10/08/2011

HOLDEN MONARO GTS350: NENHUMA VITÓRIA É FÁCIL



Colin Bond, Tony Roberts e o Holden Monaro  GTS350 provavelmente nunca irão receber os merecidos créditos pelo que realizaram na prova "500 km de Bathurst", na Austrália, de 1969. Apesar de vencerem, aquela corrida teve muitas distrações sérias.

As imagens dessa vitória competem com as dos vários acidentes que ocorreram, e com uma Ford derrotada com muitos problemas de pneus, culpando o fabricante destes pelos contratempos.

Na verdade, a equipe de fábrica havia decido usar pneus que não haviam sido testados antes dessa corrida, e o famoso Murphy, o autor da lei das coisas que dão erradas, estava trabalhando nesse dia. Se poderia dar algo errado, daria.
O maior de todos os acidentes aconteceu logo no início, e começou com o Falcon de Bill Brown, que colocou duas rodas fora do asfalto na esquerda, cruzou a pista para a direita e perdeu o controle, causando a colisão de treze carros. A foto abaixo mostra esse momento.


Pouco antes da corrida de Bathurst, o recém formado HDT - Holden Dealer Team (equipe de concessionários), correu com um carro igual em Sandown, na corrida de 3 horas de duração, e foi aí que os problemas começaram. Com 46 minutos de prova, em quarto lugar e perdendo diferença para os Falcon GTHO mais rápidos, o piloto Spencer Martin pisou no freio no final da reta principal, e sentiu o pedal baixar até o assoalho, a mais de 200 km/h.

Ele puxou o freio de estacionamento tão forte que danificou o suporte da alavanca “cabo de guarda-chuva”, que era abaixo do painel - como nos Opalas nacionais antigos - rasgou parte do painel nesse ato, engatou terceira de forma abrupta e com giros muito altos, quebrando o sincronizador, e percebeu que teria que fazer o carro rodar em linha reta, para tentar parar sem bater forte em nada. A decisão de Martin era de bater de traseira, para tentar não se machucar. E bateu mesmo, deslocando o escapamento de forma que este rompeu o tanque, iniciando um incêndio. O piloto pulou pela janela de sua porta, escapando rapidamente, porém ferido.

Um abandono da pior maneira para a marca, com um problema técnico, puramente superaquecimento de freio (fervura do fluido hidráulico). O carro, mesmo batido e parcialmente incendiado na parte traseira, após um tempo em que a temperatura havia baixado, tinha pressão no pedal de freio, mostrando que o problema não era vazamento e sim fluido em ebulição. Iria influenciar muito o trabalho para Bathurst.



A equipe decidiu por trocar as pastilhas por outras de marca diferente, e usar rodas que permitiam melhor ventilação, contra a vontade da fábrica, que afirmava não ser necessário.

Foram também aumentadas as frestas por detrás e abaixo do para-choque, para maior área de entrada de ar.

Além de freios, o V-8 350 também tinha um problema. Os anéis de segmento travavam no fundo da canaleta, fazendo o motor perder compressão e diminuindo muito a potência. Para os carros do HDT em Bathurst, a fábrica conseguiu preparar anéis de especificações diferentes que resolveram esse problema.

Com Spencer Martin machucado, o time o substituiu por Peter Macrow, que era absolutamente novato no Monaro 350. Não daria para lutar pela vitória, portanto.

Na corrida, o duelo foi entre o Monaro de Colin e Bond contra o Falcon GTHO de McPhee e Mulholland. Estes tiveram que reparar danos de uma batida, e perderam a chance de vencer com o Ford, como haviam feito no ano anterior com o Monaro 327.



Também é interessante notar que apenas alguns meses depois dessa vitória, o mesmo carro com os mesmos pilotos venceu uma corrida muito mais longa, as 12 horas de Surfer’s Paradise, após tomar a liderança de um Ford Falcon a apenas 23 minutos do final. Prova máxima de que os fantasmas dos freios haviam sido dizimados.

Um ano depois, os Torana XU-1 tomaram o lugar do Monaro “Opalão” como o carro de alto desempenho da Holden.

Um pouco mais desse carro pode ser visto aqui, nesse texto do Marco Antonio Oliveira. A foto abaixo mostra um exemplar restaurado, replicando a pintura do carro 44, o vencedor de Bathurst 1969.



JJ

15 comentários:

  1. legal, não conhecia essa prova.
    só colocar "500 km de Bathurst" no youtube pra que quiser ver os "opalas"

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  2. Aléssio Marinho10/08/2011, 16:49

    JJ,

    Impressionante como vc busca histórias do fundo do porta malas, e do outro lado do mundo.
    Automobilismo realmente é apaixonante em qualquer lugar do mundo.
    Parabens pelo post!

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  3. O mercado australiano é IMPRESSIONANTE! Vale a pena uma pesquisa! E Bathrust é muito bacana mesmo!

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  4. Há situações nas quais tudo parece dar errado,mesmo. Mas,às vezes,o que começa mal termina bem. Foi assim nas 24 horas de Le Mans de 1967,se não me engano. Logo após a meia-noite,três Fords GT-40 estavam na frente,quando Lucien Bianchi parou no boxe e entregou a direção a Mario Andretti. Este,ao aproximar-se de uma curva em S pisou forte demais. O dianteiro esquerdo travou e o GT-40 rodou,bateu no guard-rail e voltou pra pista,onde o motor morreu. Atrás vinha outro GT-40 de Roger Mc Cluskey,que pra evitar bater,jogou o carro contra um barranco. Outro GT-40,de Jo Schlesser viu os dois Fords parados,fez um esforço heróico pra passar pelos dois,mas bateu no carro de Mc Cluskey. O Único GT-40 restante,o de Dan Gurney,passou raspando por eles e seguiu na corrida,mas duas Ferraris P4 vinham em seu encalço. Ao passarem pelo boxe,Enzo Ferrari lhes deu sinal de pisar fundo. A idéia era provocar o GT-40 solitário pra uma corrida tipo tudo ou nada pra forçar o motor do Ford e quebrá-lo. Mas ao pegarem o vácuo do GT-40,Dan Gurney pisou fundo e deixou as Ferraris pra trás e cruzou a linha de chegada mais de 50 segundos à frente da Ferrari mais próxima. Pena que foi a última corrida européia patrocinada pela Ford,mas que foi uma vitória antológica,isso foi!

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  5. Alexandre - BH -10/08/2011, 19:15

    Alan, por coincidência, antes de ler seu comentário eu já estava curtindo as imagens no You Tube. É sempre muito legal fazer um paralelo entre os textos sobre as grandes corridas e os vídeos. Juvenal, parabéns pela grande sacada em escrever sobre esse fantástico 'Opala-Canguru'!

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  6. Junto do vestido e das alianças, o buquê é um ícone do casamento. Ele pode ofuscar, destoar ou harmonizar com o look da noiva, tudo depende da escolha. Com mais de 11 anos (e 1500 casamentos) de experiência em decoração, especificamente em buquês e arranjos de flores, Andrea Saladini contou para o Delas os sete segredos para a escolha do buquê perfeito.

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  7. Milton Rubinho10/08/2011, 21:06

    ... e eu que pensei que so eu gostava de automobilismo Aussie ca por essas terras brasilis...

    Cara, os Aussies sao apaixonados por racing e provas de longa, Bathurst 1000 eh a prova principal deles disparado, e para piorar, la a briga eh REALMENTE GRANDE entre Holden e Ford... Pior que rivalidade de time de futebol por aqui...

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  8. Alan,
    exatamente, a pesquisa no youtube mostra imagens fantásticas !

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  9. Aléssio Marinho,
    fico feliz que você tenha gostado.
    A Austrália é algo, infelizmente, pouco conhecida por nós. Um dia irei passear por lá.

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  10. Daniel San,
    o GT40 em LeMans é uma das mais incríveis histórias do automobilismo.

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  11. Anônimo,
    extremamente engraçado seu comentário, mas não útil para mim, já que casei há muitos anos, não pretendo repetir, e, se o fizer, não serei a noiva.

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  12. Milton Rubinho,

    é verdade, tem mais gente que gosta. O canal Speed transmite o V8 Supercars, você deve saber. Ou pelo menos transmitia, antes de começar a passar futebol.
    Pesquisando para nosso blog, descobri que a corrida de Bathurst tinha 500 km, e depois foi ampliada para 1000. Sempre pensei que fosse 1000 km desde o início.

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  13. Isso sim é vitória na marra! Só fico imaginando a força que o piloto usou para puxar a alavanca do freio de mão... Situação complicadíssima, ter que escolher a forma "menos pior" de bater para não se arrebentar de vez!

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  14. Muito bom texto! O automobilismo australiano é muito interessante, tinha uma época que postavam os vídeos das corridas inteiras da V8 Supercar no youtube, mas depois foram apagando uma a uma.

    Holden e Ford na Austrália são como duas religiões ou times de futebol que brigam o tempo inteiro e tem seus fiés ou torcedores os acompanhando sempre

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  15. Rodrigo Laranjo13/08/2011, 09:58

    Eu queria fazer aqueles cortes tipo guelra de tubarão no para-lamas do meu opalão :D :D :D

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