google.com, pub-3521758178363208, DIRECT, f08c47fec0942fa0 AMARGA NOTÍCIA - AUTOentusiastas Classic (2008-2014)

AMARGA NOTÍCIA



Que notícia mais desagradável e sobretudo triste não termos mais a Honda na F-1, conforme anunciado anteontem. Eu podia esperar que um fabricante-concorrente europeu o fizesse em razão da crise sistêmica que estamos vivendo, jamais um asiático. Muito menos a Honda.
Há menos de um mês o Milton Belli falou da Honda na F-1 neste blog e as lembranças do filme Grand Prix logo vieram-me à mente. Na história, a marca Honda era Yamura e seu todo-poderoso chefe, Yzo Yamura, magistralmente interpretado por Toshiro Mifune (1920-1997). Mas o fato é que guardo pela Honda uma profunda admiração e essa decisão de sair da F-1 me deixou muito triste.
Cinco fatos explicam essa minha admiração.

Um, ter sido no Brasil a primeira excursão da Honda numa competição. Foi no Grande Prêmio IV Centenário de São Paulo, em Interlagos, 1954. Eu tinha somente 11 anos, de modo que não assisti a corrida. Mas amigos que a assistiram, como Jorge Lettry (1930-2008), me disseram foi uma apresentação ridícula, com uma tosca motocicleta que terminou a corrida lá atrás. A Honda existia há apenas seis anos. Hoje é o maior fabricante mundial de motocicletas e também de motores (carros, motos, de popa, turbinas de avião e força), com algo em torno de 25 milhões de unidades anuais.
O segundo, um japonês ter escrito, em 1945, uma carta para um compatriota que residia no Brasil, perguntando-lhe se não havia nada para ele fazer aqui, pois queria deixar o Japão arrasado, para o qual não via futuro. O amigo que aqui morava lhe disse para não fazer isso, para ficar e ajudar na reconstrução da pátria. O japonês acatou o conselho e ficou. Seu nome: Soichiro Honda.
O terceiro, quando da apresentação da pequena moto Honda Pop 100 há exatos dois anos, em que foi exibido um filme sobre o jato executivo HondaJet da própria Honda, e ao final aparece na tela a mensagem: "Sempre tivermos asas. Agora podemos voar". Para quem se lembra, o "H" da Honda nas motos possui uma asa, justificando o slogan "Asas da liberdade". É dispensável dizer que me emocionei.
O quarto, o câmbio automático Hondamatic do Civic e agora do Fit (não é mais CVT), fora o usado em outros modelos, que não é do tipo engrenagem epicicloidal, mas de ortodoxos pares de engrenagens cilíndricas helicoidais que, em vez de se ligarem às árvores por luvas sincrônicas, contam com pequenas embreagens eletroidráulicas em cada par. Quem vê um câmbio desses desmontado toma um susto, pois jura que é uma caixa manual normal. De certa maneira, é uma solução tão brilhante quanto a caixa manual robotizada de duas embreagens. Sim, tem conversor de torque, mas hoje o mecanismo de bloqueio do conversor (TCC, torque converter clutch) se popularizou. E conversores de torque duram mais do que qualquer embreagem a seco.
Finalmente, o notável sistema de controle dos tempos e levantamento das válvulas VTEC, sua patente, verdaderia obra-prima de engenhosidade misturada com alta engenharia. Ainda me lembro do Civic VTI cupê, um motor de 1.596 cm³ que entregava 160 cv a 8.000 rpm, mas que dava para uma vovó ir à reunião de chá com as amigas. Até 5.500 rpm era um pacato motor 1,6-litro, mas quando o ponteiro do conta-giros cruzava cinco-e-meio parecia que o carro tinha parado e um mecânico, colocado um comando diferente, de competição. Era empolgante.
Por isso, amigos, quando eu soube que a Honda havia decidido sair da F-1, uma grande tristeza se abateu sobre mim – e vai demorar muito para ir embora.

BS

4 comentários :

  1. muito bom o texto, honda fez história, só pra corrigir aí, o civic coupe no Brasil vinha com o b16a de 130cv. VTI aqui só saiu o hatch com o b16a de 160cv

    abraço.

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  2. Um grande construtor de motores realmente jamais deveria ficar de fora da categoria. Quanto aos sistemas de comando e/ou coletor variáveis, em certos momentos está havendo muito custo para pouco resultado. No Fit 1,35, por exemplo, houve apenas um empate em desempenho contra a solução arroz-com-feijão do 1,4 da GM.

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  3. Bob,

    Primeiros efeitos da crise.
    Por isso que falo para pararem de meter o pau nas 3 grandes americanas: elas são apenas as primeiras a sofrer com a crise.

    Porsche, Toyota e Mercedes, bastiões da lucratividade da indústria, tb estão sofrendo. Se o mercado não voltar a comprar como fazia, as coisas vão piorar...

    MAO

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  4. Eduardo, correto. Coupé no Brasil usava outro motor, que nada tinha em comum com o B16A do VTi. Nem diâmetro nem curso batiam....

    André, o Fit 1,35 não tinhe VTEC, na verdade, de diferente, só tinha a dupla alumagem (ignição), mas mais por motivos de emissões.

    Bill

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