O Hitler e eu temos algo em comum. Ele achava que o que era
bom pra ele era bom pro povo alemão e eu acho que o que é bom pra mim é bom pro
leitor autoentusiasta. Então, já que eu estava muito a fim de sentir na pele o
duelo entre dois de meus esportivos favoritos, o Jaguar E-type e o Corvette
Sting Ray, tratei de convencer o pessoal que seria muito legal e que todo mundo
ia gostar que gente fizesse uma matéria desse duelo de cachorro grande.
Gosto desse lance de reviver duelos do passado, tipo Frazier x Ali, Jofre x Harada, e também me atrai pensar em duelos impossíveis no boxe. Por exemplo: o que seria uma luta Frazier x Tyson, ambos em suas melhores formas? Mas com boxe não dá, pois a idade pesa no lombo dos humanos, mas com carro dá, e quem sabe um dia poderei colocar modernos contra antigos...
Mas essa dos dois antigos fiz, e, além dessa citada, que foi publicada na Car and Driver Brasil, o Bob e eu fizemos um comparativo entre o Porsche 911T 1968 contra o Alfa Giulia Sprint Veloce 1967 no nosso programa-piloto do Speed Masters.
E então levamos para Interlagos um E-type cupê 1970 e um Sting Ray 1963. Também, de lambuja, foi um Stingray 1970, já que ele estava muito na mão, mas eu temia que colocando três no rolo fosse demais e poderia embaralhar a coisa, apesar dele caber no comparativo, já que, afinal, o E-type enfrentou essas duas gerações de Corvette.
Na matéria da Car and Driver tirei o Stingray fora, mas aqui o coloco, já que ele aparece na filmagem que segue.
Note que a um chamo de Sting Ray e a outro, Stingray, tudo junto, pois ao mudarem o modelo, em 1968, juntaram as palavras.
Alguém dirá que em 1963, quando o Sting Ray split window
(janela repartida, em referência à sua vigia traseira bipartida, só
característica dos modelos 1963, pois no ano seguinte já a eliminaram por
atrapalhar a visão traseira) foi fabricado, o E-type tinha um motor seis
cilindros de 3,8 litros e esse cupê de 1970 tinha um de 4,2 litros. Tudo bem,
não esquente, pois a potência foi mantida, 265 cv, e só o torque é que
aumentou, e pouco. O comparativo, portanto, continua valendo.
Além do mais, pequenos detalhes não me interessavam, pois o que me interessava mesmo é que eu estava com essa vontade encruada de guiar os carros em Interlagos, tirando o traseiro de um e botando o traseiro ainda quente no outro, e boa.
Além do mais, pequenos detalhes não me interessavam, pois o que me interessava mesmo é que eu estava com essa vontade encruada de guiar os carros em Interlagos, tirando o traseiro de um e botando o traseiro ainda quente no outro, e boa.
Só assim é que dá pra gente sentir as diferenças claramente.
Se desse pra fazer eu faria.
Deu.
Esse Sting Ray tinha um V-8 de 327 polegadas cúbicas (101,6 x 82,55 mm, ou
seja, 5.341 cm³) e sua potência era de 300 hp – potência SAE bruta, pois só 1972 os americanos passaram a usar potência SAE líquida. Na época havia outros motores para
o modelo, mais fortes ou mais fracos, mas esse 327 de 300 hp é bem
representativo.
O Stingray tinha um V-8 350-pol³ (5.740 cm³) de 350 hp.
Na filmagem o leitor também verá um racha que fizemos, uma
arrancada com os três alinhados. Creio que o resultado merece uns
esclarecimentos. O E-type estava com pneus com pouco uso, porém velhos e
ressecados, o que lhes dava pouca aderência; basta ver o que ele patinou na
arrancada. Daí que acho que ele teria arrancado melhor se estivesse com pneus
em dia.
O Stingray também teria arrancado melhor e explico: depois dessa arrancada fiquei cabreiro, pois a lógica diz que um de 300 hp não pode levar um de 350 hp assim na moleza, e aí fui fuçar descobri que o segundo estágio do carburador Holley quadrijet não estava abrindo. Coisa fácil que logo arrumei, e aí, claro, o carro mudou.
Vale notar que os três pilotos sabiam arrancar direitinho e não precisavam de aulas de ninguém para tirar dos carros o que eles tinham para dar.
Os comentários sobre os carros ficam para os que faço no
vídeo. Nada melhor que as impressões do momento.
Fica a saudade, pois são esportivos realmente deliciosos de guiar e de uma época em que esportivo era para quem não precisava de ajudas eletrônicas para mandar a lenha sem fazer besteira.
Espero que o caro leitor goste, o que comprovaria a minha
teoria de que o que bom pra mim é bom pra todo mundo.
Segue a filmagem, feita de improviso pelo primo
Paulo Keller: As fotos, claro, são dele.
"Um corvette na noite..." fellings. Só faltou uma japonesa maluca.
ResponderExcluirJCQ,
ResponderExcluirPra vc ver que escrevo sobre o que conheço, inclusive japonesas malucas...
Essa que inspirou a do livro foi rolo do meu irmão. Só ele mesmo, um figura.
"O Hitler e eu temos algo em comum."
ResponderExcluirRapaz, tira isso daí rápido, antes que um daqueles falsos moralistas politicamente corretos venham dizer que você é nazista, faz apologia ao antisemistismo e mais aquele monte de baboizeiras que eles vomitam.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirInteressante que, mesmo vindo de escolas diferentes, o "shape" dos carros parece bem semelhante, inclusive a silhoueta deles é muito parecida.
ResponderExcluirAcho que a beleza e simplicidade das linhas tornam ambos lindos e de babar até hoje, quase 50 anos após saídos das linhas de montagem.
Caro Carlos,
ResponderExcluirTirando o V-Oitão americano, o Corvete é o mais "europeu" dos esportivos.
Anônimo,
Durante a década de 50 a indústria dos quadrinhos resolveu criar um rígido código de auto-censura. O resultado é que até hoje elas não se recuperaram totalmente do erro.
Limitar sua criatividade e sua liberdade de expressão porque uma ONG que defende os grupos mais estranhos pode te processar significa o mesmo que se calar. E aí é melhor ficar em casa mesmo assistindo o Faustão e postando no Facebook as fotos do último churrasco...
[]´s
Muito legal!
ResponderExcluirO díficil deve ser é arrumar donos dispostos a emprestar os carros.
sou doido pra ver um comparativo desses com esportivos nacionais, tipo aqueles pumas bravos de exportação vs opala SS...
coisas do tipo.
Anônimo das 13:45
ResponderExcluirQuem usa bigode também tem algo em comum com o Hitler.
Deixe de neuras.
Gostei!
ResponderExcluirNão é sempre que temos a oportunidade de ver uma reportagem como essa. Gostei de ver o E-Type riscar o asfalto. Morro de inveja de vocês!
ResponderExcluirGiovanniF
Arnaldo, lindo teste, momento mágico, oportunidade bem aproveitada. Mas, tira o nome do alemão daí, nada a ver com nada. Este é um nome para ser esquecido.
ResponderExcluirAnônimo 17:54
ResponderExcluirPode não ter nada a ver mas o nome tem que ser lembrado para que não se repitam os fatos. Embora a história seja cíclica fato este faz com que varias coisas estejam sendo repetidas não por um mas por vários governantes.
O mundo tem memória curta.
Arnaldo, parabéns pelo texto e vídeo. Carros fantásticos. Época de ouro mesmo.
ResponderExcluirE obrigado por compartilhar, termino meu dia feliz.
Belíssimos carros. De um tempo onde desenhar e ousar fabricar fazia cada carro original em relação aos demais, comparativamente aos tempos atuais, onde cada fabricante segue um certo alinhamento ou tendência de design, tornando o "reino da Dinamarca" um lugar entediante.
ResponderExcluirArnaldo,
ResponderExcluirdois dos mais belos carros de todos os tempos. Deve ter sido um belo dia.
Valeu mesmo.
Arnaldo,
ResponderExcluirFantástico, já havia lido a Car and Driver mas este vídeo é muito melhor. Saudades do ronco do 4.2!!! Uma das melhores tardes da minha vida foi a bordo de um E-type OTS vermelho 65, série 1.5. Igual ao serie 1 mas com o 4.2 e o painel igual ao do carro deste vídeo. Eu acho os primeiros, série 1 e 1.5, sem os sealed beam bem mais bonitos. Mas de qualquer maneira são carros fantásticos. Esse volante de madeira é de babar... O corvettão também é fantástico mas o E-type mora no meu coração. Que a vida nos dê mais oportunidades como esta! Abraço!
Obrigado pelo post! No dia do meu aniversário, nada melhor que curtir dois clássicos esportivos que estão entre meus favoritos (mais o E-type do que o Corvette).
ResponderExcluirSugestão para o próximo: Mustang x Camaro, ambos da década de 60. Pode ser em 23 de janeiro de 2013, para meu deleite...
GiovanniF que não é anonimo:
ResponderExcluirSe o AK souber dum certo maverick gt vermelho que vc tem, com um motor que foi preparado por um certo mecanico suspeito aí de brasilia, que inclusive gosta de colt modelo 1911, para desespero de algumas freirinhas politicamente corretas, ele é que vai ficar morrendo de ineja, hahahaha.
Fora que com certeza anda junto com a corvette e com o E type sem nenhum embaraço ou dificuldade.
Carros míticos!! Mas que barulhinho chato do ar passando pelo Corvette hein... rs
ResponderExcluirArnaldo, uma coisa ficou comprovada. O que é bom para voce é MUITO bom para os autoEntusiastas.
ResponderExcluirSomente aqui neste blog, um teste desse tipo seria possível.
Alem de poder ver os carros antigos que até hoje povoam a nossa imaginação, verdadeiros classicos em ação em pleno autódromo, somos brindados com as belas imagens clicadas pelo primo Keller.
Preferencias à parte, Vette e E Type, mostraram classe, vigor, desempenho e beleza, tudo ao mesmo tempo agora.
Espero que voce possa repetir mais alguns belos "duelos" como esse apresentado. Com certeza é a expectaiva de todos o autoEntusiastas que circulam por aqui.
E no final, voce nem vai precisar se utilizar da classica pergunta: "Foi bom pra voces?"
Romeu.
Ronco de avião, praticamente. Incrível!
ResponderExcluirPena que o barulho do vento foi meio ensurdecedor.
Dá pra ver que o Jaguar é um carro muito mais refinado, em acabamento e mecânica.
ResponderExcluirMas eu quero um Corvette 63!!!
McQueen
deMesquita,
ResponderExcluirObrigado. Vc entendeu a mensagem. Ultimamente tem aparecido muitos hitlerezinhos querendo aprontar e o que mais lhes dá força são os ouvidos de um povo ignorante ou desmemoriado.
E viva o BBB!
Rafael, Parabéns!
ResponderExcluirMuitos Jaguar e Corvette de vida!
Mustang x Camaro anos 60 já fizemos, o primo e eu, pra Car and Driver.
Preferi o Mustang, mas, vc sabe, eram tantas as opções de motor, etc, que fica impossível comparar direito. Seria como comparar um Palio 1,0-litro com um Gol 1,6-l.
Mas, o Mstang me pareceu mais justinho, menor, mais levinho, mais ágil. Sou gamado nos Mustang hard-top com o V-8 289, e câmbio manual 4-m, lógico.
AG, fala pra esse Giovanoff aí me apresentar esse Maverick.
ResponderExcluirPor enquanto foi só papo bravo e ainda não guiei nenhum carro com motor preparado por esse ogro dos infernos.
Mas quero mesmo é guiar um Chevette V-6!!!
É ISSO AÍ AK, PAU NO SPLIT WINDOW!!!
ResponderExcluirCheguei agora ao AutoEntusiasta e parabens pelo trabalho e por esta materia. É o que eu procurava na net!!!
ResponderExcluirBom, alguem falou de Chevette V6? Eu tenho um, vinho '78, motor GM 4.3l. Ja teve algumas materias na net (um elegante Chevette V6) e em revistas como a Rod & Custom. Estou em SP.
Abracos a todos e parabens novamente.
Já que o Fuher foi citado, o teste deveria ter incluído uma 300 SL...
ResponderExcluirTem um sueco que troca ideias comigo via e-mail. Ele disse que o XK-E tem uma estrutura de aspecto frágil, um monobloco com tubos quadrados parecidos com metalon. Não confirmo porque nunca analisei um XK-E profundamente, mas babava ao ve-los passar no norte da Califórnia. Quanto à Corvette, estou pegando intimidade com a criatura. Recebi minha 65 roadster 327/350Hp em outubro passado.
ResponderExcluirLuiz
ResponderExcluirDá uma lida nesse link aí abaixo e veja o que o Bob escreveu de um 300SL roadster.
http://bestcars.uol.com.br/colunas/b162b.htm
E por falar em Speed Masters, hein AK? Parece que não vai rolar mesmo, né? O pessoal quer ver futebol...
ResponderExcluirQue post fantástico!
ResponderExcluirOs carros exalam entusiasmo da arte infindável que é dirigir!
GM
Inveja, inveja, inveja!!! O que eu não daria pra estar pilotando qualquer um dêles. Gosto de tudo neles, do desenho fluido, funcional e elegante, ao mesmo tempo agressivo e másculo, do caposão que parece não acabar mais, traseira curta, tração traseira, motor de verdade e mecânica sem eletrônica e sensores para pilotar no seu lugar; e a mágica do conjunto todo, pronta para envolver na sua aura qualquer autoentusiasta que tenha a sorte de ficar pelo menos próximo deles; fiquei encantado, sonhando acordado, quase sentindo o cheiro dessas criaturas míticas; voltei, nesses instantes, para uma infância/adolescencia que me dava o direito de sonhar com esses mitos e todas as possibilidades que os sonhos nos dão!
ResponderExcluirMuito obrigado, valeu!
Outra coisinha, continue não ligando pra essas idiotices do politicamente correto e seus patrulheiros imbecis; só um desprovido de inteligência não vê que a comparação foi apenas uma força de expressão. Obrigado mais uma vez, e um pedido, repita com outros carros lendários, nacionais inclusive, se, e quando puder.
AK
ResponderExcluirOs irmaos Kellers sempre nos brindando com óimas matérias e fotografias!
Que legal esse comparativo ... gosto muito do Splitwindow 63, mas o E-type é um fetiche automotivo , escandalosamente lindo , curvilineo e envolvente.
Alem disso tem um motor de incrivel sonoridade , coisa que prezo muito num auto-desportivo...
Adoraria um série(1 e meio) conversível.
Que bom que sonhar nao custa nada e (por enquanto) nao paga imposto !
Saudacoes
Grande AK!!!! Mais uma excelente matéria!!!
ResponderExcluirEspero que vocês façam posts com vídeos com mais frequência!
Sei q toma um tempão... Mas faltou umas tomadas clássicas... Como a da câmera na curva bem pertinho da zebra... ;o)
Seu eu morasse aí ajudava...
Abs
Reynaldo,
ResponderExcluirPode rolar, sim. De repente os astros se alinham e a coisa rola.
Fantástico o vídeo reportagem narração comparação.
ResponderExcluirObrigado aí pela carona, AK.
Então beleza AK, estou aqui pensando positivo!!!
ResponderExcluirEsse E-type e o Sting Ray de 63 são os carros que mais admiro, e voce acelerou os dois, no mesmo dia! E acelerou mesmo, sem o dono te pentelhando por forçar uma máquina de 42/49 anos.
ResponderExcluirNunca senti tanta inveja.
Anônimo das 21:14,
ResponderExcluirOs donos estavam lá mandando a lenha nos carros deles e um experimentando o carro do outro também. Não é sempre que se tem esse privilégio de ter Interlagos livre só para poucos. Então, bom pra todo mundo.
Mas, olha, uma coisa é andar rápido e outra coisa é maltratar. Andar rápido faz bem pros esportivos.
E, veja, o dono do E-type não sabia que seus pneus estavam ressecados. Na rua quase que não dá pra perceber, mas na pista ficou evidente logo de cara, então é bom fazer essas coisas, pois assim é que dá pra sacar como está mesmo o carro e deixá-lo nos trinques.
Ricar Fernandes,
ResponderExcluirDá pra gente ver esse teu Chevette V-6?
Escreva aí se sim.
arnaldokeller@yahoo.com.br