google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AUTOentusiastas Classic (2008-2014): Mr. V8
Mostrando postagens com marcador Mr. V8. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Mr. V8. Mostrar todas as postagens
Fotos: Rafael Tedesco (AE)



Lá pelo meio dos anos 1980, quando era um adolescente imberbe, o mundo era bem mais simples do que é hoje. As escolhas de automóveis eram poucas e fáceis de entender, a ponto de sabermos de cor as sutis diferenças entre ano-modelo de todo carro à venda, e a potência e configuração básica de tudo. Para um jovem de hoje, acostumado a escolhas praticamente infinitas, pode parecer chato, mas garanto que nos divertíamos muito mesmo assim, e nunca faltava assunto também.

Neste tempo de Brasil isolado e ainda sob ditadura militar, as discussões sobre carro dos adolescentes como eu sempre acabavam desaguando em um momento definitivo, onde as posições se acirravam e polarizavam como é hoje numa conversa entre corinthianos, palmeirenses e são-paulinos. Isso acontecia no momento em que tentávamos decidir qual era o mais legal: Dodges, Mavericks ou Opalas.

Aqui no Brasil, nessa época, eram os mais potentes e velozes carros disponíveis, os reis das ruas e estradas. Tirando um raríssimo encontro com um Mercedes qualquer trazido por uma “otoridade” (como este aqui), se você tinha um carro desses você tinha certeza que podia encarar qualquer um que lhe desafiasse, sem medo. Colabora para isso o fato que as multas por alta velocidade eram tão raras que chegavam a ser irrelevantes. E as ruas e estradas eram bem mais vazias.

O Alexandre Garcia - Mr. V8 - anda meio sumido e muitos leitores têm nos perguntado se ele ainda faz parte do AUTOentusiastas. Ele faz parte sim! Apenas anda muito atarefado com as encrencas que ele mesmo arruma.

Aí está a mensagem que recebemos do AG ontem.

AE


All,

Deu zebra. Entubei essa jaca aí. Para quem não sabe do que se trata, um Fiat Topolino ano 1938, meio zoado, sem frente, mas sólido e de chapa. Tem muito potencial. Eu não queria, evitei tentei mas não consegui, acabei agasalhando o croqueterio in totum.



Meu pai era mecânico, se formou no Senai nos anos 50/60, era um cara muito técnico, numa época de parcos recursos. Mas era só um reparador, não tinha nosso entusiasmo. Eu não tive tempo comum com ele em mecânica porque meu foco sempre foi outro, fizemos muito pouca coisa juntos. Eu comecei engenharia e não terminei e tinha uma visão de autos muito diferente da dele. Ele até entendia minhas coisas, mas nunca curtiu ou amou isso verdadeiramente.

Eu comecei a mexer em carros relativamente cedo. Manutenção normal me parecia muito enfadonho, algo que eu fazia com muita facilidade, e chegava a ser sem graça. Mas eu precisava vivenciar se quisesse ir em frente; e eu queria, e muito. Por limitações financeiras sabia bem que só teria meu tão sonhado carro se o mantivesse e se arrumasse dinheiro mantendo carros de terceiros.

O primeiro carro comprado, em 1982, foi um Dart 76 coupe 4 marchas. Eu queria mesmo um Opala 250S branco, coupe 75, mas não tinha dinheiro para tanto. Pensava em um Maverick V-8, mas quando achava um pagável, era lixo. Sobrou o Dodge, o primeiro que fomos ver, meu pai comigo, compramos e reformamos rápido. Ficou muito legal e está aqui comigo até hoje, 27 anos depois. Fiz tudo o que tinha sonhado com ele, eixo Dana 44 com blocante, cambio wide ratio, subframe connectors, 360 (não queria bigblock nele) e tudo mais. E o melhor: eu fiz esse carro todo, só não o pintei sozinho com o passar do tempo.

Depois veio um RT 75 bem destruído que eu acabei vendendo. Depois outro 75, quase tão ruim quanto o primeiro, mas que eu refiz todo também e tenho até hoje. Ele tem um 318, tudo forjado, eixo curto com blocante, bem legal.

Depois a Caravan. Era do meu pai. Um dia sai com ela e me acidentei, destruí o carro. Ele já estava doente e disse para eu jogar no ferro velho. Comprei os cacos e consertei. Era 4 cilindros, virou 6 cilindros, meti um 283, depois troquei por um 307, bloco rachado, troquei de novo por um 350, e depois por outro, que está lá até hoje, feito em 1996. Um carro legal, malicioso, rápido e bacana, a “Cadeira Elétrica”. Esse carro foi feito em 1991, um ano bom para mim e minhas maluquices. Talvez minha obra mais legal, meter SBC em Opala.

Tive um Maverick V-8, que num momento de bobeira vendi. Tive também um Impala 63 coupe, que por nunca conseguir um 348/409 desisti e também e vendi.

Pela minha garagem também passou um Galaxie americano 1967 coupe, 390, C6 e 9", acabei vendendo também.

Um dia encontrei uma Belvedere 4 portas 68 num ferro velho, comprei-o em 1989, tenho até hoje, era 6, virou 318 e aetá virando 383, mecânica toda pronta e na mão, só falta tempo para instalar. O Belvedere ainda precisava de muitos detalhes para terminar de montar sendo muita coisa igual ao Dart.

Adquiri um Gran Sedan 78 e ia matá-lo. Mas o carro era tão bom de dirigir e estava em tão bom estado e eu tinha um 383 sobrando. Desisti de matá-lo, comprei um monte de peças avulsas, consertei o Belvedere todo e ainda consertei esse Dart também incluindo a instalação do 383.

Hoje isso é mole, mas em 1991, sem internet, sem Schumacker Creative industries e sem o www.bigblockdart.com, foi uma bela dor de cabeça. Mas eu venci. E o carro ficou o cão, especialmente depois de toda a adaptação feita e eu acertando o motor como deveria ter feito logo de primeira. “Acho que me empolguei um pouco, comando 296° sólido, 5,25” de levante, 11,5/1 de taxa, válvulas enormes, pistões forjados e carburador Holley 930 cfm. Não podia mesmo ser muito bom de andar na rua. Mas foi a segunda boa idéia que tive em 1991. Bigblock Dart rules, man!

Depois teve mais um Valiant 68, também cão sem dono de ferro velho, reformei todo, deixei tudo zerado, 318 4 marchas, etc.

Tenho a Dodge D100, minha primeira picape, uma lata de lixo ambulante que fui ajeitando aos poucos, e ficou bacaninha. Um dia pintou a Ram e veio a aposentadoria da D100 em garagem coberta, sem sol, sem chuva com carregador de bateria e compressor para manter os pneus sempre cheinhos.

Como pagamento de dívidas, recebi um Opala coupe, e o sonho do 250 se realizou. Mas é um coupe 73, 4100, comando Crane 280/290 sólido, válvulas 2.02 e 1.60, headders, clifford intake e holley 390 cfm de Nascar. Um bom conjunto.

Tenho um Camaro 68 com 400 e um Chevelle 67 coupe com 454, em eterno processo de montagem, e um outro Dart. Esse era 4 portas, eu queria um sedan 2 portas, troquei as laterais, as portas e as colunas. Algum dia ele ficará pronto. Aí vai ganhar um 426 wedge com tudo amecanico e já pronto e aguardando.

E pelo arrependimento de ter vendido o Maveco, dia desses montei um Opaloito para um amigo, e ele me deu outro Maveco como parte de pagamento. Eu nem tentei resistir. Apesar de 6 cilindros, estou amarradão nele!