(foto: divulgação da época) |
A 1ª ia a 70 km/h, a 2ª a 130 e a 3ª chegava a 180 km/h; isso no velocímetro. Que mais detalhes o caro leitor pode esperar de um autoentusiasta de 14 ou 15 anos? O negócio era esse e boa; era ver até onde iam as marchas daquele cupê V-8 na estrada vazia que cortava a fazenda. A reta ali é longa e relativamente plana, e o asfalto era novo e bom. Então, lenha. Mais marchas ele não tinha, nem precisava.
O Dart era estável. Bom carro. Sólido, robusto. Suspensão firme, bem mais firme que a do Galaxie, seu superior hierárquico na cadeia de status, e até mais firme que a do Opala, seu inferior, mas rodava suave e o motor virava liso, gostoso. E o Dart chegava a ser ágil para o porte; seu belo V-8 de 5.212 cm³ em muito contribuindo para isso, pois a grande potência em baixa o levantava de giro com muita facilidade estivesse lá em que marcha estivesse. As marchas eram poucas e boas: só as tais três mais a ré, alavanca de câmbio na coluna, a ré puxando a alavanca contra uma mola e levando-a para cima; a 1ª mesma coisa só que a alavanca ia para baixo; a 2ª tirando a alavanca da 1ª e soltando-a, no que ia para frente, sua “posição natural” empurrada pela tal mola, depois 2ª para cima e 3ª, para baixo. Para a 3ª marcha entrar bastava embrear e descansar a mão na alavanca quando em 2ª marcha que ela caía naturalmente para 3ª. O Opala e o Galaxie também eram assim, mesma disposição do conhecido "câmbio universal", tal qual a do Jeep Willys e do Ford Modelo A, só que vista por outro ângulo, pela lateral, por ter a alavanca no assoalho.
Como se vê, um carro era uma coisa bem mais simples (foto: divulgação da época) |
E com alavanca longa e de curso longo as trocas naturalmente saem lentas. Sem problemas, já que era boa de cambiar; ao menos era macia. Além do mais, poucas cambiadas eram necessárias, já que motor era um bocado elástico. Potência máxima de 198 cv a 4.400 rpm e torque máximo de 41,5 m·kgf a 2.400 rpm. A potência naquela época era dada como bruta, o que corresponderia a uns 140 cv de potência líquida, mesmo assim podemos estimar que a 2.400 rpm ele já nos disponibilizava uns 100 cv líquidos para acelerar. E o bichão andava, opa se andava! Fazia o 0 a 100 km/h em 11 segundos e atingia 170 km/h, segundo testes da época, porém, pelo que hoje conheço de carro, creio que com pneus melhores, mais tração, ele faria um 0 a 100 km/h em 1 ou 2 segundos mais rápido.
Antes que os politicamente corretos venham com suas inclementes varas de açoite para vergastar os largos ombros de meu pai, adianto que ele, coitado, nem fazia idéia de minhas estrepolias, expressão do que hoje chamaríamos de cagadas. Ele simplesmente achava que eu sairia por ali que nem ele, sempre na maciota. É verdade que eu já dera mostras de ter juízo, apesar de também ter dados mostras de ter um pendor para as emoções fortes. Contra mim, na minha ficha corrida perante meu pai, só havia a eliminação do seu Opala 3800 de encontro a um vasto pé de eucalipto, porém, a bem da verdade, nessa cacetada eu não estava dentro do carro. Eu estava de calção e descalço e saíra para dar uma voltinha com o 3800 azul clarinho, o tal de azul-calcinha. Estava indo para a estrada para dar as esticadas de regra naquele bicho — as esticadas que o Opala precisava dar e meu pai nunca dava, porque meu pai guiava manso, sempre tranquilex — e nessas de supetão eu parara o sedã em uma ladeira e, na pressa para ver um problema com um touro aprontando besteira no estábulo, aquela barulheira de touro Holandês mugindo bravo, barulho de tábua lascando, eu esquecera de puxar o freio de mão e só “engatara” a 1ª marcha. Infelizmente a 1ª não tinha entrado direito e dali a pouco um peão, o seu Zé, carregando um balaio de capim picado ao ombro, me avisou: “Ô Nardo! O carro tá descendo sozinho. Óia lá!” Bom... despinguelei descalço, meus pés cascudos soltando faísca nos pedregulhos, correndo atrás do carro. Por sorte não consegui alcançá-lo, senão a batida do Opala possivelmente seria comigo lá dentro. A cacetada foi das boas. O Opalão deu no meio do eucalipto, bem no meio, um baita pé de eucalipto grosso que precisava de dois para abraçá-lo (hoje ele está ainda lá e mais grosso). Se mirasse não sairia melhor. As folhas do bicho vibraram como se ele sofresse um arrepio, brrrr..., e só vi o pára-brisa voando inteirinho à frente do carro e caindo inteirinho também, sem quebrar, gangorrando vlépt, vlépt, vlépt. Vai saber como é que aquele vidrão não se espatifou, vai saber. Acho que foi porque ainda era temperado, se fosse laminado como os de hoje trincaria todo. A cacetada foi tão forte que vi as rodas traseiras saindo do chão. Coisa de cinema, tipo a cena final do filme "Zorba, o grego", quando ele diz: “Bom, ao menos foi um baita dum desastre de arregaçar!”
Bom, o que eu sei é que um farol ficou olhando pro outro. Depois medimos o afundamento e vimos que deu 53 cm.
Era igualzinho a este, igualzinho (foto: quatrorodas.abril.com.br) |
E agora? Como é que eu ia contar essa pro meu pai? Opala novinho, lançamento, novidade, e azul-calcinha, azul claro por dentro também, uma graça. E modelo De Luxe. Primeiro carro bacana dele, que até então vinha andando de Fusca 1200, depois uma Veraneio para a família, carro para a minha mãe, mas ele mesmo seguindo pro trabalho de Fusca. O Opala 3800 era “o carro dele”, seu primeiro e mais que merecido luxo após tanto ralo que ralou e finalmente ter começado a colher os frutos. Eu tava lascado, ferrado, pensei eu, e tratei de, com meus “profundos conhecimentos de mecânica”, medir os estragos enquanto o Opala, coitado, me esperava abraçado lá na árvore. Sempre otimista, inabalável otimista, concluí que bastaria trocar o pára-choque, a grade e o radiador que a coisa estaria resolvida. E assim, de pernas bambas, porém mantendo um aspecto confiante, toquei a pé para a sede, onde meus pais estavam com casais amigos na piscina.
Meça aí 53 cm e veja onde foi parar o eucalipto (foto: quatrorodas.abril.com.br) |
— Pai. Ô pai. Bati com o Opala.
— Machucou alguém? — só isso ele perguntou.
— Não, ninguém. Nem eu estava dentro do carro. Parei pra ver o Herói aprontando lá no estábulo e nessas não puxei direito o freio de mão. Sei lá, na pressa fiz besteira, e o carro desceu com tudo e encheu o eucalipto da beira do lago. Trocando o radiador e o pára-choque e a grade fica tudo bem, fica novo. O pára-brisa está inteirinho. Saiu voando mas não quebrou. E...
— Vamos lá dar uma olhada — ele disse. E lá fomos nós, eu cabisbaixo, mais chateado que ele, mas até então me agüentando, chutando pedra e roçando grama com os pés descalços pelo caminho.
Porém nessas, pra minha desgraça, tinha que aparecer o Jucão, o gerente da fazenda, um chato com a molecada da fazenda, vivia nos dedurando pros meus pais. Ele vinha ao nosso encontro, pois acabara de ver a besteira que eu aprontara, e com isso vinha lépido nos seus 1,90 metro de altura e mais de 120 kg, seu bigode lazarento estilo caído mexicano abrindo um sorrisinho odioso miserável, louquinho pra me ver sofrendo.
— E aí, Juca! Viu lá? Como é que está a coisa? — lhe perguntou meu pai.
— Olha, seu Carlos, o rapazinho aí ’cabooou c’o carro! — e ao falar foi descrevendo um enorme arco com aquele enorme e longo braço de gorila. Aquela mão traçou um arco de véia, meus olhos e os de meu pai foram acompanhando aquela mãozona dando uma volta pelo horizonte do mundo. Baixei a cabeça e remoí: “Filha duma p..., sacana filha duma p...”, lágrimas de raiva quente brotando dos meus olhos e molhando meus pés encardidos, “ ’cabooou c’o carro!...Tinha que exagerar assim? Sacana filha duma p....!”
— Vai. Vamos lá duma vez. Vamos ver a encrenca — disse meu pai. Fomos. Vimos, e tudo bem, que meu pai não ia me dar bronca na frente de ninguém. Isso seria para depois, entre ele e eu, só nós dois em conversa de homem.
Assim era meu pai, meu amigo, meu amor profundo. Depois continuo sobre o Dart cupê dele, o único carro que consegui lhe motivar algum autoentusiasmo.
(Pausa)
O Opala 3800, vesgo com a pancada, com um olho olhando pro outro, coitado, veio para São Paulo de caminhão. Não tinha esse lance de caminhão-prancha, em que o carro sobe tudo bonitinho, automático, apertando botão. Era caminhão toco mesmo, carroceria de madeira, barranco, pranchas de tábua pra carregar, muque e corda e tal.
Meu tio Roberto, irmão caçula do meu pai, era quem lhe quebrava esses galhos de carro, já que meu velho era um zero à esquerda nisso. Trataram de consertar um estrago que hoje daria perda total de cara. Transversalmente, bem no meio do teto, tinha aparecido um abaulado, tipo uma leve canaleta transversal. Disseram lá que o monobloco vergou com a batida, tipo essas quebradas de espinha que os caras fortudos maus dão nuns coitados em filme de pancadaria, quando eles erguem o coitado e o debulham de costas sobre o joelho, mas isso eu achava que falavam só pra me humilhar ainda mais do que eu já estava humilhado. Meu pai, não. Ele não me acusava de nada, amigão, na boa. Já havia conversado comigo, tinha visto que eu aprendera mesmo a lição, e isso lhe bastava.
Este Opala teve mais sorte. Pegou coisa mais fofa pela frente (foto: divulgação da época) |
O galho é que meu tio, acho que para apagar a memória do ocorrido, inventou de pintar o Opala com um azul marinho escuro meio mar poluído, um azul pra lá de horroroso, uma cor que nem de catálogo do Opala era, uma pintura malfeita, onde cá e lá sobrou um esquecido resquício de azul clarinho que brilhava em meio àquela escuridão. Pintura mais meia-boca aquela. Foi na verdade isso que acabou com o carro, pensava eu. E nessas o carro ficou quente. Do frescor do alegre azul clarinho, aquele azul que refletia os quentes raios solares, veio um pavoroso azul absorvedor de ondas de calor. Como ar-condicionado era coisa de avião de carreira e de uns raros Galaxies de tubarão do Morumbi, o Opala virou aquele calorão de sauna. E a culpa era minha. Todos suávamos de escorrer e a culpa era minha. A língua do meu cachorro Zorro se alongava babenta para mais de palmo e a culpa era minha. Ele subia com aquelas unhas duras por cima de fosse quem fosse para poder meter a cara janela afora para tomar um ar, e a culpa era minha. Vai ser culpado assim no inferno!
Era igual, mesmo interior alegre (foto: quatrorodas.abril.com.br) |
Bom, e para piorar logo meu pai resolveu fazer uma viagem com o Opala para Congonhas do Campo, Minas Gerais, com meu outro tio e meu irmão mais velho. Meu tio tinha catarata nos olhos e eles foram num tal de Zé Arigó que operava olho ou fosse o que fosse na base do canivete. Foram lá, meu tio viu como a coisa era bruta e sumiu de vista pelo meio das pernas do povo, que pra fugir ele enxergava tudinho. Mas meu irmão era bom de perna e correndo logo o achou resfolegando e tomando uma cerveja gelada no primeiro bar das cercanias. Montaram no 3800 e tocaram noite adentro embora pra São Paulo. E vieram vindo. Meu pai, dirigindo desligado, sempre pensando lá naquele monte de coisas que ele pensava, e sempre dirigindo muito bem, com segurança, evitando nos colocar em frias, protegendo quem lhe devotava confiança, e numa certa hora sentiu o carro balançar de traseira e volta e meia vinha uma vibração geral e um barulho vvrrúúff esquisito. Achou que era pneu murcho ou sabia lá o que, porque pra ele coisa de carro era tudo um mistério, e tocou devagar e logo parou no primeiro posto. Foi aí que viram que a semi-árvore se soltara do diferencial e aquilo corria de lado até que o pneu se escorava no pára-lama, e conforme a curva ele voltava pra dentro. A roda não ter saído inteira com semi-árvore e tudo foi por pura sorte.
Moral da história: pegaram um táxi para São Paulo e o carro veio depois de caminhão com corda, nó e muque de novo, e a culpa por aquela roda maluca que queria sair pra fora do carro ficou minha e do eucalipto.
Só anos mais tarde vim saber que isso ocorreu com vários outros primeiros Opala 3800. Na miúda sanaram o problema na fabricação (mudaram o fornecedor do eixo traseiro, era Braseixos e passou para Dana) e, como não havia essa história de recall, ficou por isso mesmo, a GMB deixando que eu que me lascasse com o peso da culpa. Até a GMB dando uma de Jucão pra cima do coitadinho aqui. Sujeira.
Bom, essa foi a gota d’água pro Opala, que acho que meu pai vendeu pro meu tio Roberto ralar, que ele era bem pé-pesado, e meu pai, no linguajar da Bolsa de Valores, tratou de “realizar o prejuízo” e partiu para comprar o Dodge Dart, ou “Dórjão” no linguajar da fazenda.
Modelo igual, também teto de vinil, porém cor um pouco diferente (foto: moparbussmann.blogspot.com.br) |
Baita carro. Outra coisa. Que motorzão! O seis-em-linha do Opala era bom, mas esse V-8 era do muito melhor. O 3800 tinha coisa de 125 cv e o 5200 tinha 198. Diziam que a Chrysler sonegava potência, porque acima de 200 cv o imposto era maior. Grande coisa os impostos daquele tempo, um governo que se contentava em sugar ao redor de 17% do PIB, menos da metade da carga tributária atual, e mesmo assim fazia estradas, construía pontes e hidrelétricas a rodo etc, etc. Bom, depois eu continuo, porque quando entra governo na conversa, seja lá que governo for, me corta o barato.
Motor 318 pol³ que, de tão forte, serviu também aos caminhões da Chrysler (foto: curitiba.olx.com.br) |
AK
Excelente texto, AK. Leitura muito prazerosa! Obrigado por compartilhar essas histórias conosco!
ResponderExcluirEste Dart 71 poderia ser o que meu tio teve. Mesma cor, inclusive. E teve também um Opala como este, só que verde escuro. "Causo" delicioso e muito bem contado, Keller, he, he, he! Ah, e este interior azul!!!! Quando diabos vão voltar a ser oferecidos pelos fabricantes (nem que seja pago como opcional, cazzo!) aos consumidores tupiniquins, obrigados a engolir o monopólio dos claustrofóbicos, apagados, e quentes (no sentido ruim da palavra) interiores "pretinho básico"?
ResponderExcluirNo ateliêr do carro, tinha há tempos atrás um Opala Comodoro 1992, de última safra - com o painel e console em tons de azul, combinando com o azul exterior. Coisa mais linda.
ExcluirMFF
Palma! Excelente texto AK! Só acho que dava para mudar o nome para o "Infeliz opala de mue pai". Coitado desse carro que foi montado para sofrer!
ResponderExcluirOu então "O Opala de Motor Central de Meu Pai"...
ExcluirAdlei, essa foi de rachar. Motor central. Vou usá-la nas próximas vezes que contar essa história.
ExcluirMuito curiosa a sua história Arnaldo. Conte-nos que fim levaram esses carros!
ResponderExcluirAbraço!
Esse foi o Dodge mais bonito fabricado no país, e como era legal essa tal de simplicidade...
ResponderExcluirAh! E antes que eu me esqueça...
ResponderExcluirO Dart era um dos meus sonhos de consumo naquela época, mas nunca tive o prazer de dirigir um.
O velho Dodjão impõe respeito até hoje.
ExcluirJorjao
Arnaldo, não entendi a questão da potência bruta e potência líquida daquela época.
ResponderExcluirSei que há a potência de motor e potência na roda, aferida pelo dinamômetro de rolo, que sempre é = potência do motor menos a potência "perdida" pela transmissão.
André
André, nada a ver com potência na roda, que, por sinal, sua descrição está correta.
ExcluirPotência bruta é quando ela é medida no dinamômetro sem os acessórios (gerador de corrente elétrica, filtro de ar, escapes completos, bomba d'água, etc), acessórios que pesam e "roubam" potência.
Potência líquida é quando ela é medida com todos esses acessórios, portanto, é a potência real.
Na época citada ainda era declarada a bruta. De uns tempos para cá se declara a líquida, o que é melhor, pois é o que nos interessa.
OK?
Arnaldo, pela sua descrição então essa seria a potência também dita como "de bancada"?
ExcluirFelipe, na bancada vc pode tirar tanto a líquida quanto a bruta.
ExcluirFelipe, na bancada vc pode tirar tanto a líquida quanto a bruta.
ExcluirEpa, mas e o porschinho? Já acabou a saga e eu perdi? Ou esta história está atravessando???
ResponderExcluirDe qualquer forma, excelente post, como sempre!
Essa coisa da culpa é engraçada. Meu avô tinha um monza, uma vez o genro dele dirigiu e passou numa lombada um pouco mais rápido. Pronto, tudo virou culpa dele: a suspensão que ficou mole, o câmbio que ficou duro, a direção que ficou boba, e até a dor no pescoço...
Por essas e outras que reluto ao máximo em pegar carros de terceiros!
A parte da culpa eu ri bagarai! "Vai ser culpado assim no inferno!" Eu sei q é triste, mas foi engraçado!
ResponderExcluirFábio Carvalho
Realmente não posso me queixar do meu filho.
ResponderExcluirEle pegou o nosso TL 1600 (anos 70) e se encaixou num monte de brita para uma obra. Se formos comparar prejuizos, estou com muito lucro.
Causos sensacionais, a crônica da vida de um entusiasta em seus momentos mais periclitantes..heheh.
ResponderExcluirComo era bonito o Opala e no final das contas, essas caixas na direção eram meio "bucha" mesmo porquê as vezes não engrenava direito, tu não tinha tanta culpa assim.
Continue com muitas outras sobre seus carros AK!
MFF
Ótimo "causo"!
ResponderExcluirA gente passa por cada uma, que nem te conto!
A propósito, tive a oportunidade de assistir a um dos primeiros crash tests que a GM fez no Opala aqui no Brasil, lá nos primórdios do campo de Cruz Alta (o carro era puxado contra a barreira por um sistema de motor/transmissão/diferencial adaptado de um outro Opala).
E após a batida, o pára-brisa também voou inteirinho, quicou no chão e não quebrou!!
Acho que era característica típica do projeto...
Mais um texto magnético do AK.
ResponderExcluirEnquanto lia lembrava do cambio da F-75 do meu pai, com motor 6 cilindros, lá pelo inicio dos anos 80. Ordem e molas iguais às do Dojão. Pra eu menino, parecia que tinha 1m de distância entre a primeira e a segunda.
E como ele vendia gás, tratou logo de adaptar pra queimar gás de cozinha, com dois bujões de 7kg atras do banco. Tinha de dar uma injetada com a mão na válvula antes de dar a partida, e logo vinha o cheiroso infância na cabine.
Coisa boa crescer naquela época, e no interior.
Culpa...também tenho a minha: beijei (um "bom" beijo, diga-se de passagem) um poste com a Caravan 81 do meu avô materno, fazendo gracinha com o carro. Bronca? Era o que eu esperava, mas aí veio algo pior, he, he: com voz calma, só me perguntou se ninguém tinha se machucado (não tinha), e deu um monte de conselhos daqueles que a gente ouve envergonhado e com as orelhas murchas. Aí eu disse que ia ligar para o meu pai (eu morava com meu avô no interior de São Paulo, e meu pai, no Rio) para pedir o dinheiro do conserto, e meu avô disse: "não vai ligar, não, que ele vai te dar uma bronca daquelas. Eu mesmo pago o conserto, esquece isso". Nem mesmo fui proibido de usar o carro por algum tempo. Assim que ficou pronto, passei a usar de novo, como se fosse meu. Continuei até com a cópia da chaves, dadas pelo meu avô. Era um sujeito sensacional, o "Dr. Antônio". Saudades.
ResponderExcluirainda bem que a gente ouvia os conselhos,se sentia culpado e aprendia a lição, hj em dia muitos fazem bobagem e continuam não ligando e sem respeitar os mais velhos
ExcluirDodge V8
ResponderExcluirBichao brabo, Rei das estradas!
Jorjao
Uma das grandes diversões dos finais dos 70´s, era pegar o R/T 1978 0Km que ficava dando mole na madrugada, e tocar para aquela enorme avenida de muitas pistas e recém inaugurada (que depois passou a ter o nome do pai de um ex prefeito bandido e procurado pela Interpol), de escasso transito, e pisar tudo no Charger. Quando o avião passava pelo cruzamento da Rua Padre Adelino, com o piso acentuadamente mais elevado, ele decolava + ou - 1 metro e ao aterrissar o espelho retrovisor registrava um mar de fagulhas incandescentes chispando para todos os lados.
ResponderExcluirHahahaha e teu pai vivia se perguntando pq só a suspensão do dele não durava nada... rs
ExcluirAnônimo, vejo que fui um santo...
ExcluirHá uns meses, numa loja de carros importados, vi esse tal ex-prefeito lá dentro. Que figurinha mais grotesca. O pior é que virou um ladrão de galinhas perto do que temos hoje.
É AK... cada vez que leio seus deliciosos textos, me vejo fuçando no baú. É bem legal ter sido protagonista para ter do que recordar.
ExcluirCerta vez, descendo a Imigrantes - quando a descida era feita pela subida - vi um Jaguar XJ repousando tranquilamente no acostamento do lado esquerdo sem a roda traseira direita. Mais tarde notícias deram conta que motorista e esposa, indo para o Guarujá, perderam a roda do seu carro quando estavam a 160 Km/h. Se antes ele gostava do refinado por refinado ser, depois dessa virou condição "Sine qua non". O cara é mesmo indestrutível!
Lá pelos idos de 1982/83, eu e um amigo que morava ao lado do "A Hebraica" e tinha um Galaxie podraço gostávamos de passar à máxima velocidade possível numa ondulação que tinha na rua Angelina Maffei Vita, bem em frente à entrada da garagem lateral do Shopping Iguatemi. Não chegava a soltar faíscas, mas o carro quase "decolava". Tipo da coisa que não dá mais para se fazer em São Paulo... parece que o número de carros DECUPLICOU. Se bobear, até as quatro horas da manhã tem trânsito naquele lugar hoje em dia.
ExcluirMeu avo teve um desses ....
ResponderExcluirEra uma epoca que esses carros nao valiam nada (crise do petroleo) , ninguem queria um... Via-se alguns apodrecendo jogados nas ruas...
Era sempre um sufoco ir para o colegio , atrasado, e com o tanque ja quase vazio.. Pagava-se uma fortuna para encher o o combustivel nao durava nada.
A gasolina era chamada de comum ou amarela. Os postos nao funcionavam nos fins de semana e feriados ... mais um sufoco.
Mais ou menos nessa epoca , criaram uma categoria chamada de Turismo 5.000. Esses carroes corriam em Intelagos (Dodge, Galaxie e Maverick)
Depois disso foi ficando cada vez mais dificil ver um Dodge nas ruas... Hoje so se ve um por milagre..
Acho que acabaram com quase todos, poucos sobreviveram e devem estar guardados em garagens ou colecao. deve ser muito dificil achar pecas para esses carros atualmente.
Adoraria ter um V8 desses!
Só lembrar da Demolicar... Cara, imagina quanto $$$ foi pro ralo, sabendo quanto valem hoje estes dodges...
ExcluirNo tanque de um Dodjão fabricado até 1978 só cabem 62 litros. A Alfa se deu bem, seu tanque tinha 100 litros e ela gastava menos. Os Landaus até 78 também têm um tanque menor, embora maior que o do Dodjão. A partir de 1979, Dodges e Galaxies passaram a sair com tanques de 107 litros, o que foi bom, visto que precisamente naquela época o nosso glorioso regime militar proibiu a venda de gasolina nos fins de semana, impossibilitando viagens mais longas de fins de semana.
ExcluirCerta vez estacionei meu MP na frente da loja de uma tia, numa rampa de uns 10% de inclinação. Logo depois veio a esposa de um famoso advogado da cidade e fechou a minha saída com seu Santana mega volumoso para a época.
ResponderExcluirEscutei um "tec" no carro e dei uma ponte feito o goleiro uruguaio Rodolfo Rodrigues, pois a janela estava aberta. Consegui puxar o freio de mão a tempo de evitar uma batida daquelas. O para-choque ficou a um trisco da porta do carro da senhora folgada.
Desde então engato ré ou primeira marcha sempre que estaciono em aclive ou declive. Inclusive tem manual de carro com orientações para tanto.
Dart me lembra uma pornochanchada onde o Jorge Dória dirigia um 4 portas vermelho, lindíssimo.
ResponderExcluirAliás, é digno de nota como o Dojão, mesmo nas versões mais simples, emanava imponência.
E eu medi os 53 cm da porrada... tudo bem que o cofre do motor do Opala sempre foi um latifúndio mas o eucalipto quase virou passageiro.
O filme é "Como é boa nossa empregada", de 1973.
ExcluirEsse mesmo, Nicolas, obrigado!
ExcluirAqui em Brasília, o evento sinistro tinha o nome de "corrda da demolição" ou demolition racing - dezenas de Darts, Charger, até alguns Maverick destruídos na farra do boi
ResponderExcluirEsse sim era OPALA, não aquele remendo tosco que começaram a fazer a partir de 1980. Obrigado AK, por compartilhar essas histórias conosco. E acima de tudo, obrigado por fazer o meu ambiente de trabalho ficar bem menos árido nesse horário. Quem sabe você escreve um livro, "as histórias do AK", um livrinho curto, não precisa ser muito grosso não.
ResponderExcluirMas já que o assunto é história, uma vez eu indiretamente aprontei uma dessas com um Simca. Um Chambord 64, "vermelho catchup" (assim dizia no manual) com teto prata. Era do sócio do meu pai, mas como já era uma antiguidade, ele sempre emprestava para a garotada da empresa fazer um pouco de drift. Aquele carro parecia pesar umas 3 toneladas. Deixei o Simca na porta da empresa com o motor ligado e em ponto morto, o freio de mão não funcionava ou sei lá o quê. Segundos antes do sócio do meu pai entrar nele, o tal do Simca "disparou" de ré, com a porta do motorista aberta. Só que tinha um poste no caminho da porta... Bem acho que fica fácil adivinhar o final da história, mas semanas depois lá foi o Simca para "fazer" inteiro na funilaria.
Mais uma vez AK nos brinda com um texto delícioso de ser lido e relido.
ResponderExcluirMuito obrigado!!
Arnaldo, meu querido, se servir de alívio eu enfiei uma Elba no poste, duas vezes (não no mesmo poste hehe).
ResponderExcluirA segunda foi acelerando numa rua tranquila do alto da boa vista, até que surgiu um Escort no meio do caminho, desviei, mas então surgiu um poste no meio do caminho e não consegui desviar.
A primeira, ainda mais ridícula, de ré e num posto de gasolina.
Portuga, meu velho. Só aliviaria se me dissesse que o Jucão estava lá pra te azucrinar "' 'cabou c''o carro, hein, tonto!"
ResponderExcluirVocê voaria na garganta dele, que eu te conheço...
Com 13 anos de idade levei o Passat 80 do meu Pai ao encontro de um monte de terra. Com o carro cheio de menino... Deu uma amassadinha no parachoque dianteiro, mas o distribuidor saiu do ponto. Não pegava de jeito nenhum.
ResponderExcluirPior foi voltar à pé pra casa, chamar meu pai pra ver o que estava acontecendo, sem contar pra ele toda a história, pois imaginava a surra monstra que iria levar.
No fim, ele descobriu a batida do pior jeito possível: por ele mesmo. Não levei a surra, mas a culpa me persegue até hoje, do carro dormir à beira do lago por uma noite.
Só o Ak pra fazer a gente desenterrar essas coisas do fundo do baú...
aiaiaiai essas prezepadas eim......
ResponderExcluirquem não as tem??? kkkkkkkkkk
Carro é que nem gente. Assim como os humanos, alguns nascem com sorte e estão aí até hoje. Outros, azarados, já viraram sucata a muito tempo. Cortesia dos cupins de ferro de ontem, hoje e sempre...
ResponderExcluirBostaley de Lá Noya
ExcluirEm qual desses grupos voce se encaixa?
Bem, então aqui vai o meu "causo".
ResponderExcluirEm meados da década de 60 destruí um poste com um Oldsmobile 88 ano 52, do vizinho.
Ele tinha deixado o bruto aberto e com o vidro do motorista baixado em uma ladeira íngreme, e aí eu e um amigo resolvemos entrar no carro para brincar.
Fiquei procurando a alavanca de marchas, mas só encontrei uma bem pequena e fina, como aquela que faz movimentar o limpador do para-brisa. É que eu não sabia que o carro tinha câmbio automático e resolvi mexer na dita cuja. Adivinhem! Primeiro o carro balançou e depois começou a se movimentar. Nisso, o amigo saltou do carro e como eu não conseguia alcançar o pedal de freio, também pulei.
O pavoroso foi que resolvi sair pelo lado direito do carro, mas a porta estava sem a maçaneta interna e o vidro daquele lado estava fechado. Não tenho nem ideia de quanto tempo levou, mas sei que o abri para colocar a mão para fora, para então abrir a porta.
Foi só pular e ouvir uma explosão. Eu nem vi direito o que ocorreu, mas sei que saltou fogo para todos os lados.
Fugi de mansinho e ninguém me viu, mas meu pai desconfiou que tinha sido eu e assumiu a culpa.
Mas o que mais chamou a atenção, foi que o poste quebrou ao meio, mas o carro só teve uns riscos e umas pequenas amassadas no capô.
CCN, acho que a explosão foi de um transformador. É bem assim, explosão e faíscas.
ExcluirCada uma que andam contando aqui...
Tem lógica sim... Eu lembro que era um poste duplo de madeira e que sustentava um transformador enorme.
ExcluirEm tempo:
Depois de ler o que escreveste sobre o câmbio Dualogic do Linea, onde você diz que ele se "acostuma" com a maneira de dirigir do motorista, será que isso também não acontece com os motores atuais?
Eu faço essa pergunta, porque todas à vezes em que alguém dirige meu carro, eu noto diferença quando reassumo o comando e que demora um tempo até eu me acostumar com ele novamente.
Será que isso é só minha impressão?
CCN 1410
ExcluirRespondo pelo Arnaldo, que foi para a praia com a família comemorar seus 57 anos completados hoje e lá a conexão com a internet é precária, é difícil acessar o blog e ler comentários.. Ele está com um C4 Lounge de motor THP165 e em breve teremos as impressões do Arnaldo.
Motores também aprendem o modo de dirigir, não por inteligência artificial, mas por um dos mapas de injeção e ignição do ECM se adequarem o modo de dirigir. Noto o mesmo nas raras vezes em que saio com o Celta aqui de casa. Meu filho e minha mulher exageram no alta carga/baixo giro.
Ainda bem, eu já a imaginar que estava ficando meio doido, hehehe...
ExcluirObrigado pela resposta.
muito show de bola a historia parabéns!
ResponderExcluirÓtima história. Aprontei uma também. Estávamos na praia e meu pai tinha pedido para eu comprar cerveja e refrigerantes para o almoço e liberou a chave de sua Alfa Romeo 2300 ti 83 que ele havia tirado da agência no mês anterior. Infelizmente depois de algumas estripulias, acabei beijando uma manilha daquelas grandes, de cimento. Depois que tirei o carro de cima daquilo e ví o estrago, quis que o mundo acabasse naquela hora. Esperei alguns minutos, tomei coragem e como o mundo não acabou, voltei para casa e encarei meu velho pai. Depois dele perguntar se eu havia me machucado, fomos ver o estrago. Nada tão grande quanto o estrago que eu havia feito na confiança em que ele me depositara. Depois de uma longa conversa sobre responsabilidade, me deixou um mês de castigo, sem poder pegar o carro. E, exatamente no dia que findava o mês do castigo, ele me aparece com a chave na mão, me pedindo para comprar bebidas para o almoço. Uma belíssima lição de confiança. Saudades de vc, meu velho pai.
ResponderExcluirLuiz Alberto
ExcluirBela passagem. Saudade do meu também.
Adorava os Dodjões. Aprendi a gostar de carro com eles. Cheguei a trabalhar em concessionárias da marca. Gostava mesmo do Gran Sedan no qual iniciei minha vida automotiva.
ResponderExcluirBesteiras com carro do pai? Não fiz. Fizeram. Bateram na minha traseira na praia de São Francisco, com um Gol GT 1986. Anotei a placa e fui atrás do cara. Achei-o, mas meu pai deixou pra lá.
Mancadas mesmo dei com meu primeiro Dodginho. Fiquei atravessado na Estrada da Fróes, num racha em Niterói-RJ, e logo depois de mim veio a patrulhinha. Me ferrei naquele dia...
Arnaldo,
ResponderExcluirDivertidissima sua historia. Principalmente do funcionário fofoqueiro que eu acho que toda fazenda tem um sujeitinho desse tipo. Lá na minha eu tinha um funcionário que, tamanho o costume de dedurar todo mundo que certo dia, encontrou o dele (e nós pagamos a conta): Capotou o nosso caminhão Mercedes 1214, semi-novo, dentro de um açude.
Mas falando em V8 5.212cm...Lembra que a CBT lançou o CBT 3000 a álcool usando exatamente esse motor Dodge/VW? Tinha 112cv @ 2200 rpms.
Leio muito, principalmente a "velha guarda" (acho que estou na mesma) daqui, mas nunca postei (será o momento?)... Mas amo a displicência do Bob e do Arnaldo, ainda mais em dobradinha (sem trocadilhos).
ResponderExcluirLer o Arnaldo falando sobre um Opala azul-calcinha quando o tema era um Dart foi divino!... É como roubar doce de criança, promete-se algo e pratica-se outra coisa -- esta é a delícia da paixão, falar sobre o que se deseja contar! O amor implícito (ou seria implícito?) pelo eucalipto é impagável, não tem preço mesmo! E não sou naturalista...
E o carro? Ah, o carro!... Pra que falar dele se a estória ressoa docemente nos ouvidos atentos que insistem em exigir da boca uma leitura em tom verbal sobre aquilo que os olhos já leu. Que a boca fale aquilo que os ouvidos querem ouvir e que se ignore apenas aquilo que os olhos veem -- o sentir é mais complexo do que as demais percepções...
Parabéns, Arnaldo, parabéns por mais um calor digno de um jovem de seus tantos anos... O mundo precisa ouvir experiências do passado, politicamente, ou não, corretas. Aliás, lhe peço: compartilhe o endereço da moça em frente ao Opalão azul-calcinha (só me resta indagar sobre a semelhança das "peças"... rsrsrs).
Abraços a todos,
Xamanian
Xamanian, a história desse Dart deve seguir adiante.
ExcluirEssa "moça" fofa da foto, hoje deve ter alguns anos a mais, algumas décadas. Quer o telefone mesmo assim?...
Arnaldo, sendo a foto da época, é fácil fazer uma continha para concluir-se que a "moça" supera, com folga, a nossa faixa etária; isto se estiver entre nós. Deixemos o telefone de lado...
ResponderExcluirDart: aguardando ansioso pela continuidade. ;-)
Parabéns mais uma vez!
[]'s
Xamanian
Eu me lembro que estava no 3º colegial e uma colega nossa de classe, na data do seu casamento, fomos eu e mais uns 10 dentro de um Dodge Magnum pra igreja (eu era um dos caronas). O motorista, só pra nos perturbar, acelerava forte depois das lombadas, fazendo todo mundo se espremer nos bancos. Chegamos lá com a roupa toda amassada. Foi divertido.
ResponderExcluirJoão Paulo
Oôô Arnaldo Keller, mais uma boa história meu caro...
ResponderExcluirVocê só não mencionou nada sobre cólicas provenientes dessas besteiras que sempre fazemos quando mais novos...
Não rolou nem umazinha nos momentos precedentes a você soltar o pombo-correio com a notícia para o teu paizão?
Abraços!
Márcio,
Excluiresse sintoma só tive quando moleque entrei num mar gigante que nunca deveria ter entrado para pegar onda. Eu quis bancar o macho e me lasquei.
Grande AK !!!
ResponderExcluirEu também aprontei "algumas" no final dos anos 80 e no decorrer dos anos 90, quando ainda se achavam Opalas, Mavericks, Dodges e Galaxies baratos e em razoável estado de conservação...Tínhamos uma loja de usados na Zonal Leste de SP, e esses "carrões" eram os prediletos do pessoal da área - muitos SS, GT, R/T passaram pelas minhas mãos e pelos portões da nossa garagem, muitas histórias e grandes lembranças...
Depois de ficar quase uma década e meia só curtindo os V8 de grandes amigos, há três anos atrás consegui resgatar um belíssimo Dart cupê 1979 Marrom Sumatra que pertenceu à família da minha atual esposa, e de lá pra cá eu rodo quase que diariamente com ele aqui no Sul.
Não tem prazer maior do que "desfilar" no asfalto com ele, e afundar o pé direito no acelerador sentindo a força do motorzão empurrando as costas contra os bancos dianteiros !!!
O nosso Dart tem caixa automática, mas se vc. jogar a alavanca na posição "1" e ficar o pé com vontade no acelerador, ele sai de lado fritando pneu com vontade...O bicho é sensacional de guiar, e não tem carro com tanto prazer e carisma que esse Dart me traz...
Depois de centenas de carros diferentes e de todos os tipos imagináveis nesses mais de vinte anos de carteira de habilitação, finalmente achei o carro que vai me acompanhar até o fim dos meus dias nesse plano terrestre: o Dart cupê 79 é o meu eleito, para todo o sempre. Fico com ele até o dia em que não puder mais guiar.
Mário,
ExcluirPor acaso seu Dodge é o astro principal do blog Dart Sumatra? Se for, saiba que seu blog está na minha lista de favoritos, e não é de hoje!
Os diferenciais Braseixos eram GM-cópia. O do Dodjão e da C-10 posso afirmar com certeza que se trata de um 8.2 polegadas e 10 parafusos, tipo "C" - de "Chevrolet". Esses diferenciais adotam o infame "C-clip" para reter as semi-árvores. Não é de se admirar que a semi-árvore do Opala do pai do Arnaldo se soltou. Curiosamente, alguns Dodjões também fizeram uso de diferenciais Dana (44), principalmente os dotados de transmissão automática.
ResponderExcluirBom, eu sou novo, sou de 1996, mas como aprendi a dirigir na fazenda do meu avô paterno (a 2,5km de Palmeiral-MG, distrito da cidade de Botelhos) com 11 anos, numa Brasília com o chão enferrujado e cheio de buracos que meu tio (irmão mais velho do meu pai) comprou por 2000 reais para vistoriar a colheita de café, eu já peguei várias coisas na mão. A mais sem juízo de todas foi numa vez em que o meu padrinho, que é também meu tio e irmão caçula do meu pai, comprou uma gaiola com chassi e motor de brasília, muito leve, com suspensão independente nas rodas traseiras, que levavam pneus de trator. Eu tinha 14 anos e eu e meu primo, que é da minha idade, mantínhamos o hábito regular de dar "cavalinho-de-pau", apostar corridas pelas estradas de terra (um na gaiola outro na moto de cross que meu tio havia comprado) e explorar as estradas de café que, na região nossa aqui no Sul de Minas, já devem ter algumas mais de cem anos. Certa vez eu e mais dois amigos que estavam lá de visita pegamos a dita cuja com o tanque cheio e resolvemos dar uma volta. Passamos por cima da casa do meu avô, subindo um morro muito íngreme, cheio de buracos e pedras, para entrar nos cafezais, num lugar onde um carro recente de passeio jamais subiria. Andamos "descendo a lenha", eu na direção, indo em direção à fronteira com São Paulo, que é perto da fazenda (a mais ou menos 3km ficam pedras de 1932 marcando a divisão entre estados), e seguimos adiante por mais de 10km, facilmente. Quando entramos em um lugar onde a estrada não mais seguia, todos ficaram desesperados, mas graças ao meu tio eu conhecia toda a região (ele sempre me levava para passear na F-75 de alavanca de câmbio na coluna de direção - algo marcante pra mim - e me contava a história de tudo por lá, inclusive da família).
ResponderExcluir(Continua no próximo comentário devido ao limite de caracteres)
(Continuação) Desse modo, ali, na frente da porteira onde a estrada terminava, virei à esquerda e na minha inexperiência, achando que estava num jipe, subi num pasto para virar, apenas para sentir no retorno de ré que a danada não queria parar! Puxei o precário freio de mão, desliguei e engatei primeira. Pedi a um dos meus amigos, o Sidney, que descesse e olhasse na frente do carro. Ele me falou "aperte o freio", e quando o fiz, jorrou um jato de óleo da mangueira que havia sido quebrada nas peças metálicas por um toco. Resultado: como sabíamos que a cagada estava feita, demos risada. O José, meu outro amigo conosco, ficou desesperado para saber como íamos voltar à pé e pedir ajuda de tão longe. Eu rapidamente respondi que a gaiola ainda funcionava. Voltamos cerca de 10km com a gaiola sem freio, usando só o freio motor e o resto de freio-de-mão que sobrava para reduzir, mas não andávamos lá muito devagar mesmo assim... Numa curva aberta, chegamos a mais de 60km/h, naquela falta de juízo (com o freio atingíamos mais de 100 km/h em boa parte das retas). Mas aí que, se aproximando aquele primeiro morro que subimos para começar a nossa "aventura", fomos indo cada vez mais devagar até pararmos uns 200m antes dele por um bendito erro de cálculo, indo de primeira até o topo e puxando o freio de mão. E aí? Eu era o que melhor sabia dirigir ali, de longe, principalmente por observar meu tio dirigindo. Logo vim com uma solução pouco saudável para a transmissão da gaiola: engatar a ré, deixar o carro andar um pouco, soltar a embreagem acelerando levemente e fazer o carro parar de novo com a tração para trás, derrapando um pouco na maioria das vezes.
ResponderExcluir(Continua com o final no próximo comentário).
(Continuação 2) E não é que deu certo? Bem, até certo ponto, onde perdemos a paciência e achamos melhor soltá-la. Péssima ideia... Ela embalou muito e, no desespero, joguei-a no barranco, só para ver o José do meu lado metendo a testa na grade que ficava no lugar do para-brisa. Ela parou quase capotando e resolvemos finalmente pedir ajuda. Veio, não sei porquê, o sogro do meu tio que era dono da gaiola, com uma lata de cerveja na mão e já não muito certo das ideias. Deu ré e soltou a bendita. Mas acho que ele se esqueceu do detalhe do freio e, metendo o pé do jeito que meteu, terminou de descer o morro e virou para entrar na casa do meu avô só para enfiá-la a toda velocidade num poste, derrubando-o. Nós não parávamos de rir, e o apelido do cara a partir desse dia é João Gaiola. Já faz quase 4 anos e ainda é João Gaiola. Acontece que a família estava toda reunida e ainda havia visitas, e as mulheres da casa ficaram desesperadas com a nossa segurança, e naquele instinto materno super-protetor, falaram tanto na cabeça do meu tio que na mesma tarde ele resolveu vender o "nosso" brinquedo. Uma pena, ainda tínhamos muito aprendizado automobilístico movido a cagadas para fazer na bichinha!
ResponderExcluirAh, obrigado ao Arnaldo pela história divertida. Conheci o blog há aproximadamente 3 meses e desde lá sou leitor assíduo.
ResponderExcluirArnaldo, viajei grandão na história e gostei tanto que li todos os comentarios, coisa que só fiz no texto do Up! do Bob, cara parece que "todos" os leitores falaram do up! Como a única coisa diferente que me aconteceu foi capotar um fusca metido a Baja descendo ladeira sem freio e ficar no banco com o cinto "engraçado, tá pingando gasolina" e depois ir de Itaquera a Mairiporã em um doge Polara sem freio (na antiga Fernão Dias), foi bom ler as outras estórias. Obrigado, valeu.
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