Uma das grandes experiências que se pode ter
dirigindo um automóvel é a sensação de interação com a máquina e com o
ambiente ao redor. Sentir o que o carro está fazendo, reagir de acordo
com as sensações que você recebe e ainda poder desfrutar
do mundo exterior, só com um bom conversível.
Um pequeno esportivo leve, como um Mazda Miata ou
um Porsche Boxster já são carros de respeito, com dirigibilidade e
desempenho respeitáveis, cada um no seu nível e faixa de preço.
Um pequeno fator pode mudar de carro para carro,
dependendo do gosto e interesse de quem está dirigindo, e alterar
completamente a experiência: potência. E junto com potência, normalmente
vem a velocidade.
Sabemos que para se divertir com um esportivo não é
preciso muita potência, apenas um bom chassi e um motor minimamente bem
casado com a transmissão. Este é o caso do próprio Miata e de outros
como o Lotus Elise. Nosso amigo Arnaldo já
falou sobre isso aqui no AE.
Quando a potência começa a subir, o equilíbrio do
carro é afetado. Aumento de peso quase sempre vem junto com o aumento de
potência, por questões estruturais e mesmo pela própria associação do
nicho do carro. Um carro de 400 cv tende a
ser mais equipado e maior que um pequeno e ágil carro esporte de 250
cv.
Com potências maiores, o próprio caráter do carro
começa a ser moldado de forma diferente. Os mais potentes passam de
ágeis e leves carros de dois lugares para carros maiores e mais voltados
para manter velocidades de cruzeiro elevadas
com conforto.
Um conversível que fica no meio do caminho entre o carro esporte leve e o
grã-turismo conversível, se é que podemos combinar estes dois termos, é o Mercedes-Benz SLK 55 AMG.
Pequeno e ágil, o SLK é equipado com um V-8 5,5-litros de 430 cv e 55 m·kgf de torque. Limitado eletronicamente a 250 km/h, este SLK é capaz de alegrar seus ocupantes com uma pequena pisada mais forte no acelerador.
O SLK 55 pesa 1.610 kg, o que não é exatamente leve
para um pequeno carro esporte. Vale lembrar que este carro tem tudo o
que se espera de um Mercedes, como o teto retrátil com acionamento
elétrico, ar-condicionado, um complicado sistema
de entretenimento com GPS, bancos com mais regulagens e controles que
um pequeno avião monomotor etc.
Em uma estrada sinuosa, as chamadas back roads
européias (como uma de nossas serras), este AMG seria perfeito. Teto
recolhido, motor roncando alto com o belo som encorpado do V-8 e um
chassi bem acertado.
O 55 AMG é bem acertado, mesmo com o V-8 montado no pequeno esportivo ele ainda tem o DNA da familia SLK. É um carro esperto, que consegue usar um pouco dos dois mundos: a força bruta e a agilidade.
O motor V-8 de 5,5 litros toma conta do cofre. |
Se as estradas paralelas não forem o alvo do
motorista e, obviamente, dinheiro não for muito problema, é possível ir
direto para o que se pode chamar de exagero, também com origem nos Mercedes.
A famosa preparadora alemã Brabus, reconhecida
mundialmente por criar monstros em cima dos já muito rápidos AMG, pode
lhe oferecer o novo 800 Roadster. Sim, o nome sugere alguma coisa com
800. Isso mesmo, 800 cv de potência.
Este roadster é feito em cima do grandalhão SL 65
AMG V-12. Como 620 cv não são suficientes, a Brabus reformulou o motor
para gerar 800 cv. O enorme V-12 biturbo de 6 litros tem torque
suficiente para girar o planeta ao contrário a cada
arrancada. Mais precisamente, 145 m·kgf. Por questões de durabilidade, o
torque é limitado eletronicamente para somente 112 m·kgf (!), para
preservar a transmissão.
O sistema de admissão fabricado pela Brabus conta
com interresfriadores do tipo água-ar e turbos especiais,
coisa realmente séria. Todo o carro é reformulado para suportar esta
potência, desde a suspensão e freios até os painéis
de carroceria em compósito de fibra de carbono para ajustar a aerodinâmica e manter o
carro no chão. Até entradas de ar extras no capô foram necessárias para suprir o volume de ar que o motor pede.
Tudo isso para que o 800 Roadster possa chegar a 350 km/h limitados eletronicamente (!!).
Os Mercedes SL atuais são carros grandes e pesados
(1.950 kg), não são ágeis como o SLK, mas são rápidos. Ao contrário do
SLK, este Brabus não foi feito para subir uma serra fechada seguindo de
perto um 911. Seria como tentar pegar uma
mosca com uma marreta.
Este Roadster nasceu para correr livre pelas
estradas, com largas faixas e boa visibilidade. O 800 Roadster se sente
em casa em uma estrada mais ampla. Não que o carro não tenha uma boa
suspensão, longe disso, mas simplesmente porque não
é seu melhor atributo.
Com o teto abaixado e uma bela estrada, 800 cv
vindos de um V-12 ao seu dispor, este carro encara tanto algumas boa
curvas como um retão, e com muito luxo. O poder de aceleração de um
Brabus é impressionante, retomadas de 100 a 250 km/h
parecem iguais às de 70 a 120 km/h.
Dizem que todos os Brabus são um tanto quanto
aterrorizantes de se guiar, coisa de muita potência que só com a
eletrônica é possível de domar. Mas acredito que não exista essa de
“muita potência”. Nada que o bom senso não se faça prevalecer. Mas pensando bem, não sei se bom senso e este carro combinam. Enfim...
Se ainda assim for pouco, existe mais uma opção de
desempenho extremo com sol na cabeça. A Bugatti lançou recentemente uma
versão comemorativa do recorde estabelecido pelo modelo Veyron Grand
Sport Vitesse como o conversível mais rápido
do mundo.
Levando ao pé da letra, o Veyron Grand Sport na verdade seria um targa, e não um conversível como os dois Mercedes, mas hoje me dia não se dá muita atenção para estes detalhes.
A versão ganhou o nome de WRC Edition, que não tem
nada a ver com o Campeonato Mundial de Rali. A sigla significa World
Record Car, ou Carro do Recorde Mundial. Este modelo é igual ao que
chegou a incríveis 408,8 km/h com o teto recolhido,
na pista da Volkswagen em Ehra-Lessien, com suas duas retas de 10 quilômetros onde dá para perceber a curvatura da Terra.
O motor W-16 quadriturbo de 1.200 cv e 153 m·kgf de
torque mais parece um reator nuclear pronto para explodir, mas com toda a
classe de um lorde inglês. Teto recolhido e estrada à vista, o Veyron
pode ser mais calmo de se guiar que o Brabus,
ou mesmo o pequeno SLK.
Preparado para velocidades que nem um Fórmula 1
atinge, a carroceria do WRC Edition foi ajustada, para não dizer
modificada, para que a falta do teto não comprometesse o conforto e
estabilidade do carro em velocidades acima dos 390 km/h.
Com apenas oito unidades comercializáveis, o WRC Edition deve virar
um belo modelo de colecionador. Por uma pequena fortuna (1,99 milhões de euros, equivalente a 5,13 milhões de reais ), este colorido Veyron pode ser comprado e desfrutado em belas autostrade italianas ou nas Autobahnen, as fantásticas autoestradas alemãs onde cada um anda a quanto quer.
Com mais de duas toneladas, o Veyron nunca foi um
carro leve, mas a cada versão lançada sua agilidade foi aprimorada.
Muitos relatam que mesmo a mais de 400 km/h o Veyron é extremamente
estável e passa a segurança de um Golf andando a 70
km/h. A descrição do piloto que levou o carro ao recorde é bem parecida.
Sabemos que é puro marketing da Volkswagen, a quem a Bugatti pertence desde 1998, ter o carro
conversível mais rápido do mundo, mas não deixa de ser uma obra-prima da
engenharia, como o próprio Veyron original era e já contamos aqui. Os
estudos e recursos usados para que um carro
deste tamanho consiga ser rápido e estável deste jeito são dignos de
tirar o chapéu, pois retirar o teto de um carro que chega a 400 km/h é
bem complicado.
Guiar um destes Bugattis sem o teto e poder curtir o
dia e a explosão de força ao toque de um pedal, é um dos momentos que
muitos sonham.
Independente de qual for o objetivo, qualquer um
destes carros trará alegria para seus ocupantes. Experiências únicas,
cada um na sua proporção, e sempre com a vantagem do prazer ao ar livre,
sentindo todas as sensações do carro e do ambiente.
Infelizmente andar de conversível por nossas terras
é pouco indicado, e também não é fácil achar vias que comportem estes
carros. Mas pensando em uma condição que fosse possível andar sem
problemas, seriam grandes máquinas para uma boa viagem em um dia ensolarado.
Como falamos, não é preciso de muito para se
divertir com um conversível. Um carro bem acertado dispensa grandes
potências, mas não quer dizer que potência não seja bem-vinda e tornar a
brincadeira ainda mais divertida.
Fotos: Bugatti, Brabus, Mercedes-Benz, bugatti.blogspot.com
MB
Sem tanta firula, um bom e velho Karmann-Ghia conversível já alegrava tanta gente!
ResponderExcluirAliás, hoje tem votação sobre ele lá no Jalopnik: http://www.jalopnik.com.br/duelo-do-dia-willys-interlagos-vs-karmann-ghia/
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3 Máquinas excelentes e com suas belezas e peculiaridades. O SLK como um carro mais "enxuto" e ágil, o Brabus, um AMG belíssimo porém ainda mais "brabo", e o Veyron, simplesmente uma obra prima da engenharia.
ResponderExcluirUma pena que não haja conversíveis acessíveis por aqui. Um Miata oferece muita diversão com um custo até bem baixo (pelo menos nos EUA).
Outro que simplesmente adoro (e é o meu favorito), porém infelizmente fora de produção é o Honda S2000, caro de comportamento dinâmico impecável (S2000 é um roadster, mas acho que vem ao caso mencionar), fazia bonito perante a BMW Z3, Boxter e SLK.
Mendes
Sempre esqueço de contar aqui, quando lembro não tem a ver com o assunto. Hoje tem.
ResponderExcluirSaindo de Uberaba pela BR262, sentido Belo Horizonte, temos um trecho de reta de 12 km meio em subida, até o trevo da MG190 que desce para Sacramento, já dá pra esquentar o motor dos 3 carrinhos aí.
Agora o melhor:
Continuando na BR 262, após o citado trevo, começa o ponto mais alto de toda a BR262, inclusive mais que no estado do espirito santo. Pelo menos é o que a placa dizia. Esse ponto mais alto é plano e mede 16 km de extensão, retilíneos, perfeito para recordes. Só acho que a altitude não ajuda. Mais de 1100 metros sem turbina deve faltar ar.
Nos anos 1980 e começo de 90, quando eu não tinha filhos, nem barriga, nem juizo, achava a final de qualquer carro ali. Na época meu detector de radar se pagava a cada viagem pra Bh.
Após essa reta, começa a serra passando por Araxá, são 40 km de curvas excelentes, inclinadas pra dentro e com acostamento nivelado com a pista, facilitando a tangente. Quando forem ver os antigos de Araxa, lembrem-se desses trechos.
Luiz CJ.
Hoje em dia, a reta de 16 km deve ter 32 radares por sentido. Ou vocês acham que a Indústria da Multa iria deixar o trecho passar despercebido?
ExcluirMinha Autobahn se chama BR381, de Lavras a BH.
ExcluirNão tem nenhum radar. Nenhum mesmo. Trecho movimentado, mas há lugares para acelerar, com responsabilidade.
A minha é a GO-118 e TO-010.
Excluir900 km de pé embaixo, sem movimento, nem perturbação de qualquer espécie.
Pena que no trecho goiano os buracos tomaram conta.
A Bugatti está nas mãos da empresa certa,o Veyron é mesmo incrível.
ResponderExcluirEstamos relegados ao esquecimento e ao que existe de pior...Nem um único conversível acessível no país, ainda que acessível seja o triplo do que pagam lá fora! O Honda S 2000 que é "prá lá" de ótimo e que atenderia perfeitamente à imensa maioria, sem a estrela ou o hélice para chamar ainda mais a atenção, seria perfeito! Saiu e linha mesmo sem chegar aqui. Ô mercadinho, meu Deus!MAC.
ResponderExcluirMazda Miata já seria bom.
ExcluirOk, o Miata agrada muita gente e tem seu público, embora seus dotes nem de longe chegam aos pés do S 2000, sem dizer que mecanicamente o Honda é uma aula de engenharia. Quanto ao Miata, infelizmente pouca gente cabe dentro de um. Parece ter sido feito para o biotipo japonês. Até 1,70 vc entra no carro. Passou disto esquece.
ExcluirO 55 é ótimo para a vida real, o SL63 800 é excessivo e te entope de eletrônica para não morrer, e o Bugatti - malgrado a potência industrial - parece bem mais sensato que o Brabus.
ResponderExcluirO 55 é caro demais para mim, o SL63 800 é um estupro monetário, e o Bugatti me faz pensar em PIB's.
E fim de papo!
MFF
Já disse e repito, quando toda a humanidade estiver andando em plataformas voadoras e as viagens espaciais puderem ser feitas saindo da garagem de casa, este carro estará num museu com a inscrição "A Pièce de résistance" do fim da era do motor à combustão.
ResponderExcluirÉpico!
Nada haver com o tópico
ResponderExcluirBob, hoje na frente do Fórum de Goiânia (Setor Oeste) vi um Uno verde, aparentando ser dos anos 90 (não sou "especialista" em Unos) com os "sacos de lixo (parecia ser G5) nos vidros laterais e traseiros e com o pára-brisa também filmado (aparentando ser G20)e fiquei imaginando em como é dirigir aquela máquina.
Infelizmente, na hora não me atentei em tirar uma foto, só vindo a me lembrar depois.
É, nada a ver mesmo...
ExcluirDos três, o primeiro já está para lá de bom, considerando nas mãos de quem vão cair, ou seja, motoristas comuns endinheirados em sua grande maioria, e para os quais 430 cv já são "estábulo" demais. Sei que detestam quando eu digo isso, mas não vejo sentido em colocar 500, 800, 1000 cavalos em um carro de rua. Mas voltando aos conversíveis: o primeiro seria minha escolha, embora um Mustang 64 "mint condition" já me fizesse tão feliz quanto, he, he!
ResponderExcluirMustang 64 que carro lindo. Também gostaria de um desses
ExcluirMr. Car o que significa o tremo " mint condiction?
Abraços
"Mint condition" significa "estado de zero".
ExcluirDo ponto de vista mecânico são sensacionais sem dúvida. Pessoalmente sou mais o SLK, remotamente parecido com um carro utilizável no dia a dia. Mas os outros dois? Laranja com preto? Sério? Ou o Brabus, com esta grade gritando tenho mau gosto e quero esfregar que torrei uma grana no carro? Desnecessário, bem desnecessário. Se fosse o caso, pediria o Brabus sem mudar a carroceria, fazendo a linha sleeper (na medida do possível de sleeper, tratando-se de um SL ...).
ResponderExcluirDe todos, ainda sou mais um Boxster, menos enfeitado e com menos concessões a coisas desnecessárias. Tomaria um pau do SLK, mas deve sobrar um belo troco. Ou, considerando restrições do mundo real, um Miata. Mas aí mexeria na mecânica, porque é divertido, ágil e coisa e tal mas falta potência.
Joe
É basicamente um termo usado entre colecionadores para um carro antigo em exelentes condições, como se fosse 0km.
ResponderExcluirEntão fico imaginando se um roadster conversível com motor de Monza 2.0, tração traseira (usando a plataforma do Chevette talvez) e peso muito reduzido, não conquistaria os autoentusiastas brasileiros.
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