NOVO CITROËN C3 TENDANCE, NO US0

Fotos: Citroën

Depois de dirigir pouco o novo Citroën C3, só por ocasião do seu lançamento há pouco mais de um mês, em Brasília, faltava rodar com ele no uso normal, especialmente para avaliar melhor o novo motor de 1,45 litro na altitude de 800 metros de São Paulo, já que a capital federal fica a quase 1.200 metros acima do nível do mar e isso faz diferença em motores de aspiração natural e baixa cilindrada, bem como experimentar melhor as sensações de dirigir com o grande pára-brisa Zenith.

O motor, rotulado de 1.5i flex e com designação de fábrica TU4M Flex, vai melhor do que o observado na primeira vez que o dirigi. Embora, como eu disse antes, ao ser de 8 válvulas não tenha o brilho do 16-válvulas anterior – que agora está ainda melhor, diga-se, ganhou 5 cv com gasolina e 9 cv com álcool, para 115 e 122 cv, respectivamente – atende bem ao chamado uso geral, capaz de agradar a todos os gregos e a boa parte dos troianos.

Seu forte é aquele uso em rotações bem baixas, aceitando sem protesto pular marchas, no que retribui com baixo consumo de combustível. Na cidade, em uso normal, com com tráfego longe da fluidez ideal, o computador de bordo ficou sempre na casa de 1 litro por 11 quilômetros, com álcool. Não tive oportunidade de ir para a estrada com ele, como gostaria, mas por essa base pode-se antecipar sem muito erro 1 litro por 15 quilômetros com álcool. O novo motor é realmente frugal.

As medidas tomadas pela Citroën (na verdade pela PSA, a controladora desta e da Peugeot) surtiram mesmo efeito. Entre elas o grande aumento da taxa de compressão, que de 10,5:1 no motor anterior de 1.360 cm³ saltou para importantes 12,5:1 neste 1.449-cm³, e tudo o que foi feito para reduzir atrito interno e massas, até mesmo controle da circulação do líquido de arrefecimento diferenciado para temperatura de funcionamento otimizada em função do combustível que está no tanque (com álcool, a temperatura do motor deve ser mais alta, para facilitar a vaporização do combustível), provou se correto.

A leitura do computador de bordo é clara e precisa, à direita do velocímetro, dentro do medidor de combustível. As funções vão se alternando apertando o botão na extremidade da alavanca do limpador de pára-brisa, bem fácil. O novo quadro de instrumentos é bem superior ao antigo, especialmente aquele estranho conta-giros em arco sobre o velocímetro, de leitura difícil.

O pára-brisa Zenith de série é mesmo um ponto alto no Tendance, utilizado também na versão superior Exclusive, porém indisponível para a de entrada Origine. A sensação de dirigir sem o teto por cima é mesmo incrível, e quando sol está mais para vertical e o tempo está muito quente, desloca-se facilmente com a mão interna a cortina rígida que tem o formato e aspecto um revestimento de teto comum, com pára-sol nos dois lados e tudo. Solução mesmo brilhante e, por que não, ovo de colombo.

Com suas dimensões contidas de entreeixos e comprimento total, 2.459 e 3.944 mm, na ordem, e diâmetro minimo de curva de 10,3 metros, é bem adequado para o uso em cidade, é bem ágil. A leveza do volante em baixas velocidade ou em manobras, proporcionada pela assistência elétrica, que é indexada à velocidade, é outro destaque do C3. Até a manopla da alavanca de câmbio, em forma de pera, é especialmente agradável de manusear. A capacidade do compartimento de bagagem, 300 litros, atende bem às necessidades da maioria. Mas o prático porta-objetos no console carece de uma borda de retenção e o que se coloca ali "voa" para trás numa arrancada mediana.

O piso de Brasília não permitiu avaliar direito a suspensão do novo C3, que na buraqueira e ondulação de São Paulo se mostrou correta em absorção, estabilidade e conforto. Já havia sido dado um grande passo nesse sentido em 2008, não houve na realidade grande mudança de lá para cá, senão um interior mais silencioso agora.

Pode parecer que não, mas as luzes de uso diurno compostas de LEDs marcam bem a presença do carro no trânsito, percebe-se claramente como os outros motoristas e os pedestres avistam o C3, algo que já notei com outros carros que têm o recurso. Como eu disse, não usei o C3 em estrada, mas com outros os motoristas dos carros à frente nos avistam de longe, melhor do que sem elas.

O C3 Tendance vai mesmo bem no uso.

BS