Essas são imagens de um folheto escaneado, doado por um velho amigo e leitor desse blog, o Ricardo.
Como eu, ele sempre coleta a mais estranha literatura possível nas exposições automobilísticas que freqüenta.
O BM Foster é mais uma daquelas criações cuja história está para ser contada.
Pelas poucas informações que há no papel, e pelo que o Ricardo se recorda, trata-se apenas de um Opala de compósito de fibra de vidro, que deve ter sido apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo por volta de 1990 ou 1992.
As áreas de exposição mais baratas no momento do aluguel do espaço são sempre as periféricas, e no caso dos salões paulistas, sempre em uns cantos relativamente escondidos. Era bem comum entrar pelas pequenas ruas do pavilhão e dar de cara com criações de todo tipo, algumas agradáveis, outras assustadoras, mas todas interessantes.
Diferente do Lassale Digital, que era uma criação mais livre, o Foster é uma praticamente uma cópia do Mercedes-Benz SL 1989 a 2002, código de fábrica (que alguns preferem chamar de plataforma) R129. Ao menos na dianteira, a inspiração não deixa dúvidas.
Curiosamente, a cor desse carro é muito parecida com a da unidade do carro alemão avaliada pelas principais revistas brasileiras nessa época. Foi capa na Autoesporte, me recordo como se fosse hoje. Matéria de José Luiz Vieira.
O BM Foster também poderia ser chamado de "Opala de plástico", que não deixava de ser um bom caminho naqueles anos, principalmente pelo motor de seis cilindros, diverso da maioria das criações dos anos 70 e 80, onde o chassis rodante era de Fuscas ou Brasílias, escolhidos pela praticidade e baixo preço.
Mas pouco mais se pode dizer, além do que vemos nas parcas fotos. Faróis de Monza, lanternas de Quantum e o mais importante de tudo, infelizmente sem nenhuma imagem, a informação de que o carro tinha chassis tubular.
Por mais que eu tenha procurado, não encontrei mais fotos ou informações dessa criação. Seria muito bom ter ao menos uma foto dessa estrutura, para termos uma idéia da categoria e extensão de desenvolvimento do projeto.
Como também não encontrei nada a respeito de avaliações, nem mesmo sabemos se o carro andava mesmo ou era um modelo estático.
Bonito ou feio é um detalhe pessoal. O fato é que existem soluções estranhas, que não combinam mesmo com a proposta. A meu ver, a pior delas está na capota rígida que aparece nas fotos.
Notável também que a PPA, empresa bastante conhecida no ramo de automação de portões controlados a distância e ainda hoje atuante no mercado, assinava o painel de instrumentos digital, e, ao verificar os outros acessórios elétricos descritos, imagino que eles estivessem por trás deles também. Era informado um bar de acionamento elétrico, faróis com sensor de luminosidade e a partida do motor por controle remoto. Sofisticações mais do que avançadas 20 anos atrás.
Acredito que a onda corrente de publicação de livros sobre as mais diversas marcas e modelos fabricados no Brasil, leve algum pesquisador a escrever uma obra sobre os carros fora-de-série que já apareceram em nosso território. Dos mais conhecidos aos que ficaram em apenas um exemplar, são histórias que precisam ficar registradas para o futuro.
Um blog que reúne boas informações sobre alguns modelos é o http://brasilforadeserie.blogspot.com/, mas nem mesmo lá há algo sobre esse BM Foster.
Talvez algum leitor possa encontrar mais algo sobre o Foster, ou até mesmo saber quem o fabricou, onde e se ele ainda existe. De minha parte, apenas encontrei o nome do designer Rogério Foster, que trabalhou com automóveis, e pelo que apurei, é o responsável pelo Squalo. Mas não consegui saber se o Foster desse carro é seu sobrenome.
JJ
Nossa, no Google não tem nada a respeito.
ResponderExcluirParece que juntaram a frente do R129 com a do R107.
Infelizmente nunca houve um projeto sério para beneficiar a tecnologia automotiva do Brasil.
ResponderExcluirPrimeiro, fecha-se o mercado, permitindo a qualquer um literalmente fabricar carros no fundo de quintal a partir de peças de outros carros (motor de Opala, farois de Quantum, etc.).
Quando essas indústrias começam a se desenvolver e construir carros de verdade, abre-se o mercado sem controle algum. Resultado: essas fábricas vão a falência, o setor como um todo sofre um golpe forte e todas as indústrias (desde as Quatro Grandes até a menor de todas) reduzem os investimentos em pesquisa e desenvolvimento no Brasil.
Então, fecha-se o mercado de novo. Resultado: as fábricas ficam vendendo os mesmos carros para sempre, esperando uma nova abertura para então trazer os novos modelos para cá.
Até a logomarca é aproveitada da VW, de cabeça pra baixo e sem o "V"
ResponderExcluirAlguém estava vendendo um desses em maio, mas o anúncio era curto e sem fotos. Talvez seja possível entrar em contato com o vendedor ou com o site - segue abaixo:
ResponderExcluir* Endereço: Rio de Janeiro, Brazil
* Data de Publicação: maio de 2011
* Preço: BRR 10000,00
VENDOTROCO. VENDO TROCO-10.000
FOSTER 1990-TIPO MERCEDES CONVERSIVEL-BRANCO-TODO EM FIBRA-MOTOR 6 CILINDROS-MECANICA CHEVROLET.. Preço: R$ 10.000
URL: http://riodejaneiro.inetgiant.com.br/addetails/vendotroco/3090704
Não vivi a época, mas sempre me pergunto como é que alguém pode olhar para esse carro e dizer "ficou bom. Vamos lancar!".
ResponderExcluirEsse "Foster" deve ser um nome fantasia. Por sinal, o mesmo utilizado pelo Ratinho em sua marca de ração para cães.
ResponderExcluirParei de ler onde diz que sua base foi o Opala...
ResponderExcluirCaramba, que coisa bizarra. Parece um ITA/Lassale, com lanternas traseiras de Quantum...
ResponderExcluirAqui no Rio, cheguei a ver alguns desses.
ResponderExcluirRealmente era e ainda é tosco.
Pelo menos, o anúncio é honesto quando diz que o som é de última geração... e põe última nisso...
Tá certo que havia um mercado para esse tipo de carro, até porque não haviam carros naquela época, tanto é que qualquer um comprava uma "carniça" lixava, pintava, às vezes nem isso, e revendia por três vezes mais...
Talles
Unico Opala de plástico que eu conhecia era o SM! hahaha. MAs é bem melhor que esse aí hein, pelo menos em design.
ResponderExcluirAqui em Beagá, um sujeito chamado Tony Rey fez grana e sucesso nos anos 70 e 80 cantando músicas românticas – ou no estilo brega, como queiram. Ele tinha sua própria casa de shows e andava numa limusine branco pérola, que na verdade era um Monza com pinta de Mercedes - a Agromotor, de São Paulo, fazia o “Monza-Benz”, mas desconheço se também o transformava em limusine. Eu já estava desanimado por não achar uma única foto na internet, pois informações sobre o carro do “Julio Iglesias mineiro” são tão raras quanto as do BM Foster - coisas de país sem memória. Eis que, divagando pelo You Tube, encontro um videoclipe do cara, onde as primeiras cenas são da lendária limusine! Quem curte esse tipo de carro vai gostar, mas não garanto sobre a música...
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=g2AKC-PNahs
Estou terminando um livro sobre os esportivos fora de série com fotos um breve histórico e algumas informações técnicas É mais de caráter informativo. Pretendo disponibilizar grtuitamente a todos é em formato PDF.
ResponderExcluirQuando terminar primeiro vou enviar para Vcs dar uma avaliada para uma ajuda. Ok!
O Squalo eu conhecia, mas este Foster nunca ouvi falar.
Pela foto eu pensei que fosse o "Chevette Baby 138", que apareceu na 4 Rodas de outubro de 1990, página 101. E ainda tem outras pérolas da época!
ResponderExcluirAki acho que é um http://www.fotolog.com.br/pumaland/61045353
ResponderExcluirE a gente ainda reclama que Chinês copia?
ResponderExcluirAo menos eles copiam e produzem... nem isso a gente consegue. Indústria nacional tem momentos de fundo do poço para atender clientes "Lifan Mini" que não enxergam o quão ridículos são, infelizmente.
"Parei de ler onde diz que sua base foi o Opala..." [x2]
ResponderExcluirE eu que pensei que o Squalo era o último esqueleto no armário...
ResponderExcluirSub-produto de uma indústria medíocre e sem nenhum incentivo que preste. Comparando isso com o que os independentes fazem na Inglaterra soa como piada macabra. Hoje em dia, a Americar já faz coisa melhor, mas o preçinho...
ResponderExcluirA visão do inferno,hahahaha
ResponderExcluirMinha pergunta aos falam mal: quantos carros vocês já construiram na vida?
ResponderExcluirMe lembro das revistas que comprava na década de 80, os últimos sopros de vida de nossos fora-de-série. Infelizmente, devido ao posicionamento de "exclusividade" que a absoluta maioria procurava, mas baseados em adaptações técnicas baratas, não sobreviveram à abertura das importações.
Os únicos remanescentes desta época, em um nicho quase sem competidores, são as fábricas de buggies.
Espero que as próximas gerações deixem essa mania de só criticar e façam antes de falar.
Achei legal o estilo do folheto, bem final de 80/começo de 90. Usaram o mesmo fundo quadriculado no painel do Opala e na embalagem e manual do TK90X :)
ResponderExcluirFernado
ResponderExcluirnunca construi carro nenhum na vida e nem pretendo. E nem por isso me sinto impedido em emitir opinião ao ver o monstrengo aí da foto. Parabéns a quem o construiu pela vontade e determinação mas sinto dizer que o resultado foi pífio, assim como tantos outros aí pelas décadas de 70 e 80.
Fernando,
ResponderExcluirFaz um carro aí então.
Como entusiasta vejo que você ainda não entendeu "o que é um carro".
Carro não se faz no fundo do quintal. Leva tempo, muito dinheiro, técnica e talento.
Quem pagaria uma fortuna nesses carros fora de série?
Mas do que vontade de fazer um carro, o entusiasta empreendedor deve pensar em fazer algo que seja vendável, que as pessoas queiram comprar. Do contrário, faça um só e deixe na garagem pra curtição própria.
Simples assim.
Essas empresas estavam começando a se desenvolver. Tudo bem, os primeiros carros eram adaptações baratas dos GM e VW (como este BM Foster), mas já tínhamos fábricas que estavam começando a desenvolver carros de verdade (como a Puma e a Gurgel). Tivessem mais tempo e poderiam talvez se tornar grandes montadoras mundiais.
ResponderExcluirPS: O motor 1.0 não veio por causa da abertura dos anos 1990 não. Veio para matar o BR-800, que seria lançado nessa mesma época.
Fernando, o problema é o preço.
ResponderExcluirQuem é que vai pagar R$ 140.000 (e esperar 1 ano pela entrega) por um tosquíssimo Lobini quando temos Audi TT com pouco uso ou Peugeot RCZ por praticamente o mesmo preço?
é uma Bizarrice Automotiva!!!!!!
ResponderExcluiranonimo das 7:36 - já tenho o projeto, se quiser colaborar com o dinheiro... Henry Ford começou em um galinheiro. O importante é ter a garra para começar.
ResponderExcluirAnonimo das 22:57 - eu não estou dizendo que o bm foster é bonito (com certeza não é) ou que seja um bom carro (difícil de saber já que nem deve existir mais). Mas eu celebro de alguém ter saído da frente da tv e botado a cara a tapa para faze-lo, o q 99% dos brasileiros não faz.
CSS: e os fora-de-série brasileiros sempre foram caros, com raríssimas exceções. A maior parte dos fabricantes preferiu ir atrás do nicho dos exclusivos, e como a indústria de computadores, não se preparou de verdade para a abertura de mercado. É uma pena, mas ainda é mais do que existe hoje em dia.
Ilustre desconhecido, nunca havia ouvido falar desse BM Foster...
ResponderExcluirMora em Brasília, meu pai tinha um foster desse até a cor e a mesma... vou mandar as fotos q tenho ... hj em dia virou lata velha rs
ResponderExcluirAnônimo de 31 de julho: mande as fotos e um histórico do carro com sua família para que eu possa publicar aqui no AE.
ResponderExcluirObrigado.