google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 RICHARD ATTWOOD, NASCIDO PARA PILOTAR - AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

RICHARD ATTWOOD, NASCIDO PARA PILOTAR


Attwood à direita, com Steve McQueen

Richard James David Attwood nasceu em 4 de abril de 1940, na cidade de Wolverhampton, na Inglaterra. Iniciou sua vida profissional no mundo automobilístico como aprendiz de mecânico na Jaguar, justamente na área de competições. Sua experiência nas lojas e oficinas de automóveis do pai, Harry, sem dúvida o qualificaram como uma pessoa com prática nessa área, o que sempre lhe ajudou nos desenvolvimentos dentro das equipes pelas quais pilotou.

Se não foi um piloto com grande número de sucessos, foi um dos principais responsáveis por uma das mais importantes vitórias da história das corridas, pilotando um dos carros de maior adoração no meio entusiasta, de uma das marcas mais dedicadas ao esporte a motor.

Começou a correr em 1960 com um Triumph TR3. Sabendo que um futuro mais sólido se fazia em carros de fórmula (ao menos era isso o que ele acreditava), em 1961 passou para a categoria Junior, uma das escolas mais importantes na época. Pilotou por uma equipe que investiu sério e resolveu ir além do solo do Reino Unido, a Midlands Racing Partnership.

Um Lola Mk5A como o que Attwood pilotou
Numa prova preliminar do GP de Mônaco de Fórmula 1 de 1963, Attwood venceu a corrida da FJ, como era chamada a Fórmula Júnior, com um Lola Mk 5A, motor Ford de 1.100 cm³.

Com suas ótimas corridas nesse ano, ganhou o  Grovewood Award, prêmio instituído pelos repórteres e jornalistas de corridas, o Guild of Motoring Writers.

Daí foi só progresso, com a equipe passando a competir na Fórmula 2, e Attwood vencendo na Áustria e conseguindo três segundos lugares. Era um tempo em que os pilotos de Fórmula 1 competiam esporadicamente na Fórmula 2, tanto por contratos de equipes associadas, quanto apenas por vontade, já que haviam menos corridas por ano do que hoje. Era preciso manter as habilidades e cobrir distâncias de corrida da forma mais real possível, e correr contra jovens e famintos pilotos colocava sempre todos à prova. Na pista de Pau, na França, Attwood chegou em segundo, atrás apenas de  Jim Clark, que corria para a equipe de fábrica da Lotus.

A habilidade de Attwood ao volante e seu conhecimento prático em automóveis de pista chamaram a atenção de todos, e a BRM o contratou para a Fórmula 1, ficando em quarto lugar na primeira prova em que participou com o P57, atrás apenas dos carros de fábrica da Lotus, e o único não-Lotus na mesma volta do líder. O estreante correspondera totalmente.


A corrida seguinte seria com o P67, carro experimental com tração nas quatro rodas, justamente no GP da Grã-Bretanha. O carro era pesado, e Attwood conseguiu classificá-lo  para a prova, mas em último lugar. A BRM decidiu não correr, pois era apenas uma experiência que tinha tudo para dar errado. Um erro histórico, e que deixou Richard muito contrariado.

BRM P67 com Richard Attwood ao comando
Talvez por essa decepção somada a outros fatores, em 1965, Atwood foi trabalhar para Tim Parnell, em sua equipe particular, dirigindo um Lotus 25, que já era antiquado. Um motor BRM nesse carro, somado à idade do chassis, o fez totalmente não competitivo e apenas dois sextos lugares foram conseguidos no campeonato.

Nos dois anos seguintes, o trabalho foi na Austrália e Nova Zelândia, na Tasman Series, onde ganhou uma corrida,  fez uma prova na Fórmula 1 e algumas na Fórmula 2.

Decidido a buscar boas oportunidades de outra forma, passou dos fórmulas às corridas de carros esporte, onde ele despontou de verdade, com seu nome passaria aos livros. Participou das 24 Horas de Le Mans desde 1963, ano em que estreou com um Lola Mk6 modificado, dividindo a pilotagem com David Hobbs. Se a  colocação não foi digna de nota, nesse tipo de prova chegar ao final na estréia já pode ser considerado algo memorável. Estava claro que sua maior habilidade não era a velocidade pura, mas a capacidade de fazer um carro funcionar bem por muito tempo.

Pequeno e leve, mas apenas o 22º lugar em Le Mans
Ainda em 1964 Atwood já se envolvera com a Ford, que trabalhava fortemente o GT40. Nesse mesmo ano, em parceria com Jo Schlesser, correu a 24 Horas de LeMans, mas o carro se incendiou. Nesse ano, sua única vitória foi na 9 Horas Rand, na África do Sul, com o Ferrari P2 de David Piper. E aí começou a mais duradoura parceria.

Com os Ferrari verdes da equipe de Piper, o 250 LM e o 330P3/4, obteve boas colocações no campeonato mundial de carros esporte, mas sem vencer corridas. Foram um terceiro lugar na 1000 km de Spa e um segundo na 500 km de Zeltweg, uma das mais espetaculares pistas do mundo, na Áustria, em 1967. Aliás, esse é um circuito que nunca deveria ter saído do calendário da Fórmula 1.

Ferrari 250LM de Piper e Attwood
Ford P68 na 1000 km de Nürburgring de 1968
Correu também com o Porsche 906 e o Alfa Romeo T33, além do lindíssimo porém problemático Ford P68, que deveria substituir o GT40 em 1968, mas que só teve problemas. Já possuía, nesse ponto, cinco anos nesse tipo de carro, com uma experiência acumulada que o gabaritou para o grande feito de sua carreira.


Em 1969, Atwood foi correr para a equipe de fábrica da Porsche, quase sempre dividindo banco com o britânico Vic Elford, e conseguiram dois segundos lugares com o 908. 

O mundo das corridas viria a conhecer o poder da Porsche com a ajuda de Attwood, pois ele foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento de um dos carros esporte de maior sucesso, o 917. A dupla fez 327 voltas em Le Mans na estréia do carro, que abandonou devido a um câmbio quebrado, faltando apenas duas horas para terminar, após liderar boa parte do tempo.

O aprendizado foi enorme, e no ano seguinte, 1970, colocou na história a marca Porsche na lista sagrada dos vencedores do circuito de La Sarthe. Venceu com o 917K, com o parceiro Hans Herrmann. Primeira das 16 (dezesseis) vitórias da Porsche na prova mais difícil do automobilismo de competição de longa distância. 

Conseguiram também o segundo lugar em Nürburgring nesse mesmo ano, com o mais antigo 908.

A maior vitória, e a primeira da Porsche em Le Mans
Algumas semanas depois da vitória na lendária pista francesa, começou sua participação no filme de mesmo nome, "Le Mans", onde atuou como piloto em várias cenas e na consultoria, tendo convivido com o ator Steve McQueen, um verdadeiro entusiasta de corridas. O parceiro e grande amigo de tantos anos, David Piper, também participou do filme que foi feito de forma tão realista que até mesmo acidentes graves aconteceram. Num deles Piper bateu e perdeu parte da perna direita.

Le Mans 1971 foi de sucesso também, embora em segundo lugar, num 917 da equipe de  John Wyer, com quem havia trabalhado anteriormente no programa de desenvolvimento do GT40, além de vencer a 1000 km de Zeltweg, sua última corrida como profissional, com apenas 31 anos de idade.

Sem dúvida alguma, seu casamento foi um ponto de decisão que o levou para longe das competições como piloto, já que sua esposa declarou certa vez que nos primeiros anos de vida conjugal fora a mais velórios do que casamentos. 

O vitorioso, conservado, em foto de 2010 em Goodwood


Em 1984, porém, voltou à ativa brevemente, como um dos participantes do programa Nimrod da Aston Martin, carro que nunca teve resultados encorajadores.


Continuou porém figura freqüente em  provas de carros de corrida antigos, onde Atwood usava o 917 de sua propriedade, o mesmo carro utilizado por Steve McQueen no filme "Le Mans", mas agora com a mesma decoração do seu carro vitorioso em 1970.

Numa grande prova do desapego que todos devemos ter pelas coisas materiais, Richard sempre se referiu a esse carro como “minha aposentadoria”, e de fato, o vendeu em leilão no ano 2000, arrecadando um milhão de libras esterlinas de  um negociante americano, que posteriormente o vendeu a ninguém menos que o ator comediante Jerry Seinfeld, um “Porschófilo” de carteirinha.

Attwood mostrara de forma simples que mesmo tendo sucesso devido às corridas, o símbolo  de seu maior sucesso não precisava ficar guardado como um troféu, com uso esporádico. Considerou mais importante o conforto de sua família, que pôde ser garantido pela venda. Uma grande lição para quem considera automóveis a coisa mais importante da vida, quando na verdade deveria ser apenas um motivador para coisas maiores.

Outro comportamento  interessante é que ele nunca teve adoração por carros de rua, sempre sendo notoriamente econômico em suas compras. Teve por muitos anos uma perua Peugeot 405, que passou de meio milhão de quilômetros em suas mãos, e um Audi A8 que tinha mais de 250.000 km na última informação obtida, com mais de um ano. Ambos comprados usados.

Tem hoje 73 anos  e continua ativo nos eventos do esporte, como Goodwood, por exemplo, e nas corridas de históricos em Silvertone, cidade em que reside.


No vídeo abaixo, Richard Attwood fala um pouco sobre o 917K: 


JJ

10 comentários :

  1. Caramba, JJ. Muito interessante essa biografia. Entendo o despojamento dele, é do signo. Enjoou, passe adiante e realize o próximo sonho. Pra que fazer coleção de sonhos dos outros? Vida longa a ele. Tenho o filme e vez enquando assisto.

    Penso porque a porsche e também a yamaha, duas marcas que venero, não voltam à formula 1. Seria muito bom torcer por marcas de histórico tão rico.
    Acho que o último carro com motor porsche na formula 1 foram os mclaren MP4/3 de 1987 e os yamaha foram em 1997. Parece que a ford e a volvo usam motores v8 da yamaha atualmente.

    Luiz CJ.

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    1. Luiz CJ,
      ao menos teremos a Porsche de volta a LeMans em 2014.

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  2. Nossa! Já tinha me esquecido das tardes lendo as antigas Quatro Rodas dos anos 60 e inicio dos anos 70, quando definitivamente me apaixonei por automóveis e alguns tipos de corrida. Entre elas, Le Mans. Realmente uma homenagem a alguém que,agora descobri, sem nunca ter me chamado a atenção, foi um dos que me inspiraram e mantém a paixão viva até hoje!
    Um salve aos verdadeiramente autoentusiastas: Aqueles que amam o que realmente conhecem sem se preocupar com a fama...

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  3. Grande lição de vida...

    Primeiro desiste da vida de piloto em prol de sua esposa e depois desiste do carro que lhe deu maior glória, em prol do conforto familiar.

    Parabéns!


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  4. Lorenzo Frigerio04/05/2013, 15:54

    Caramba, esse Ford P68 parece um protótipo do começo dos anos 90! Merece um artigo!

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    1. Lorenzo Frigério,
      nem me diga, esse carro é uma das coisas com quatro rodas mais lindas que já vi.
      Sugestão anotada mesmo antes de você pedir !

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    2. Lorenzo Frigerio05/05/2013, 22:14

      Juvenal, mandei um e-mail dias atrás ao endereço do blog, sugerindo um artigo sobre o Iso Grifo/Bizarrini 5300 GT, espero que vocês tenham recebido. O Iso Rivolta Lele, que parece uma experiência anterior do design aplicado ao Passat B1 também vale a abordagem; só descobri que ele existiu ao pesquisar o Grifo.

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  5. Sr Feigerio
    Esse carro e bonito mas nunca foi um bom carro
    Cheio de problemas de estabilidade em alta velocidade panes elétricas e mecânicas
    Nunca terminou uma corrida sequer
    Outro exemplo de carro bonito mas ruim de pista e o notório Copersucar F06 que foi muito mal sempre
    Pois e te joguei um balde de água fria nao acha? Mas e a verdade
    Boa noite e Durma bem

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  6. JJ; Ótima reportagem. Vc, como sempre, tem bom gosto. De vez em quando coloca uma destas. te garanto que todo mundo vai gostar. Abs. MAC

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  7. Esse motor BRM com chassi antiquado não era o motor Coventry Climax,ou estou enganado? Pois este era um motor bem fraco,apesar do ronco apaixonannte.
    Uma vez passou um documentário no Discovery afirmando que o 917 era perigoso de pilotar,a ponto de muitos pilotos o temerem,mas mesmo assim a sensação de andar nele na reta Mulsanne era uma das coisas sem comparação na vida. Junto com o Auto Union P-Wagen ele forma a dupla dos meus sonhos de consumo. Sonho quase impossível,mas mesmo assim um sonho!
    Os carros de uso pessoal de Attwood nos passam uma lição:Não dar a mínima para o último modelo lançado e sair correndo para comprá-lo só para impressionar o vizinho. Saber exatamente o passo que se pode dar e ser feliz com isso.Sinais de responsabilidade e maturidade. Um viva para ele!

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