, graças ao avanço da informática.
O computador representou um salto no processo de projeto automotivo. Muitos componentes podem ser parametrizados, e a simples mudança de uns poucos parâmetros são suficientes para testar a resistência e a elasticidade desses componentes, e gerar seu desenho no final do processo. Testar várias alternativas se tornou um processo rápido, barato e muito preciso.
Porém, como todo bom engenheiro sabe, toda escolha implica em vantagens e desvantagens.
O computador ofereceu vantagens enormes ao processo de projeto dos automóveis, mas ele afastou os cérebros pensantes do resultado final da criação. Os engenheiros hoje alimentam de dados os diversos programas de cálculo, e simplesmente acatam os resultados saídos da “caixa preta”. Não interessa como a máquina chegou a aquele resultado, porque cada um tem que ser eficiente e não pode perder tempo com “frivolidades”, criticando números frios.
Antes do computador, a forma de se projetar um automóvel era muito mais imersiva para o engenheiro.
Sentados em suas pranchetas, os engenheiros pensavam cada parafuso, cada mínimo detalhe do automóvel era calculado e desenhado à mão, mas tendo a crítica de cada engenheiro correndo ao lado do processo. Incontáveis horas desenhando cada borda, calculando cada diâmetro eram acompanhadas de pensamentos de como cada detalhe entraria em harmonia com o restante do projeto. Detalhes sutis eram percebidos, discutidos e muitas vezes corrigidos ou modificados, visando alcançar o melhor.
É este senso crítico, que lapidava cada mínima aresta do projeto, que foi perdido para a crua precisão automatizada e burocrática do computador. E este pequeno detalhe fez toda diferença na forma como os carros eram projetados e como são atualmente.
Nesta época, a grande companheira dos engenheiros era a régua de cálculo, a tal ponto que sua imagem era reconhecida como um símbolo do engenheiro nos primeiros três quartos do século 20.
É muito comum ver em filmes antigos os engenheiros mexendo em réguas de cálculo como se fossem o supra-sumo da tecnologia.
O modelo mais tradicional é o reto, com duas partes fixas separadas por uma móvel, assim como um cursor deslizante.
Outro modelo, não tão popular entre os engenheiros, mas muito usada em topografia, era o de formato circular.
A fabricante de relógios Breitling há décadas enfeita seus cronógrafos de pulso com uma régua de cálculo circular. A Citizen japonesa também usa comumente a mesma solução.
Já o modelo de tambor é bastante raro. Este tipo oferece alta resolução, o que o tornava muito caro e adequado a apenas casos bastante específicos que exigiam precisão nos resultados.
A régua de cálculo, antes de mais nada, não faz contas de adição nem de subtração. Isso o engenheiro tem que fazer à mão ou por outros meios.
Uma coisa importante que o engenheiro precisa ter em mente é a questão de da ordem de grandeza. Na régua de cálculo, o procedimento é o mesmo se quisermos fazer 0,2 x 0,3 ou 20 x 300. Na régua, sempre fazemos 2 x 3, e os deslocamentos da vírgula para a direita ou para a esquerda são feitas de cabeça.
Cálculos com a régua não tem a precisão de uma calculadora. No máximo, se tira dela números com 3 dígitos significativos. Sem os devidos cuidados, uma imprecisão enorme aparece ao final de cálculos repetitivos.
Para resolver o problema, há técnicas de arredondamento, onde uma vez se arredonda o valor para cima, outra para baixo cada valor intermediário, de tal sorte a anular os desvios pela imprecisão do cálculo.
Depois de anos de prática, cada engenheiro desenvolvia sua própria técnica de arredondamento. Os mais hábeis se mantinham dentro de uma precisão aceitável, mesmo após muitos cálculos sucessivos.
Ela é baseada em princípios dos logaritmos, onde o logaritmo de produto entre dois números equivale à soma dos logaritmos destes números. Assim, substitui-se um produto por uma soma. E a divisão é feita pela diferença.
A régua trabalha com escalas logarítmicas, onde os produtos e divisões são convertidas em somas e subtrações de segmentos de escala pelo deslizamento relativo entre elas.
Toda régua de cálculo linear tem duas faces, onde diferentes escalas são impressas. Estas escalas diferiam conforme o modelo e aplicação a que se destinava.
Dependendo do uso da régua, em ambos os lados, tanto as escalas fixas como móveis possuem perfeito alinhamento, de forma que o resultado do cálculo executado de um lado pode ser transportado imediatamente para o outro lado tanto pela escala móvel como pelo cursor.
Em ambos os lados temos as escalas principais em comum, que ficam na linha de divisa de baixo entre a escala móvel e a escala fixa. Ambas as escalas são iguais e são usadas para multiplicações e divisões diretas. Uma propriedade importante das escalas principais é que a partes úteis delas sempre começam e terminam em "1".
Vou dar um pequeno exemplo de multiplicação que se entenda como ela funciona.
Imagine o cálculo 2 x 0,2. Lembrem-se que na régua irei reduzir o cálculo a 2 x 2, e lidar depois com a ordem de grandeza.
Primeiro alinhamos a escala móvel:
O primeiro número do produto é 2, então o escolhemos na escala principal fixa. Aí deslocamos a escala para alinhar o "1" de início da escala móvel para alinhar com o "2" da escala fixa.
Aí, basta deslocarmos o cursor até o valor “2” da escala móvel:
Vê-se que o segundo valor alinha-se perfeitamente com o valor "4" na escala fixa.
Daí se tira que "2 x 2" resulta em "4". No entanto, como o cálculo na verdade é "2 x 0,2", então o resultado final é "0,4".
Da mesma forma eu poderia multiplicar 529 por 6530.
Mantendo o cursor no lugar para marcar o valor intermediário e movendo novamente a escala móvel, podemos fazer produtos encadeados indefinidamente.
Num segundo exemplo, podemos dividir 70 por 0,35.
Começamos alinhando 35 e 70:
Procuramos pelo "1" na escala móvel principal e achamos o resultado:
70 dividido por 35 equivale a 2 dividido por 1. Mas como o cálculo é 70 dividido por 0,35, então o resultado passa a ser 200.
Quem quiser praticar mais, aqui tem um simulador online bastante realista.
Fácil, não? Realmente, o princípio básico é bastante elementar.
Porém todos os antigos cursos de engenharia ofereciam matérias acadêmicas para uso da régua de cálculo que duravam até dois anos. Nelas, os engenheirandos aprendiam a tirar o máximo das réguas de cálculo usando técnicas sofisticadas.
Tanta exigência tinha seus motivos. A partir do começo do curso até o final da carreira profissional, a régua de cálculo seria a companheira mais constante e fiel do engenheiro.
Em grandes empresas, haviam duas carreiras possíveis para engenheiros dentro dos setores de projetos. Além da carreira como engenheiro projetista, havia a função do engenheiro calculista.
A função do engenheiro calculista era repassar todos os cálculos feitos pelo engenheiro projetista, descritos num documento chamado “memorial de cálculo”, no qual, não só a precisão dos cálculos originais eram conferidas, como o próprio processo de cálculo e o projeto em si eram analisados, se necessário, criticados, discutidos e corrigidos.
Assim, o engenheiro calculista, além de suas habilidades em realizar os cálculos, precisava ter tanta ou mais habilidade em projeto que o engenheiro projetista, afim de que nenhum erro passasse adiante.
Outra função do engenheiro calculista era a de fazer os cálculos no lugar do engenheiro projetista, a partir de um esboço feito por ele, e o trabalho de ambos era reavaliado por um outro engenheiro calculista.
Com tantas revisões e verificações, os erros cometidos eram em grande parte eliminados ou pelo menos reduzidos ao mesmo tempo em que ideias novas podiam surgir e se desenvolver.
E com tantas mentes pensando e repensando cada mínimo detalhe de um carro, o peso do espírito humano se fazia sentir sobre a frieza da técnica pura impressos no produto acabado.
Era uma época onde engenharia era muito mais que uma ciência exata. Ela era uma forma de arte.
É evidente que a criação de um projeto nessa época era um processo lento e muito caro.
Bastou a tecnologia começar a evoluir para que os caríssimos e pouco potentes computadores da época já começassem a tomar terreno na área da engenharia.
Esta propaganda da IBM em 1952 reflete esta realidade, alegando que sua máquina tinha a mesma capacidade de cálculo que um grupo de 150 engenheiros. As vantagens alegadas são evidentes; as desvantagens, nem tanto.
Com o avanço da computação nos anos 60 e 70, muito desse longo processo de projeto foi sendo encurtado com o uso mais intenso dos computadores.
A precisão e o número de detalhes verificados em um projeto cresceu enormemente, gerando economia de processo e de materiais. Até mesmo cálculos que antes seriam inviáveis para calculistas humanos, como a previsão do comportamento da estrutura de um carro num impacto simulado, hoje estão plenamente acessíveis.
Nos anos 70, um subproduto da indústria da computação se torna popular, e crescimento explosivo da calculadora eletrônica enterrou de vez o uso da régua de cálculo na engenharia.
No presente, com a miniaturização de computadores potentes, até mesmo ela está em fase de extinção.
Hoje, um engenheiro usuário de régua de cálculo é uma espécie com passado glorioso mas em vias de extinção, e para as gerações atuais de engenheiros, ela parece um fantasma assustador.
O uso cada vez mais intenso dos computadores é um caminho sem volta. As vantagens que ele oferece são tais que não há como retornar aos métodos do passado.
Porém, muitas coisas importantes, duramente aprendidas no passado, foram sumariamente esquecidas, e agora fazem falta.
Um engenheiro maduro no uso da régua de cálculo era capaz de intuir o valor aproximado de um cálculo antes de realizá-lo. Se houvesse algum erro, este era rapidamente descoberto e corrigido.
E o longo processo de projeto, com a profunda imersão do engenheiro, dava a ele a oportunidade de avaliar, criticar, modificar, criar, inovar.
Um engenheiro atual, totalmente dependente dos equipamentos automáticos de cálculo, é completamente insensível a um possível resultado errado vindo da máquina. Se a máquina oferecer um resultado grotesco por qualquer razão, ele aceitará o resultado sem questionar.
A régua de cálculo e todo o paradigma de projeto do qual ela era parte importante, ainda tem muitas lições a ensinar aos engenheiros do presente. Lições que vão muito além do cálculo frio, e tocam o lado criativo do espírito humano.
Não são apenas os interesses comerciais mais imediatos das fábricas hoje que produzem carros insípidos, meramente transportadores de pessoas.
Os carros de hoje nascem de um processo muito diferente do processo dos carros do passado. A rapidez do computador afastou a mente criativa do engenheiro do projeto final, retirando o espírito induzido e deixando a precisão fria em seu lugar.
Para aqueles que desejarem conhecer um pouco mais da história deste instrumento de cálculo, assim como dos homens que os utilizavam, recomendo dois sites:
http://sliderulemuseum.com/ , de onde muitas das imagens aqui usadas foram retiradas;
http://reglasdecalculo.com/
AD
Podemos discordar dele em muitas coisas, mas não dá para negar que os carros mais antigos tinham uma aura que os atuais não possuem.
Mas, afinal, que aura é essa?
Talvez alguns afirmem que esses carros são fruto da tecnologia de sua época. É uma boa resposta, mas ela explica só parte dos fatos. A resposta um pouco mais completa é que esses carros são fruto não só da tecnologia, mas também da cultura do seu tempo, em suas mais variadas facetas.
A faceta cultural do design é algo muito fácil de ser percebida e entendida. Mas há outra tão importante quanto ela, mas muito menos conhecida.
Um fator que pesa muito a favor de um c campeão de exposições sobre um vira-latas é seu pedigree, que é um indicador da pureza do seu nascimento.
Carros também nascem após um longo processo de gestação nos escritórios de engenharia das fábricas, e o resultado final depende da forma e da qualidade com que seu projeto foi feito.
Este processo sofreu transformações enormes nas últimas décadas, graças ao avanço da informática.
O computador representou um salto no processo de projeto automotivo. Muitos componentes podem ser parametrizados, e a simples mudança de uns poucos parâmetros são suficientes para testar a resistência e a elasticidade desses componentes, e gerar seu desenho no final do processo. Testar várias alternativas se tornou um processo rápido, barato e muito preciso.
Porém, como todo bom engenheiro sabe, toda escolha implica em vantagens e desvantagens.
O computador ofereceu vantagens enormes ao processo de projeto dos automóveis, mas ele afastou os cérebros pensantes do resultado final da criação. Os engenheiros hoje alimentam de dados os diversos programas de cálculo, e simplesmente acatam os resultados saídos da “caixa preta”. Não interessa como a máquina chegou a aquele resultado, porque cada um tem que ser eficiente e não pode perder tempo com “frivolidades”, criticando números frios.
Antes do computador, a forma de se projetar um automóvel era muito mais imersiva para o engenheiro.
Sentados em suas pranchetas, os engenheiros pensavam cada parafuso, cada mínimo detalhe do automóvel era calculado e desenhado à mão, mas tendo a crítica de cada engenheiro correndo ao lado do processo. Incontáveis horas desenhando cada borda, calculando cada diâmetro eram acompanhadas de pensamentos de como cada detalhe entraria em harmonia com o restante do projeto. Detalhes sutis eram percebidos, discutidos e muitas vezes corrigidos ou modificados, visando alcançar o melhor.
É este senso crítico, que lapidava cada mínima aresta do projeto, que foi perdido para a crua precisão automatizada e burocrática do computador. E este pequeno detalhe fez toda diferença na forma como os carros eram projetados e como são atualmente.
Nesta época, a grande companheira dos engenheiros era a régua de cálculo, a tal ponto que sua imagem era reconhecida como um símbolo do engenheiro nos primeiros três quartos do século 20.
É muito comum ver em filmes antigos os engenheiros mexendo em réguas de cálculo como se fossem o supra-sumo da tecnologia.
O modelo mais tradicional é o reto, com duas partes fixas separadas por uma móvel, assim como um cursor deslizante.
Outro modelo, não tão popular entre os engenheiros, mas muito usada em topografia, era o de formato circular.
A fabricante de relógios Breitling há décadas enfeita seus cronógrafos de pulso com uma régua de cálculo circular. A Citizen japonesa também usa comumente a mesma solução.
Já o modelo de tambor é bastante raro. Este tipo oferece alta resolução, o que o tornava muito caro e adequado a apenas casos bastante específicos que exigiam precisão nos resultados.
A régua de cálculo, antes de mais nada, não faz contas de adição nem de subtração. Isso o engenheiro tem que fazer à mão ou por outros meios.
Uma coisa importante que o engenheiro precisa ter em mente é a questão de da ordem de grandeza. Na régua de cálculo, o procedimento é o mesmo se quisermos fazer 0,2 x 0,3 ou 20 x 300. Na régua, sempre fazemos 2 x 3, e os deslocamentos da vírgula para a direita ou para a esquerda são feitas de cabeça.
Cálculos com a régua não tem a precisão de uma calculadora. No máximo, se tira dela números com 3 dígitos significativos. Sem os devidos cuidados, uma imprecisão enorme aparece ao final de cálculos repetitivos.
Para resolver o problema, há técnicas de arredondamento, onde uma vez se arredonda o valor para cima, outra para baixo cada valor intermediário, de tal sorte a anular os desvios pela imprecisão do cálculo.
Depois de anos de prática, cada engenheiro desenvolvia sua própria técnica de arredondamento. Os mais hábeis se mantinham dentro de uma precisão aceitável, mesmo após muitos cálculos sucessivos.
Ela é baseada em princípios dos logaritmos, onde o logaritmo de produto entre dois números equivale à soma dos logaritmos destes números. Assim, substitui-se um produto por uma soma. E a divisão é feita pela diferença.
A régua trabalha com escalas logarítmicas, onde os produtos e divisões são convertidas em somas e subtrações de segmentos de escala pelo deslizamento relativo entre elas.
Toda régua de cálculo linear tem duas faces, onde diferentes escalas são impressas. Estas escalas diferiam conforme o modelo e aplicação a que se destinava.
Dependendo do uso da régua, em ambos os lados, tanto as escalas fixas como móveis possuem perfeito alinhamento, de forma que o resultado do cálculo executado de um lado pode ser transportado imediatamente para o outro lado tanto pela escala móvel como pelo cursor.
Em ambos os lados temos as escalas principais em comum, que ficam na linha de divisa de baixo entre a escala móvel e a escala fixa. Ambas as escalas são iguais e são usadas para multiplicações e divisões diretas. Uma propriedade importante das escalas principais é que a partes úteis delas sempre começam e terminam em "1".
Vou dar um pequeno exemplo de multiplicação que se entenda como ela funciona.
Imagine o cálculo 2 x 0,2. Lembrem-se que na régua irei reduzir o cálculo a 2 x 2, e lidar depois com a ordem de grandeza.
Primeiro alinhamos a escala móvel:
O primeiro número do produto é 2, então o escolhemos na escala principal fixa. Aí deslocamos a escala para alinhar o "1" de início da escala móvel para alinhar com o "2" da escala fixa.
Aí, basta deslocarmos o cursor até o valor “2” da escala móvel:
Vê-se que o segundo valor alinha-se perfeitamente com o valor "4" na escala fixa.
Daí se tira que "2 x 2" resulta em "4". No entanto, como o cálculo na verdade é "2 x 0,2", então o resultado final é "0,4".
Da mesma forma eu poderia multiplicar 529 por 6530.
Mantendo o cursor no lugar para marcar o valor intermediário e movendo novamente a escala móvel, podemos fazer produtos encadeados indefinidamente.
Num segundo exemplo, podemos dividir 70 por 0,35.
Começamos alinhando 35 e 70:
Procuramos pelo "1" na escala móvel principal e achamos o resultado:
70 dividido por 35 equivale a 2 dividido por 1. Mas como o cálculo é 70 dividido por 0,35, então o resultado passa a ser 200.
Quem quiser praticar mais, aqui tem um simulador online bastante realista.
Fácil, não? Realmente, o princípio básico é bastante elementar.
Porém todos os antigos cursos de engenharia ofereciam matérias acadêmicas para uso da régua de cálculo que duravam até dois anos. Nelas, os engenheirandos aprendiam a tirar o máximo das réguas de cálculo usando técnicas sofisticadas.
Tanta exigência tinha seus motivos. A partir do começo do curso até o final da carreira profissional, a régua de cálculo seria a companheira mais constante e fiel do engenheiro.
Em grandes empresas, haviam duas carreiras possíveis para engenheiros dentro dos setores de projetos. Além da carreira como engenheiro projetista, havia a função do engenheiro calculista.
A função do engenheiro calculista era repassar todos os cálculos feitos pelo engenheiro projetista, descritos num documento chamado “memorial de cálculo”, no qual, não só a precisão dos cálculos originais eram conferidas, como o próprio processo de cálculo e o projeto em si eram analisados, se necessário, criticados, discutidos e corrigidos.
Assim, o engenheiro calculista, além de suas habilidades em realizar os cálculos, precisava ter tanta ou mais habilidade em projeto que o engenheiro projetista, afim de que nenhum erro passasse adiante.
Outra função do engenheiro calculista era a de fazer os cálculos no lugar do engenheiro projetista, a partir de um esboço feito por ele, e o trabalho de ambos era reavaliado por um outro engenheiro calculista.
Com tantas revisões e verificações, os erros cometidos eram em grande parte eliminados ou pelo menos reduzidos ao mesmo tempo em que ideias novas podiam surgir e se desenvolver.
E com tantas mentes pensando e repensando cada mínimo detalhe de um carro, o peso do espírito humano se fazia sentir sobre a frieza da técnica pura impressos no produto acabado.
Era uma época onde engenharia era muito mais que uma ciência exata. Ela era uma forma de arte.
É evidente que a criação de um projeto nessa época era um processo lento e muito caro.
Bastou a tecnologia começar a evoluir para que os caríssimos e pouco potentes computadores da época já começassem a tomar terreno na área da engenharia.
Esta propaganda da IBM em 1952 reflete esta realidade, alegando que sua máquina tinha a mesma capacidade de cálculo que um grupo de 150 engenheiros. As vantagens alegadas são evidentes; as desvantagens, nem tanto.
Com o avanço da computação nos anos 60 e 70, muito desse longo processo de projeto foi sendo encurtado com o uso mais intenso dos computadores.
A precisão e o número de detalhes verificados em um projeto cresceu enormemente, gerando economia de processo e de materiais. Até mesmo cálculos que antes seriam inviáveis para calculistas humanos, como a previsão do comportamento da estrutura de um carro num impacto simulado, hoje estão plenamente acessíveis.
Nos anos 70, um subproduto da indústria da computação se torna popular, e crescimento explosivo da calculadora eletrônica enterrou de vez o uso da régua de cálculo na engenharia.
No presente, com a miniaturização de computadores potentes, até mesmo ela está em fase de extinção.
Hoje, um engenheiro usuário de régua de cálculo é uma espécie com passado glorioso mas em vias de extinção, e para as gerações atuais de engenheiros, ela parece um fantasma assustador.
O uso cada vez mais intenso dos computadores é um caminho sem volta. As vantagens que ele oferece são tais que não há como retornar aos métodos do passado.
Porém, muitas coisas importantes, duramente aprendidas no passado, foram sumariamente esquecidas, e agora fazem falta.
Um engenheiro maduro no uso da régua de cálculo era capaz de intuir o valor aproximado de um cálculo antes de realizá-lo. Se houvesse algum erro, este era rapidamente descoberto e corrigido.
E o longo processo de projeto, com a profunda imersão do engenheiro, dava a ele a oportunidade de avaliar, criticar, modificar, criar, inovar.
Um engenheiro atual, totalmente dependente dos equipamentos automáticos de cálculo, é completamente insensível a um possível resultado errado vindo da máquina. Se a máquina oferecer um resultado grotesco por qualquer razão, ele aceitará o resultado sem questionar.
A régua de cálculo e todo o paradigma de projeto do qual ela era parte importante, ainda tem muitas lições a ensinar aos engenheiros do presente. Lições que vão muito além do cálculo frio, e tocam o lado criativo do espírito humano.
Não são apenas os interesses comerciais mais imediatos das fábricas hoje que produzem carros insípidos, meramente transportadores de pessoas.
Os carros de hoje nascem de um processo muito diferente do processo dos carros do passado. A rapidez do computador afastou a mente criativa do engenheiro do projeto final, retirando o espírito induzido e deixando a precisão fria em seu lugar.
Para aqueles que desejarem conhecer um pouco mais da história deste instrumento de cálculo, assim como dos homens que os utilizavam, recomendo dois sites:
http://sliderulemuseum.com/ , de onde muitas das imagens aqui usadas foram retiradas;
http://reglasdecalculo.com/
AD
Parabéns pela aula sobre réguas de cálculo. Sou engenheiro e realmente nunca usei isto. A moda na faculdade era a calculadora HP hundreds alguna coisa que lava, passa, cozinha e faz cálculos também. Tinha umas douradas e outras prateadas e os mais abastados exibiam com todo orgulho. Na verdade acho um exagero pagar mais de R$400,00 (à época) por uma calculadora por mais sofisticada que fosse. Usava uma científica do Paraguai de R$15 e depois uma Casio de R$30. Lembro de alguns colegas que perdiam mais tempo programando a HP do que resolvendo exercícios, sem falar que não conseguiam prestar atenção na aula por causa disso. Uma vez li em algum lugar (acabei de procurar na minha pilha de revistas, mas não achei) que quando Porsche deixou a Auto Union, deixou um projeto detalhadíssimo (até os parafusos!) do próximo carro de corridas da AU.
ResponderExcluirNão desmerecendo os outros caras, mas quando crescer quero ter um escritório de projetos igual a ele. E olha que ele era honoris causa...
Belo e apaixonante texto até os anos 70 ainda se usava a famosa e aterrorizante régua pois muitos tinham pavor em usar.
ResponderExcluirAinda tenho a minha bem guardada.
abs
André,
ResponderExcluirExcelente post.
Tenho um Citizen Navihawk que conta com uma régua de cálculo. Nunca a usei, mas, acabei me interessando e vou passar a praticar.
Abraço.
Alberoni,
ResponderExcluirNa minha época de farmácia, principalmente nas disciplinas que envolviam cálculos estequiométricos, uma turminha exibia suas sofisticadas calculadoras científicas. O mais engraçado era que eles pediam emprestado as calculadoras simplezinhas aos outros alunos durante as avaliações, por não saberem tirar proveito dos recursos das calculadoras caras.
Um amigo e eu tínhamos calculadoras das marcas Kadio e Cis, respectivamente, que custavam em torno de R$ 10 (a minha ainda funciona perfeitamente). Então parodiávamos o pessoal que repetia incessantemente a marca de suas calculadoras caras, sendo que nós citávamos as qualidades das simples e eficientes Kadio e Cis...
Como diria Steve Jobs "A ferramenta não faz o artesão".
ResponderExcluirAchei engraçado a foto do Dr Spock usando uma "régua de cálculo"...
ResponderExcluirA que ele usa na foto é um "computador" E6-B, utilizada na aviação dos anos 60/70.
Mais engraçado ainda é que ele está usando o lado onde se calcula a deriva causada pelo vento.
Não fosse a "Enterprise" uma nave espacial, que viajava no VÁCUO, estaria tudo bem, né?
Eu discordo que hoje em dia falte paixão no desenvolvimento de carros. Pra mim não foram os computadores que interferiram no desenho dos carros, mas o departamento financeiro dos fabricantes. Hoje em dia ninguém pode se dar ao luxo de errar. Errar pode levar uma empresa a falência.
ResponderExcluirO que eu vejo é que hoje em dia você não encontra nenhum carro ruim. Não que eu morra de amores por todo carro que encontro, mas pelo menos por essas bandas não se faz mais modelos com problemas crônicos que cheguem a tornar um projeto um fracasso completo de engenharia. Por exemplo, todo carro hoje é relativamente seguro. Todos possuem freios suficientes para parar o carro numa emergência. Todos são razoavelmente estáveis em curva. são seguros em impactos e possuem habitáculos que protegem o condutor.
Carros baratos possuem itens de segurança e conforto impensáveis décadas atrás. Carros potentes (como os diesel modernos) podem consumir menos que veículos populares antigos.
Tudo isso só foi possível porque os engenheiros de hoje podem se concentrar no que interessa, que é o resultado final dos seus esforços, ao invés de ficar se engalfinhando com números em contas sem fim.
A paixão sempre esteve presente e quando o povo que controla as verbas abre a mão, maravilhas como o McLaren F1 e o Ferrari F-40 se tornaram realidade. E tudo projetado com a ajuda de computadores.
Régua de cálculo, não obrigado.
A bomdade da eletricidade é que ela permitiu que inúmeras coisas ficassem automatizada e rápidas.
ResponderExcluirTem gente que se pegar uma régua de cálculo e uma curva francesa mal-mal saberão para que servem...
Se pensar em uma nova solução para alguma coisa com o auxílio de computadores para quem está acostumado com o teclado é difícil, imagina com uma simples régua de cálculo...
Graças a esse post eu fiquei quase 2 horas a navegar na Internet a partir do link que o André postou... desde sites com centenas de réguas e simuladores até puxar catálogos e instruções de uso...
ResponderExcluirShow de bola ! É essa diversidade de pessoas escrevendo aqui que geram essas múltiplas facetas dos autoentusiastas sendo repassadas, revistas e comentadas !
Concordo com o clésio e portanto discordo do André. O comuputador é uma ferramenta apenas, o bom engenheiro continuará a analizar os resultados da máquina e não usa-los indiscriminadamente. O burro no computador, seria burro na régua de calculo também. Da mesma forma que o burro na calculadora, continuaria sendo burro se precisasse decorar a tabuada e dividir usando as regrinhas que a gente aprende na quinta série.
ResponderExcluirConforme o clésio disse, hoje a concorrência e a disputa por lucros é muito mais acirrada. O computador é uma ferramenta que na maioria das vezes é usada para baratear e não para aumentar o nível de excelência da engenharia.
Lembram do "spam" da companhia aérea que economizou milhares de dólares tirando a azeitona dos pratos?
Pois é, o computador pode ser usado para deixar o prato mais suculento e nutritivo usando tudo que há de melhor na medicina atual ou procurar azeitonas a serem retiradas.
Há supermáquinas hoje excelentes que talvez só não sejam mais cobiçadas por serem desta década.
Temos que lembrar também que infelizmente, para meros mortais que não dispoe de milhões em caixa, o computador é sempre usado para retirar azeitonas. Com excessores como o Vette, Camaro, Mustang atuais que só não tem mais charme por serem fabricadas no século 21
Bem, na minha concepção das coisas, é justamente os pequenos defeitos que aproximam o homem da máquina. O dono acaba conhecendo as manhas do carro e se aproximando mais dele. É justamente a "perfeição" a "linearidade" da maioria dos carros hoje que os tornam "frios" e sem graça...
ResponderExcluirÉ justamente aquele carro com seus defeitos (sejam eles grandes ou pequenos) e com suas qualidades (aquela ou aquelas qualidades que o fazem se destacar entre os outros) que criam a "alma" do carro. Isso que o torna mais envolvente e que cria essa sinergia entre o homem e sua máquina. Assim como nós humanos temos os nossos defeitos e as nossas manias, um carro com "personalidade" é o que faz o automovel deixar de ser um meio de transporte para se tornar parte da alma do seu dono.
André,
ResponderExcluirQue post! Quanta explicação! Parabéns mesmo!
São as pequenas manutenções e os pequenos ou grandes aperfeiçoamentos que eu fiz no meu carro que o tornam em específico especial pra mim, essas pequenas coisas que fazem o dono conhecer mais de seu carro, seu projeto, e é justamente isso o que aproxima a relação entre homem e maquina. É a relação de amor e ódio que acaba criando a "paixão".
ResponderExcluirAndré
ResponderExcluirPost fantástico. Tanto a calculadora HP quanto computadores são ferramentas muito úteis, a pergunta que todo engenheiro deve fazer é : até onde dependo delas?
Se aplica o mesmo raciocínio ao motorista, principalmente se for entusiasta: ABS, EBD, ASR, e outros mecanismos são úteis, mas até que ponto você precisa deles para se tornar um bom motorista?
É por essas e outras que todos devem dirigir um carro antigo de vez em quando: para perceber como uma coisa "menos eficiente" pode ser mais divertida justamente por exigir mais do seu cérebro. E não falo apenas em eletrônica, falo em pneus diagonais, freios a tambor sem assistência, suspensões rudimentares, carburadores...
Os moleques de 18 anos hoje não sabem lixar um platinado nem guiar um carro carburado sem afogá-lo. E se acham os "tais" em seus carrinhos modernos.
FB
Agradeço a todos pela participação.
ResponderExcluirClesio, Caio, há uma sutileza nesse texto que acho que vocês não captaram.
O aço que vem de uma usina para as fábricas é sempre um aço mole e frágil.
Uma vez dentro da fábrica, esse aço é forjado e temperado até ficar duro, resistente e flexível.
Forjar nada mais é que martelar o material, enquanto temperar significa aquecer a peça ao rubro e então resfriá-la rapidamente, causando um choque térmico.
Forjar e temperar elevam o potencial do aço muito além do material bruto, porém eles não alteram sua composição química.
Engenheiros são como o aço.
Eles podem nascer com o dom e o gosto pela engenharia. Esta é sua natureza.
Porém, se seus talentos não forem moldados na forja, e suas determinações não forem temperadas, eles serão apenas uma sombra daquilo que poderiam ter sido.
A necessidade é a mãe da invenção.
Os engenheiros de épocas passadas não dispunham dos recursos que temos hoje.
Cada um deles fez muito com o muito pouco que tinham disponível.
E foram além. Eles criaram muito, mesmo quando suas realizações eram consideradas impossíveis com os recursos disponíveis.
Para fazer o que fizeram, estes engenheiros precisaram de muito mais do que o talento de berço. Eles tiveram que trabalhar muito susa capacidades até atingir um nível muito alto, para só então realizarem.
Homens como Henry Ford, Thomas Edison, Guglielmo Marconi, Wernher von Braun e Ferdinand Porsche criaram e construiram mais quase que sozinhos com suas réguas de cálculo do que todas as numerosas equipes de engenheiros das mais diversas especialidades, equipados dos mais potentes computadores que os sucederam na atualidade.
Estes homens do passado não tinham mais talento sozinhos do que tantos engenheiros juntos atualmente. Também não dá pra comparar os recursos do passado com os do presente.
Potencialmente deveríamos fazer muito mais do que estes homens da História, porém nem chegamos perto.
Se nem as equipes juntas conseguem fazê-lo, quanto mais vermos o aparecimento de talentos individuais que rivalizem com eles.
Ao longo da história, perdemos alguma coisa de valor.
A régua de cálculo era mais do que mero instrumento de operação numérica. Ela era um instrumento que, por exigir tanto do operador, trabalhava no sentido de ampliar a capacidade desta pessoa.
Hoje, no entanto, a abundância tem gerado desperdício.
É comodo despejar um monte de dados num programa de computador e esperar os resultados prontos.
Não tem que pensar, não tem que se preocupar. A máquina faz sem necessidade de acompanhamento.
Não pode ser bom o resultado daquele que se acomoda e usa um equipamento não inteligente para complementar sua limitação.
Porém, é maravilhoso o resultado da união de um ser humano competente que usa o potencial da ferramenta para extender suas capacidades.
Teria sido maravilhoso ver até onde seriam capazes de chegar os grandes realizadores técnicos do passado se tivessem à mão os potentes computadores do presente.
Então, o problema não é uma questão de falta de entusiasmo.
Também não é uma questão de dizer que o computador matou o processo de projeto junto com a régua de cálculo.
Nada disso.
A verdadeira questão não é o computador em si, mas a cultura de uso que criamos em torno dele.
A régua de cálculo não oferecia as comodidades do computador, obrigando o engenheiro a desenvolver a própria capacidade de calcular.
É esta a lição que ela tem a oferecer hoje.
André, eu entendo seu ponto de vista, mas não há como comparar as empresas de hoje com as de 40 anos atrás. O nível de inovação talvez tenha diminuido justamente pelo corte de custos, que eu citei. O mercado se estrutura de uma maneira totalmente diferente, os engenheiros nem sempre são pagos para inovar o mesmo que os de antigamente. Como eu disse, o baratear parece ser o mais importante. Se você está numa empresa onde é requisitado para lançar algo que seja barato, ou para pegar um projeto antigo (Corsa) e projetar um novo modelo N vezes mais barato (Celta), é o que você deve fazer.
ResponderExcluirE a culpa desse engenheiro não inovar não é do computador e sim do serviço que lhes é atribuido. Como você disse: "A necessidade é a mãe da invenção". Se não há a necessidade de inovar...
Ainda assim, há lugares onde o engenheiro criativo tem o seu valor, e vemos motores com taxa de compressão variável, valvulas cuja a abertura é eletromagnética que são controladas eletronicamente de modo que o o comando variável torna-se ultrapassado com uma idéia que me faz indagar: "Como ninguém nunca pensou nisso antes?" Enfim, acho que o meio não propício a criação vai muito além do computador em substituição as réguas de calculo.
O bom engenheiro, continua tendo domínio total do que aquela ferramente faz e um cérebro suficientemente treinado para questionar esses resultados.
O engenheiro ruim, apertador de botão, seria o engenheiro ruim de qualquer jeito.
Tive um professor de G.A no curso de Física que dizia: "Se você vier aqui apenas para fazer conta, seu cérebro não vale mais do que 500 dólares. O Mathematica faz contas muito melhor do que você e custa isso. Você esta aqui para fazer aquilo que o programa não faz, que é criar, pensar e questionar. Isso, programa nenhum faz!"
Uma palestra que eu vi com um engenheiro elétrico, que tinha estudado os efeitos do amplificador de corrente no áudio e ele disse: "As contas, fiz todas na mao. Foram cerca de 15 paginais de integrais para deduzir as equações que explicam esses efeitos. Gosto de ter o contato com as coisas, pelo menos num primeiro momento para entender o que se passa"
Ambos, já foram criados e estudaram na época do computador como ferramenta de calculo.
André,
ResponderExcluirMuito boa, concordo plenamente.
Se os computadores tornaram os projetos mais fáceis e rentáveis, não os tornaram melhores necessariamente.
O valor é sempre obtido com trabalho duro; tudo que é muito fácil é irrelevante.
MAO
Caio,
ResponderExcluirHenry Ford também era engenheiro (E relojoeiro, contador, fazendeiro, madeireiro, administrador...) e, além de projetar aquele treco que chamamos de primeiro carro "popular", ainda inventou aquele negócio de redução de custos de produção. A tal serialização.
Ele além de fazer o óbvio (desenvolver, testar e produzir um produto) ele foi além para melhorar. E obviamente sem nenhum recurso eletrônico e sem gastar quase nada em termos financeiros, só tempo pensando. Tempo este que lhe rendeu um império...
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